Fim de uma era: Imprensa Que Eu Gamo e Suvaco do Cristo param de desfilar
Outros cortejos tradicionais da cidade, como o Escravos da Mauá e o Bloco de Segunda também pararam de desfilar nos últimos anos: é o fim de uma era

Depois do Imprensa Que Eu Gamo, outro bloco tradicional do Rio irá parar de desfilar: o Suvaco do Cristo. O cordão do Jardim Botânico divulgou que 2026 será o último ano em que sairá nas ruas. Já o bloco de jornalistas, que tinha Laranjeiras como lugar de seus desfiles, terá seu último cortejo em 2025.
Depois da pandemia da Covid-19, outros blocos longevos também se aposentaram. Em 2022, foi o Escravos da Mauá, da Zona Portuária, que se despediu da folia. Já o Bloco de Segunda, do Humaitá, saiu pela última vez em 2023.
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O Suvaco foi fundado em 1985. Seu nome foi inspirado em Tom Jobim, que dizia morar “no sovaco do Cristo”, em referência à vista que se tem da estátua do Cristo Redentor de quem está no bairro do Jardim Botânico. Em 2024, o desfile do bloco reuniu cerca de 20 000 pessoas.
Em comum aos grupos que se despediram da festa de Momo nos últimos anos, está o fato de que todos tinham um formato que era muito comum na época em que surgiram, com carros de som e samba-enredo próprio. Hoje, no Centro e na Zona Sul, predominam as fanfarras, bandas que combinam sopros e percussão, em geral com repertório de versões carnavalescas de composições de diversos gêneros musicais.
“É um Carnaval mais livre, não burocrático, que serpenteia as ruas da cidade como faz o Cordão do Boitatá desde a sua fundação. Ou o Céu Na Terra, outro veterano que abriu portas para Orquestra Voadora, Boi Tolo e outros mais”, comentou recentemente a jornalista Rita Fernandes, presidente da associação de blocos Sebastiana e uma das fundadoras do Imprensa, em sua coluna em VEJA RIO.
“O Carnaval é um movimento orgânico, como toda a vida social. Não haveria como permanecer engessado nos mesmos formatos. Basta analisar quantos tipos de Carnaval já tivemos desde que essa cidade se formou. Entrudos, cordões, ranchos, sociedades carnavalescas, escolas de samba, blocos, fanfarras”, analisa Rita.
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A mudança de interesse dos foliões também faz com que os fundadores desses grupos não tenham herdeiros interessados em tocá-los, já que o público mais jovem tem mais afinidade com esse formato mais fluido de curtir o Carnaval.
O inflacionamento dos custos nos últimos anos e o aumento da burocracia são outros motivos que contribuem para o fim de blocos no formato. “Deixou de ser brincadeira, de ser alegria, para ser chateação. E chateação cara, ainda por cima, com preços astronômicos de fornecedores nessa bolha que se formou depois que a pandemia terminou”, argumenta a jornalista.
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É o fim de uma era no Carnaval carioca. Mas, felizmente, outra era já está em curso. A festa na rua não acaba: se renova.