Elevado a esporte olímpico e Rio sediando mundial: conheça o remo costal

Em abril, atletas da equipe brasileira, que representam clubes do Rio, conquistaram a primeira colocação na Copa América de Remo de Praia, em Lima, no Peru

Por nataliaboere
9 Maio 2025, 06h41
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Fernanda Nunes e Vangelys Reinke remam no Mundial 2023 em Barletta, na Itália (./Divulgação)
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Quando a Corte portuguesa se estabeleceu no Rio de Janeiro, em 1808, a cidade passou por um verdadeiro choque de civilidade. O Jardim Botânico, a Academia Militar e a Casa da Moeda são apenas alguns dos marcos que nasceram daquele período, impulsionados pelas decisões de Dom João VI, que, no mesmo ano, promulgou o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas. Diante da nova ordem, os britânicos trouxeram para os trópicos, em meados do século XIX, o turfe e o remo, que inicialmente era praticado nas nossas praias, e assim fundou-se em Botafogo, em 1851, o primeiro clube dedicado ao esporte aquático no Brasil, a Sociedade Recreio Marítimo. Contudo, a modalidade só ganharia mais notoriedade no final do século, na época em que o banho de mar, em trajes menores, passou a ser aceito pela sociedade. “As competições aconteciam na Enseada de Botafogo e na antiga Praia de Santa Luzia, hoje aterrada para dar lugar ao aeroporto Santos Dumont”, lembra Victor Melo, professor da UFRJ e especialista em história do esporte. O Flamengo, fundado em 1895, nasceu como clube de remo, adotando o futebol apenas no século XX, assim como Vasco e Botafogo.

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De lá para cá, muitas águas rolaram, e as remadas realizadas em lagos e rios tornaram-se as mais tradicionais e competitivas. Mas a inserção da sua versão praiana nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, somada à realização do campeonato mundial no Rio, especificamente na Praia do Flamengo, entre 23 e 26 de outubro, trouxe novamente as remadas no mar aos holofotes. E, se depender dos entusiastas, elas prometem continuar em ascensão. Em abril, a equipe brasileira, formada por representantes do Rio, conquistou a primeira colocação na Copa América de Remo de Praia, em Lima, no Peru. Fernanda Nunes, 40, do Vasco, e Vangelys Reinke, 34, do Flamengo, dividiram a medalha de ouro da categoria mista sênior com Emanuelle Motta, 36, e Pedro Henrique Ferreira, 25, ambos do Botafogo. “No remo costeiro, os barcos têm tanto homens quanto mulheres”, detalha Fernanda, que competiu na Rio 2016 na categoria skiff e migrou para o costal em 2022.

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Sonho olímpico: Thalita Rosa, Pedro Henrique Ferreira, Fernanda Nunes e Vangelys Reinke treinam na Praia do Flamengo de olho em Los Angeles (Daniela Dacorso/Veja Rio)

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O peso da embarcação também é distinto entre as modalidades. No clássico, o barco pesa 15 quilos, enquanto na praia tem o dobro de carga, para suportar o impacto das ondas. A prova na praia tem um quarto da distância – 500 metros -, além de outros 100 metros de corrida na areia. “O bom é que não há favoritos. O mar é imprevisível, tudo pode acontecer”, compara Thalita Rosa, atleta do Botafogo, medalhista de prata com seu quarteto na Copa América. Lucas Verthein, carioca e principal nome do esporte no país, terminou a Olimpíada de Tóquio, em 2021, em 12º lugar (o melhor resultado de um brasileiro na modalidade em quatro décadas) e em 15º em Paris, três anos depois, e não descarta se aventurar na versão marítima. “É uma oportunidade de competir em alto nível em uma nova vertente, o que atrai mais visibilidade e praticantes”, observa Lucas, que sonha em ver o esporte resgatar o prestígio da era pré-boom do futebol.

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Lucas Verthein, carioca e principal nome do remo no país, terminou a Olimpíada de Tóquio, em 2021, em 12º lugar (o melhor resultado de um brasileiro na modalidade em quatro décadas) e em 15º em Paris (./Divulgação)
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Apesar das raízes no Egito Antigo, o remo costeiro foi ter sua primeiro competição só na década de 1980, na França. Depois, Cannes sediou um Mundial em 2007 e, em 2015, ele foi inserido nos Jogos de Praia do Mediterrâneo, na Itália. No Brasil, o primeiro torneio foi disputado em novembro de 2020, em Búzios, por iniciativa do Flamengo. “Havia a expectativa de que participaríamos já da Olimpíada de Paris, mas, com a pandemia, tivemos que aguardar mais um ciclo”, conta o atleta rubro-negro Vangelys Reinke, ansioso por uma vaga na principal competição esportiva do mundo. A Confederação Brasileira de Remo (CBR) se organiza para inscrever o projeto Remar Brasil na Lei de Incentivo ao Esporte, com o objetivo de captar até 4 milhões de reais junto à iniciativa privada. “Do montante arrecadado, cerca de um terço será destinado ao remo costeiro”, promete Luiz Felipe Silva, presidente recém-eleito. A maré, definitivamente, está a favor dessa novidade.

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Esportes que entram nos Jogos de Los Angeles, em 2028 (Editoria de arte/Veja Rio)
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