Deise Gravina capacita mulheres para o trabalho na construção civil
Engenheira civil é a criadora do projeto Mão na Massa
Formada em engenharia civil, a carioca Deise Gravina, de 58 anos, sempre pôs sua profissão a serviço de causas sociais, reservando parte de seu tempo para realizar, gratuitamente, reformas em instituições como asilos e orfanatos. Foi assim que, em 1989, ela conheceu o Abrigo Maria Imaculada, que atualmente acolhe 515 crianças, no bairro do Rocha, na Zona Norte do Rio. Como de costume, Deise chegou ao local para ajudar com obras estruturais, mas acabou por se engajar em projetos da casa. Um deles, criado em 2007 pela própria engenheira, é o Mão na Massa, cujo objetivo é atender as mulheres de comunidades vizinhas. Na época em que pretendia tirar a ideia do papel, Deise fez uma pesquisa com 216 moradoras da favela do Rato Molhado e constatou que 78% delas tinham interesse em realizar ou já realizavam pequenos serviços de construção civil. “Sempre tive vontade de colocá-las para trabalhar nessa área, que carecia da presença feminina”, recorda.
“Essas mulheres chegam às obras preparadas e não sofrem preconceito de nenhum homem”
Os cursos profissionalizantes gratuitos oferecidos pelo projeto começam pela teoria em sala de aula, onde, além de fundamentos de construção civil, são ensinados conceitos de português, matemática e até direitos das mulheres. Depois disso, as alunas passam por uma espécie de canteiro-escola e, por fim, vão a obras de verdade, acompanhadas de engenheiros, arquitetos e técnicos de edificações, para um estágio. “Nessa última fase, elas realizam reparos gratuitos em outras instituições sociais para devolver à sociedade o que foi investido em sua formação”, explica Deise. As participantes também podem ser posteriormente encaminhadas para um trabalho graças a um banco de empregos mantido pela iniciativa. Desde a criação da primeira turma, o Mão na Massa já formou mais de 1 000 mulheres e tem conseguido mudar o pensamento segundo o qual existem trabalhos voltados exclusivamente para cada gênero. “Nosso projeto foi pioneiro no país, e tivemos uma mudança de paradigma muito rápida. Essas mulheres chegam às obras preparadas e não sofrem preconceito de nenhum homem”, garante Deise.
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