Como milícia criou IPTU próprio para achacar moradores e comerciantes
Criminosos estabelecem impostos como o 'ITBI do crime', sobre a transferência de imóveis

Base da atuação das milícias desde que se formaram e expandiram na Zona Oeste do Rio, assim como em áreas da Baixada Fluminense, a extorsão tem aberto diferentes caminhos para os bandidos, que enriquecem e fortalecem as organizações criminosas cobrando taxas de quem tenta abrir pequenos negócios, mas também de transações de vulto como a venda de imóveis.
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Já é conhecida como ‘ITBI do crime’ a cobrança de cerca de 10% sobre a venda de imóveis em comunidades, em referência ao Imposto de Transmissão de Bens Imóveis, taxa oficial cobrada pelas prefeituras. A extorsão ocorre em áreas como favelas de Jacarepaguá, Itanhangá, Bangu e Santa Cruz, na Zona Oeste, e lugares como Nova Iguaçu, Seropédica, Itaguaí e Queimados, na Baixada Fluminense.
Em áreas da Zona Oeste, Manicures, cabeleireiros e quem queira praticar essas atividades devem pagar taxas quinzenais de R$ 50,00 aos criminosos, assim como a chamada ‘taxa de ajuda’, já denunciada em bairros como Bangu, um eufemismo para mais extorsão. Levantamento feito pelo Disque Denúncia, segundo o jornal O Globo, mostra que, entre 2022 e fevereiro de 2025, foram recebidas 1.383 denúncias de cobranças irregulares em comunidades de Santa Cruz e nas cidades de Seropédica e Itaguaí.
Em alguns casos, as vítimas chegam a pagar um até R$ 4000 por mês, com a proibição da entrada de funcionários de concessionárias de serviços públicos para que os bandidos controlem o fornecimento de luz e de água.
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Em grande parte da Zona Oeste, as extorsões são executadas por remanescentes do bando de Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, preso desde 2023. As cobranças de traficantes ligados ao Comando Vermelho responderiam às ordens de Edgar Alves de Andrade, o Doca, criminoso foragido da Justiça.