Concurso de artes carnavalescas da CasaBloco recebe 300 trabalhos
Escritores, fotógrafos e artistas de todo o Brasil escreveram histórias e criaram imagens tendo a folia como inspiração; vencedores ganharam R$ 1 mil

A magia do Carnaval de rua retratada em textos e imagens. Essa foi a provocação do 1º Concurso Petrobras Casabloco de Artes Carnavalescas, uma parceria do festival CasaBloco com a revista Philos. Em sua sexta edição, o evento idealizado e dirigido pela produtora Rita Fernandes, convocou escritores, fotógrafos e artistas de todo o Brasil a escreverem histórias e criarem imagens tendo o calor da folia como ponto de partida para seus trabalhos. O potiguar Igor Medeiros de Jesus venceu na categoria Texto, com o conto “Cão”, e a baiana Hanna Gomes do Nascimento foi a ganhadora entre fotos e artes, com “Folia”. Os vencedores receberão um prêmio de R$ 1.000. Os 20 semifinalistas integrarão uma edição digital da revista Philos dedicada ao concurso.
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O resultado surpreendeu! Ao todo, 309 pessoas de todos os estados brasileiros participaram do concurso, com 109 poemas, 102 contos e crônicas, 44 fotos e 54 ilustrações. Do total de inscritos, 30,4% foram do Rio de Janeiro, 24,6% de São Paulo, 10,7% de Minas Gerais, 3,9% de Pernambuco e 3,6% da Bahia. Mais de 59% das pessoas que apresentaram trabalhos são mulheres.
“Como prevíamos, o Carnaval rende! A ideia é ampliar cada vez mais a participação de linguagens como Literatura e Artes Visuais na CasaBloco e apostar em novas possibilidades de se pensar o Carnaval de rua”, conta Rita. Durante um mês, o júri formado por escritores, jornalistas e fotógrafos se debruçou sobre os textos e as imagens. Foram histórias carregadas de sensualidade, encontros, desamores e recomeços, além de fotos e ilustrações com instantes eternizados pela folia, liberdade e sensualidade da festa de Momo. Os jornalistas e escritores Leonardo Bruno, Lule Veras, Luna Vetrolira e Marcela Esteves integraram o júri de texto. Os jurados de imagem foram o carnavalesco Leandro Vieira, o apresentador Milton Cunha, os fotógrafos Fessal e Marcia Foletto, a artista Vitória Vatroi e a gestora cultural Nilcemar Nogueira.
Igor Medeiros de Jesus é um estreante em concursos. Ele comemora a iniciativa de produzir um concurso que exalte o carnaval, em sua diversidade de cores, amores e territórios, e diz sentir-se extasiado por poder fazer parte dessa história. “No fim do ano passado, decidi reavivar o sonho antigo de me tornar escritor. Tinha o objetivo de transmitir, na história, a particularidade do carnaval popular natalense representando o tradicional Bloco Os Cão e a praia da Redinha, que produziram em mim tantas memórias – especialmente na infância. Ao mesmo tempo, com o tom apocalíptico do texto, busquei transmitir a noção do carnaval como movimento de resistência — prática exuística na produção de uma desordem transformadora —, constantemente em risco. A folia é, historicamente, uma afronta aos ímpetos coloniais que permanecem ativos, vigentes e ansiosos para domesticar os corpos carnavalescos, livres”, defende Igor.
“Sendo uma boa baiana, o Carnaval é uma das minhas festas de rua preferidas! Quando soube do concurso, além da ansiedade para viver o Carnaval, minha cabeça fervilhou de ideias. Essa é uma festa que se manifesta de diferentes formas pelo Brasil, e por isso ilustrei famosos personagens do Carnaval brasileiro: no Recife, a La Ursa, e na Bahia, o mascarado de Maragogipe. Apesar das diferenças, a alegria de curtir com os amigos, conhecer gente nova e dançar como se não houvesse amanhã é algo que se perpetua em todos os estados. Foi exatamente isso que quis transmitir com a ilustração”, conta Hanna.
“A primeira edição do nosso concurso foi incrível! Uma iniciativa que envolveu artistas, escritores, poetas, cronistas, fotógrafos e ilustradores de todo o país que falaram do nosso carnaval multicultural. Recebemos trabalhos muito potentes, que trouxeram inúmeras reflexões e destacaram os aspectos sociais, culturais e políticos do carnaval. Esse concurso foi realmente um importante passo para o entendimento da diversidade do nosso carnaval, das pessoas e da festa. Um sucesso!”, afirma Jorge Pereira, editor-chefe da revista Philos.