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Confira entrevista com criadores da página Zona Sul é o meu País

Viral da semana na internet foi criado por 9 adolescentes que decidiram usar as férias para alertar os internautas sobre o perigo das fake news

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 19 jan 2018, 13h24 - Publicado em 19 jan 2018, 13h22
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(Reprodução/Facebook)

Era tudo mentira, mas muita gente achou que era verdade. Criada no Facebook no último domingo (14), a página Zona Sul é o meu País publicou nesta quinta (18) um comunicado informando que o suposto movimento que pretendia separar a parte mais rica do Rio do resto do Brasil não passava de uma brincadeira. Por trás da piada, estão 9 adolescentes com idades entre 18 e 20 anos que decidiram usar as férias para alertar os internautas sobre o perigo das fake news. São eles: Bernardo Faria, Fernando López Rangel, Gabriel Oliveira, Gabriel Vieira, Pedro Alberto Cavalcante, Tarik Dias, Thiago Süssekind, Tomás de Assis Dacosta e Vinicius Aguiar. Após 1 ano de conversas, eles se inspiraram em grupos como os terraplanistas para criar o perfil, que reuniu mais 800 seguidores em menos de 6 dias. Em entrevista à Veja Rio, eles comentaram o choque com a repercussão e a lição deixada pelo episódio: “É preciso ter muito cuidado para não cair na armadilha do extremismo”.

Confira abaixo a entrevista com os criadores da página:

Quem são, o que fazem e em que bairro vivem os criadores da página Zona Sul é o meu País?
Nós todos somos estudantes, amigos dos tempos de ensino médio, recém-chegados à universidade. Há, entre nós, alunos de Direito, Design, Engenharia de Produção, Administração, Psicologia, Ciências Sociais e um de Medicina. Todos nós moramos na Zona Sul (apesar de nem todos nós termos nascido nela) e é por isso que sabíamos estar reproduzindo o perfil de um cidadão que verdadeiramente existe por aqui.

‎Como e por quê surgiu a ideia de criar a página?
A ideia da página surgiu da vontade de parodiar o movimento separatista do Sul, no início de 2017. A vontade era de expor o preconceito existente entre muitos habitantes da Zona Sul do Rio de Janeiro através do humor, da sátira. E o modelo de como fazer isso – bastante inspirado nos terraplanistas -, foi sendo construído ao longo de um ano de conversas, que finalmente se concretizaram em ação este ano.

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‎Quais foram os comentários e interações mais interessantes registrados na página? Algo em especial chamou a atenção de vocês? Houve alguma situação inusitada?
Várias situações inusitadas aconteceram, em especial a criação de conteúdo inspirado no nosso. Fizeram montagem com a nossa “bandeira”, uma página chamada “Lapa é o meu País” etc. No entanto, o que mais nos impressionou foi a quantidade não desprezível de gente que comprou a ideia.

Para vocês, o que há de mais problemático na ideia de transformar a zona sul em país?
Tudo. Só a ideia de dividir ainda mais o País está errada. O momento pelo qual nós estamos passando exige união.

Na opinião de vocês, quais as principais lições que esse episódio deixa para nossa sociedade?
O cuidado que deve ser tomado nas redes sociais, para que as pessoas não se enganem com notícias e conteúdos falsos. Nesse ano, de eleições, sabemos que as “fake news” vão se proliferar como nunca antes na história nacional. A mudança precisa partir de dentro da pessoa, e nós achamos que a página ofereceu muito bem essa lição. Mais do que isso, que o discurso de ódio está escondido em muito mais gente do que se costuma pensar. Basta alguém que apareça como “líder” para muitos soltarem o que existe de pior dentro de si, como um rebanho. É preciso ter muito cuidado para não cair na armadilha do extremismo, e a nossa revelação – com a subsequente fala de que não havia argumentos lógicos para sustentar o que dizíamos – deixa o ensinamento.

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