Cientistas e acadêmicos fazem abaixo-assinado contra mudanças na Faperj
Comunidade científica apela ao governador para evitar que fundação de pesquisa do Rio passe a ser dirigida por político do PL
Responsável por apoiar cerca de nove mil pesquisadores e dona de um orçamento de R$ 627 milhões para este ano, o futuro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) vem preocupando cientistas e acadêmicos. Rumores dão conta de que seu presidente – o médico, doutor em biofísica e pesquisador titular da UFRJ Jerson Lima Silva – será exonerado, para que o cargo seja ocupado por um político do PL, partido do governador Cláudio Castro. Lima e Silva teria sido chamado ao gabinete do secretário de Ciência e Tecnologia, Anderson Moraes (PL), que o informou sobre a decisão. Para o seu lugar, está sendo indicado o ex-secretário de Educação e ex-deputado federal Alexandre Valle, candidato não eleito à prefeitura de Itaguaí.
+ Três pessoas morrem em tiroteio na Avenida Brasil e Rio entra em estágio 2
Além de organizar um abraço ao prédio da instituição, no Centro do Rio, nesta quinta (24), a comunidade científica elaborou um abaixo assinado defendendo a permanência de Lima Silva no cargo. Já são mais de 20 mil assinaturas na petição, segundo o RJ-TV2, da TV Globo. A Academia Nacional de Medicina, reitores de universidades públicas do estado, a Federação de Sociedades de Biologia Experimental, a Sociedade Brasileira de Virologia e o Instituto Serrapilheira também se posicionaram, de acordo com o Jornal O Globo. Também ficou decidido que decidiu formar comissões de articulação na Alerj e de comunicação para tentar impedir a mudança. A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgaram documento manifestando preocupação, já encaminhado a Castro. “Com sua visão estratégica e experiência, (Lima Silva) tem buscado transformar a Faperj em uma plataforma essencial para o desenvolvimento científico e tecnológico do estado, apostando no potencial transformador da ciência como um vetor de progresso econômico e social”, prosseguem as instituições. “Dirigimos assim um apelo para que não faça, da direção da Faperj um cargo de indicação partidária, e que mantenha a conduta que V. Exa. tem tido nos últimos seis anos”, pedem as entidades ao governador.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
Com cerca de 230 trabalhos científicos publicados em revistas internacionais, Lima e Silva é membro da Academia Mundial de Ciências, da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Nacional de Medicina, tendo recebido vários prêmios e distinções. Ele atuou como diretor científico da Faperj entre 2003 e 2018 e, desde janeiro 2019, está na presidência da fundação. À TV Globo, Lima e Silva disse que é grato pela oportunidade de conduzir a instituição por cinco anos, período em que a agência se consolidou como uma das mais importantes do país. E que se a exoneração for confirmada, ele sente muito pelo trabalho que será interrompido, mas aceita a decisão do governador. Cláudio Castro, Anderson Moraes e Alexandre Valle ainda não se pronunciaram sobre o assunto.