Dez obras imperdíveis na inauguração da Casa Daros
Neste sábado (23), o mais novo espaço de arte da cidade abre as portas com obras de artistas colombianos e brasileiros em duas exposições
Neste sábado (23), abre as portas, em Botafogo, o mais novo espaço de arte da cidade. A Casa Daros, filial da renomada instituição suíça especializada em arte latino-americana, é inaugurada com a exposição Cantos Cuentos Colombianos, que tem como tema a arte colombiana contemporânea. Com curadoria do alemão Hans-Michael Herzog, a mostra reúne 75 trabalhos emblemáticos de dez renomados artistas nascidos na Colômbia. Entre as obras, estão instalações, vídeos, fotografias, objetos, performances e obras acústicas.
Além da exposição principal, haverá também a mostra paralela Para (saber) escutar, com curadoria de Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da instituição, que apresenta um recorte das atividades e programas experimentados desde 2007 pela Casa Daros, enquanto o edifício estava sendo restaurado. Na exposição estão obras de artistas brasileiros, como Ernesto Neto, Lenora de Barros e Vik Muniz.
A Casa Daros também oferece outros atrativos ao público, que vão além das exposições. Ocupando um casarão neoclássico do século XIX, em um terreno de mais de doze mil metros quadrados, ela pretende ser um espaço de arte, educação e comunicação na cidade. O Mira!, café-restaurante do centro cultural, por exemplo, foi planejado com o intuito de ser mais um espaço de convivência. Comandado pelo trio formado pela chef Roberta Ciasca, Danni Camilo e Steph Quinquis, donos dos restaurantes Miam Miam e Oui Oui, ele oferecerá almoços e happy hours com cardápio diversificado. O espaço conta ainda com uma loja e uma biblioteca com mais e cinco mil títulos, dedicada à arte contemporânea latino-americana , que disponibilizará ao público livros de arte, periódicos e material educativo de exposições.
VEJA RIO preprarou um seleção com dez obras imperdíveis das mostras que marcam a abertura da Casa Daros:
– Caixão de Lego
A obra de Fernando Arias, produzida no ano 2000, é um caixão feito de milhares de peças de Lego. O artista trabalha com os conceitos contrastantes de infância, brincadeiras, tráfico de drogas e morte para fazer uma homenagem às crianças mortas na guerra do narcotráfico colombiano. O caixão leva as cores da bandeira do país.
– Musa paradisíaca
A instalação audiovisual do artista José Alejandro Restrepo é uma representação dos países tropicais. Cada um dos 25 cachos de banana pendurados ao teto possui, na parte inferior, um espelho que reflete imagens em vídeo de atrocidades cometidas nos bananais da América do Sul. A obra é de 1996.
– David
Inspirado na escultura David, de Michelangelo, o artista Miguel Ángel Rojas produziu, em 2005, uma série de seis fotografias em tamanho real que mostram um jovem vítima da guerra colombiana com a mesma posição do herói bíblico. Em um primeiro momento, o espectador pode não perceber que o modelo de Miguel Ángel não possui uma das pernas.
– Releirura de arte pré-colombiana
A artista Nadín Ospina inspirou-se nas raras obras de arte pré-colombianas produzidas pelos povos nativos do continente antes do descobrimento da América para desenvolver uma série de peças que fazem uma releitura pop das famosas esculturas. No trabalho, realizado entre os anos 2000 e 2004, a artista produziu vasos de cerâmica e esculturas em pedra e fundição por cera perdida, ouro e prata, com os rostos de personagens da cultura pop, como Mickey Mouse e Bart Simpson.
– Respiração (Aliento)
A obra de Oscar Muñoz é composta por oito espelhos ovais pregados à parede. Ao aproximar-se e expelir ar quente com a boca, o espectador percebe a aparição de imagens de desaparecidos de guerra, que se tornam visíveis a partir da condensação do ar ao entrar em contato com a superfície do espelho.
– Re/trato
Nesta obra de 2003, Oscar Muñoz mostra a tentativa incansável de produção de um retrato em uma superfície de cimento. No vídeo, que tem cerca de trinta minutos de duração, o artista tenta desenhar o rosto de um homem utilizando água, ao invés de tinta. Com a alta temperatura do chão de cimento devido ao sol, quando o artista chega ao fim do retrato, as partes desenhadas no início já evaporaram, fazendo da produção do desenho um processo interminável. Neste trabalho, Oscar remete à perda da memória.
– Biografías #2, #3, #6
Desenvolvida em 2002, esta obra também faz parte da série em que Oscar Muñoz retrata os desaparecidos colombianos. Na instalação, os rostos de três pessoas são projetados no chão de uma sala em retângulos de 1,25m de altura por 1,35m de largura. As imagens são lentamente distorcidas e é como se os rostos fossem levados pela água e desaparecessem pelo ralo abaixo.
– Nossa Senhora das Graças
O artista brasileiro Vik Muniz está presente na exposição Para (saber) escutar com uma obra inédita da série Pictures of junk (Imagens de sucata). A convite da Casa Daros, o artista desenvolveu, em 2008, o trabalho Nossa Senhora das Graças, uma fotografia de 2,36m x 1,80m que retrata a imagem da santa que está na fachada do espaço. A instalação que originou a fotografia foi construída com os escombros da obra de restauro do edifício da Casa Daros e contou com a participação de funcionários e operários.
– Para que servem as paredes do museu?
O trabalho faz parte do primeiro projeto de residência de pesquisa e criação da Casa Daros, realizado entre 2011 e 2013 pela artista Iole de Freitas. Na instalação, ela utiliza policarbonato e tubos flexíveis de alumínio para montar uma estrutura de cem metros quadrados, com quatro metros de altura, inspirada nos movimentos do mar.
– E a voz tem sombra? , Y la voz tiene sombra?
A videoperformance de Teresa Serrano, do México, e Lenora de Barros, do Brasil, foi criada em julho de 2011, de improviso, no Real Gabinete Português de Leitura, durante o Programa Meridianos, em que a Casa Daros promoveu cinco conversas públicas com duplas de artistas representados na Coleção Daros Latinamerica.
Casa Daros: Rua General Severiano, 159, Botafogo. Tel. 2275-0246. casadaros.net
Abertura em 23 de março de 2013, às 12h.
De quarta a sábado, das 12h às 20h. Domingo, das 12h às 18h.
Até o dia 14 de abril, entrada será gratuita. Depois, ingressos a R$12. Idosos e estudantes com mais de 12 anos pagam meia-entrada. Às quartas-feiras a entrada é gratuita.