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Escolas de samba apostam na especialização para produzir alegorias e adereços

Com o desenvolvimento de novas técnicas e a necessidade de aprimorar os acabamentos das alegorias, as escolas buscam contratar os profissionais mais especializados em diversas áreas

Por Agência Brasil
Atualizado em 2 jun 2017, 12h16 - Publicado em 26 jan 2016, 13h54

O quesito Alegorias e Adereços costuma chamar a atenção tanto do público quanto dos críticos de carnaval, por reunir notas dos jurados para os carros alegóricos, elementos cenográficos e complementos, apresentados pelas escolas no desenvolvimento dos enredos. Esse é o quesito que está mais diretamente relacionado ao trabalho do carnavalesco da agremiação. Com o desenvolvimento de novas técnicas e a necessidade de aprimorar os acabamentos das alegorias, as escolas buscam contratar os profissionais mais especializados em diversas áreas.

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A Imperatriz Leopoldinense, por exemplo, tem há quatro anos um escultor. Daniel Soave está na escola há dez anos, desde quando foi contratado como pintor. A mudança de função ocorreu dentro do barracão. “Eu fazia pintura de arte e me interessei em fazer as esculturas dos carros, tive oportunidade de ser chamado e estou aqui hoje [como escultor]”, contou.

 “O artista no Brasil tem poucas oportunidades para trabalhar com arte mesmo, esculturas e pintura. Essa é uma chance de mostrar o nosso trabalho, junto com os carnavalescos que também passam os serviços para a gente. Estou superfeliz de poder executar este trabalho”, completou Daniel.

O escultor explicou que, na maioria das vezes, as esculturas são realizadas em isopor, mas podem ser feitas em ferro ou com espuma. De acordo com o tipo de material, um escultor diferente executa o serviço. “Cada um tem uma especialização. Dependendo do que o carnavalesco quer, cada um fica com um carro”, disse. Depois de prontas no isopor, as esculturas recebem os acabamentos em pintura ou de revestimentos com outros tipos de materiais.

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Daniel consegue se manter com o que recebe nos meses em que está na escola. Para o carnaval deste ano, o trabalho no barracão começou em julho de 2015. No resto do ano, ele faz outros serviços. “[Em 2015], trabalhei com o artista plástico Damián Ortega. Fizemos uma exposição bem bacana e trabalhamos com isopor e fizemos reprodução de várias esculturas.”

E quem trabalha durante tanto tempo no barracão não perde a oportunidade de desfilar com a escola. “Eu costumo desfilar com a minha esposa. A gente não vai em cima do carro não. Vamos no chão. Gosto de ficar ali próximo da escultura que eu gosto mais. Todo ano tem [uma]”, acrescentou.

Daniel Soave - escultor na Imperatriz
Daniel Soave – escultor na Imperatriz ()

Enredo

Neste carnaval, a escultura que reproduz a dupla sertaneja Zezé de Camargo e Luciano, enredo da Imperatriz, está entre as favoritas. “Gostei muito de executar a escultura do Zezé e do Luciano. Tem também um anjo caipira que vai tocar uma viola. Foram as que mais gostei de fazer”, disse, com esperança de conquistar o campeonato. “A gente quer que seja campeã. Nosso objetivo é esse e acho que este ano está tudo muito bonito. As cores estão muito vivas”, acrescentou. Em 2015, a Imperatriz ficou em 6º lugar e com isso teve direito de participar do Desfile das Campeãs, no sábado seguinte ao carnaval.

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Mocidade

Na Mocidade Independente de Padre Miguel, escola da zona oeste do Rio, Alan Silva Duque é o diretor operacional e comanda a equipe de ferragem, que tem dez profissionais. Ele já trabalha na Mocidade há dez anos. “A ferragem é o início e o princípio de todo o carnaval. Tudo está baseado na ferragem, o suporte do peso, o cálculo estrutural. A ferragem acompanha tudo, até a fantasia, o eixo do carro, a estrutura total. A ferragem é muito importante e, às vezes, não é vista, porque a decoração esconde”, explicou.

Alan adiantou que no caso da Mocidade, como o carnavalesco Alexandre Louzada gosta muito de ferragem aparente, o trabalho do ferreiro fica mais evidente. “O nosso abre-alas tem bastante ferro à mostra e, então, se consegue visualizar bem o trabalho do ferreiro.”

Para ele, as exigências do serviço exigiram a especialização profissional. “Todos voltaram a estudar e as caraterísticas de montagem mudaram. Eu mesmo sou técnico em construção naval, até para poder fazer o cálculo de dimensão do carro. A tendência é só aumentar. As alegorias nunca mais foram como antigamente.”

Os carros que tinham 12 metros de comprimento, segundo ele, atualmente, chegam até a 30 metros. Alan destacou, que por isso, é necessário também que as equipes de ferragem e de mecânica atuem juntas para garantir a movimentação perfeita das alegorias.

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Com a crise financeira, para o carnaval de 2016, o trabalho dele no barracão começou cedo para tentar aproveitar o material e reduzir os custos. Segundo Alan, foi possível fazer uma economia de 20% nos gastos com ferro. “Acho que a média é R$ 400 mil que se gasta. A gente conseguiu salvar boa parte da ferragem”, contou, ao acrescentar que duas das alegorias que vão para a avenida usaram o material aproveitado. “Estou confiante de que a gente vem para brigar nas cabeças. Vai impressionar quando os carros entrarem e apontarem na reta.”

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