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Presente de Natal

Após cinco meses de luta, o menino Pedro, de um ano e cinco meses, conseguiu um doador compatível e terá a chance de se curar do câncer de medula. Saiba como você também pode se tornar um e doar vida a outras pessoas

Por Louise Peres
Atualizado em 5 jun 2017, 14h43 - Publicado em 22 dez 2011, 18h53

Na tarde deste sábado (24), Júlia, seu marido, Vando, e o filhinho do casal, Pedro, de um ano e cinco meses, estarão a caminho de casa para celebrar, juntos, a noite de Natal, assim como muitas outras famílias o farão. A diferença é que, para eles, esta reunião acontece após o fim de mais um ciclo de quimioterapia a que Pedrinho se submete desde que foi diagnosticado com leucemia linfoide aguda, há cinco meses. Nesta quarta (21), porém, Papai Noel passou mais cedo e trouxe uma notícia ainda melhor do que a alta após muitas injeções de medicamentos e seis dias de internação. Pedrinho ganhará uma medula novinha em folha. ?É praticamente a mesma sensação que senti quando ouvi a Júlia dizer que estava grávida?, comemora Vando Ribeiro, pai do menino. Graças a um cidadão comum, que decidiu se cadastrar na Rede Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), Pedrinho terá chances de viver uma nova vida. Para ele, o transplante era a única chance de se curar da leucemia, o tipo de câncer que mais atinge crianças e adolescentes no país, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos), que tem como principal característica o acúmulo de células jovens anormais na medula óssea, local onde são formadas as células sanguíneas. O acúmulo dessas células anormais na medula óssea prejudica ou impede a produção das hemácias (causando anemia), dos leucócitos (causando infecções) e das plaquetas (causando hemorragias). Para crianças pequenas como Pedrinho, a doença representa um risco ainda maior, e o tratamento com remédios não é suficiente para eliminar o câncer. A medula compatível chega em um momento providencial. Em janeiro, Pedro termina o último dos seis ciclos de quimioterapia, iniciados em junho no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, da UFRJ, assim que a doença foi diagnosticada. ?No caso dele, o ideal era que conseguíssemos um doador até março, porque as chances de cura aumentam quando o transplante é feito logo após o fim do tratamento?, explica Júlia Ribeiro, mãe de Pedrinho.

Júlia reconhece a sorte do filho. Hoje, no Brasil, a probabilidade de encontrar um doador compatível é de uma pessoa para cada 100 000 cadastradas no REDOME. Por mês, no Inca, são realizados 9 transplantes de medula ? apenas dois deles vindos de doadores não aparentados. Diante dessas estatísticas e da notícia de que não eram compatíveis com seu único filho, o casal decidiu criar, em setembro, um blog, onde Júlia relata o dia a dia do tratamento de Pedro. ?Contar sobre a nossa luta é levar informação às pessoas. Queremos sensibilizá-las, porque parece que ninguém mais se importa com os outros?, desabafa ela, que encontrou no espaço virtual um meio de aliviar a pressão de ver o filho passar por um tratamento tão complicado. ?A maioria dos posts eu fiz nos momentos mais difíceis, de madrugada, com o Pedro no hospital?, conta.

Também através do blog eles buscaram apoio para realizar campanhas de doação de medula. Em cinco eventos organizados, levaram ao Inca mais de 500 pessoas dispostas a se tornarem doadoras. ?É uma frase que parece feita, mas é a única maneira de expressar a realidade. Você vai doar um pouco da sua medula, mas estará doando vida?, afirma Júlia. Hoje, no Brasil, mais de 2,5 milhões de pessoas estão cadastradas na Rede Nacional de Doadores de Medula. Cerca de mil pessoas portadoras não só de leucemia, mas também de outras doenças do sangue, como linfomas e doença de Hodgkin, aguardam por um transplante. As campanhas, tanto particulares quanto as realizadas pelos hemocentros, órgãos responsáveis pelas coletas de amostras de sangue dos doadores, são fundamentais para que as chances dessas pessoas aumentem. ?Peço que as pessoas por um momento pensem no outro, em quem está precisando?, solidariza-se a mãe de Pedrinho.

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Muita gente aguarda o mesmo presente que Pedrinho ganhou neste Natal, e ser doador é bem mais simples do que parece. E você, também quer mudar a vida de alguém?

Para ser doador de medula óssea

– É preciso ter entre 18 e 55 anos de idade e gozar de boa saúde.

– Vá ao hemocentro ou hemonúcleo autorizado mais próximo de sua casa e cadastre-se. O cadastro consiste no preenchimento de uma ficha de identificação e na coleta de uma simples amostra de sangue (5 ml, como a que coletamos para um exame de sangue comum).

– O sangue coletado passa pela tipagem de HLA. Nesse exame, as características genéticas importantes para a seleção de um doador são mapeadas.

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– Seus dados e sua tipagem são inseridos no cadastro do REDOME e, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada.

– Uma vez confirmada a compatibilidade, você será chamado e consultado para decidir a doação. Seu atual estado de saúde será avaliado.

– O transplante de medula óssea é um procedimento seguro, realizado em ambiente cirúrgico, feito sob anestesia geral ou peridural, e requer internação de, no mínimo, 24 horas. São realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia, quando é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 15%. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde.

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– Os doadores voltam às suas atividades habituais após a primeira semana.

No Rio, você pode se cadastrar em dois hemocentros:

Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti – HEMORIO

Rua Frei Caneca, 8 ? Centro, CEP: 20.211-030

Tel. (21) 2509-1290

Instituto Nacional de Câncer – INCA

Praça da Cruz Vermelha, 23 ? 2º andar ? Centro, CEP: 20.230-130

Telefone: (21) 2506-6580

Para ver a lista de hemocentros em outros estados, clique aqui

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