Dez curiosidades sobre o Theatro Municipal
Edifício símbolo do luxo durante a Primeira República completa 102 anos nesta quinta (14)
1 – Inaugurado em 1909 pelo prefeito Pereira Passos, o Theatro Municipal custou 2% do orçamento da União. Se fosse feito o mesmo gasto nos dias de hoje, a cifra seria astronômica: R$ 15,3 bilhões. Na época, era o mais luxuoso e alto edifício carioca.
2 – Durante a festa de inauguração, os 1700 convidados ficaram tão deslumbrados com o luxo da arquitetura, inspirada na Ópera de Paris, que mal prestaram atenção no discurso enfadonho feito pelo poeta Olavo Bilac.
3 – Dentro do Municipal, o dramaturgo Nelson Rodrigues foi do céu ao inferno. Ao estrear a peça Vestido de Noiva, em 1943, foi ovacionado pela plateia. O mesmo não aconteceu catorze anos depois. Também de sua autoria, Perdoa-me por me Traíres foi espinafrada pelo público. E Nelson, que escolheu a peça para atuar pela primeira vez, nunca mais subiu ao palco.
4 – As vaias não atingiram apenas o polêmico Nelson Rodrigues. Em 1951, a diva Maria Callas foi mal recebida durante uma récita da ópera Tosca, de Giacomo Puccini. Callas acabou substituída pela arquirrival Renata Tebaldi. Furiosa, ela atirou um tinteiro contra a cabeça do então diretor do teatro, Barreto Pinto.
5 – Em 1991, quando passava por um período de penúria, recebeu a visita da princesa Diana. O lugar em que ela ia se sentar, no balcão nobre, ficava bem embaixo de uma goteira. Para evitar um vexame, os funcionários improvisaram dezenas de guarda-chuvas abertos entre o telhado e o forro da plateia.
6 – Em 2003, outra polêmica. O diretor teatral Gerald Thomas abaixou as calças e mostrou as nádegas para o público. O dramaturgo se irritou com a reação à sua montagem para o espetáculo Tristão e Isolda, de Wagner.
7 – Foram feitas três obras de conservação no Theatro: nos anos 30, 70 e 80. Mas nenhuma foi tão abrangente quanto a de 2010. Em dois anos e meio de intervenção, foram investidos 70 milhões de reais. Na revitalização trabalharam 250 operários e 70 técnicos. Durante o processo de restauro, descobriu-se uma tela do pintor ítalo-brasileiro Eliseu Visconti (1866-1944) por trás de uma parede. Ela ficou escondida ali por oitenta anos.
8 – Símbolo de sua imponência, a águia de seis metros de envergadura e três de comprimento voltou a ser dourada. A peça, esculpida em cobre, foi coberta por nada menos que 8 000 folhas de ouro. O telhado também voltou a reluzir como há cem anos. Lá, foram gastas 80 mil folhas de ouro de 23 quilates importadas da Alemanha.
9 – Apesar da fachada de 102 anos, o Municipal tem seu lado moderno. Recursos de computador instalados por uma empresa austríaca reduzem o risco de desafinação e os ruídos provocados por movimentação de instrumentos.
10 – Nem só de espetáculos clássicos é feita sua programação. Pelo palco já passaram do guru indiano Sri Sri Ravi Shankar (2008) a João Gilberto. O cantor de “Chega de saudade” não fazia shows há 14 anos e comemorou ali os 50 anos da Bossa Nova, em 2008. Mais recentemente, o suntuoso prédio recebeu o discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (2011) e, no início de julho, o roqueiro tremendão Erasmo Carlos celebrou seus 50 anos de carreira.
Para celebrar a data, o Municipal tem hoje um dia inteiro de programação gratuita. Confira aqui.

(Redação Veja rio)

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