Emilio Kalil
Com uma programação vibrante, ele evitou que a imensa Cidade das Artes se transformasse em um elefante branco
Quando foi oficialmente aberta ao público, em maio de 2013, a Cidade das Artes era um projeto faraônico cercado de desconfiança por todos os lados. Uma enorme parcela dos potenciais espectadores considerava o lugar muito distante e pouquíssima gente acreditava que aquele gigante de concreto poderia vingar como centro cultural. Um dos poucos otimistas era o gaúcho Emilio Kalil, 63 anos. Vindo de uma bem-sucedida temporada na Secretaria Municipal de Cultura, ainda no primeiro mandato do prefeito Eduardo Paes, ele assumiria a gestão da casa. Após um período inicial tímido, a Cidade das Artes confirmou sua vocação, graças a um leque de atrações dignas de aplauso. “Mostramos que, quando há qualidade, questões como distância e tráfego não são empecilho”, diz Kalil.
Uma breve seleção dos espetáculos que passaram pela Cidade das Artes neste ano impressiona. A mais recente foi a renomada companhia do Shakespeare’s Globe, de Londres, que fez duas sessões de Hamlet, uma das mais importantes peças do bardo. Também estiveram por lá o diretor Bob Wilson, lenda viva do teatro, com a peça The Old Woman, estrelada por Willem Dafoe e Mikhail Baryshnikov, o reputado grupo belga de dança Rosas e a Orquestra Sinfônica Brasileira, com alguns dos maiores solistas da atualidade. Soma-se ainda o musical Os Saltimbancos Trapalhões, que lotou ininterruptamente os 1 250 lugares da Grande Sala durante toda a temporada. Resultado: em agosto, o público de 2014 já havia superado os 232 000 espectadores do ano passado. Para tanto, Kalil se vale da experiência acumulada em passagens, como produtor, pelo Grupo Corpo e, como gestor, pelo Theatro Municipal de São Paulo e pelo do Rio. Agora, seu desafio é consolidar ainda mais a programação e, driblando o orçamento apertado, investir na infraestrutura, com a inauguração de um restaurante, um café e três cinemas. Vem mais coisa boa por aí.