Documentário mostra o Rio dos anos 70
Filme lançado no Festival de Cinema Brasileiro de Paris retrata as loucuras dos anos 70 com depoimentos de Gloria Pires, Regina Casé, Ney Matogrosso e muito mais
Entre 1970 e 1980 o Rio ferveu. Embalados pelo hit Dancin Days, cariocas apinhavam-se no Teatro Tereza Rachel, hoje Net Rio, em Copacabana, para assistir às Frenéticas, enquanto os mais liberais ficavam boquiabertos com as peças do grupo Dzi Croquettes, em que homens travestiam-se de mulher para atuar e cantar. Na Praia de Ipanema, torravam ao sol nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa, enquanto a fumaça da maconha espalhava o barato pelas dunas do bairro. O Rio tornou-se uma meca para quem queria apenas se divertir.
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Tudo isso sob uma ditadura militar que tentava, a todo custo, proibir a liberdade de expressão. O panorama eufórico que a cidade viveu há 40 anos é tema do documentário Rio Anos 70, dirigido por Maurício Branco e Patrícia Faloppa, lançado nesta sexta (18), no 14° Festival de Cinema de Paris, e que deve ser ter sua première por aqui durante o Festival do Rio, em setembro. “O Rio deu seu grito de liberdade”, diz Branco.
São cerca de 60 depoimentos de cariocas ilustres, de nascimento ou adoção, que viveram intensamente naqueles loucos tempos. Em trecho de 4 minutos divulgado no YouTube, Regina Casé lembra com saudade. “Você podia andar tranquilamente do Leblon a Copacabana. O maior perigo era a polícia”, brinca ela. Rainhas das pistas, as integrantes das Frenéticas também relembram a era disco e o começo do grupo. No final de 1976, elas se apresentavam na boate de Nelson Motta, no Shopping da Gávea, e adaptaram o dançante ritmo americano para a irreverência tupiniquim.
Dois anos depois, quando gravaram Dancin Days, música tema da novela de mesmo nome, a febre disco fez lotar discotecas na Zona Sul, entre elas o Régine’s, no antigo Hotel Meridién, em Copacabana, e a Hippopotamus, na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. “Quero mostrar que a cidade virou uma festa. Não sou saudosista, mas existia muito mais irreverência, o clima era de total descontração”, diz Branco.
Naqueles anos pré-AIDS, a liberação de costumes passava também pelo consumo de drogas. Usava-se maconha e o esquecido mandrix, um forte indutor de sono hoje fora de circulação. “Se alguém mandasse tirar a roupa, você tirava. O mandrix deixava você na mão dos outros”, lembra Ney Matogrosso. O consumo de substâncias ilícitas também rende uma das melhores sequências do filme. Como efeito colateral das viagens químicas, vários entrevistados sofrem com brancos ao relembrar histórias. “É uma consequência direta de todas as loucuras que se fazia”, diz Nelsinho Motta. Com as imagens raríssimas resgatadas pelo documentário, vai ser difícil se esquecer daqueles tempos de festa.

(Redação Veja rio)

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