Cinco programas imperdíveis para o fim de semana
Confira a seleção especial de VEJA RIO para deixar seu fim de semana ainda mais animado

Concebido inicialmente para apenas quatro apresentações, esse indefinível – e absolutamente hilariante – espetáculo tornou-se um fenômeno: ruma para dois anos ininterruptos em cartaz na boate gay Buraco da Lacraia, sempre lotando o espaço às sextas. Nesse dia, aliás, o público é uma democrática mistura de frequentadores habituais com novatos que nunca puseram os pés na casa. Fica avisado: o local é pequeno, meio desconfortável, e muita gente fica em pé. Vale tudo, no entanto, para conferir o show apresentado por Luis Lobianco (do grupo de humor na web Porta dos Fundos), Patricia Pinho, Letícia Guimarães, Sidnei Oliveira e Eber Inácio. Trata-se de um caldeirão que mistura videokê, estética de cabaré, show burlesco, teatro de revista, nonsense, música brega, desfile de escola de samba, piadas de cunho sexual, Dzi Croquettes, Cassino do Chacrinha e por aí vai. O repertório musical inclui os sertanejos Milionário e José Rico, Fafá de Belém e Tetê Espíndola, entre outros achados, além de paródias bem-humoradas. A tônica é o escracho: livre-se de preconceitos e divirta-se.
Buraco da Lacraia. Rua André Cavalcanti, 58, Lapa. Informações, ☎ 9176-4246 e 8847-7822. Sexta, a partir das 22h40. R$ 40,00 (entrada para o show com cerveja, caipirinha, água e refrigerante liberados e permanência na boate após o espetáculo). Bilheteria: a partir das 22h.

No fim de 1993, dois ex-presidiários promoveram uma matança dentro de uma casa no sudeste do estado americano de Nebraska. Mais do que os assassinatos em si, a revelação da identidade de uma das vítimas deixou perplexos os moradores da região: Brandon Teena, jovem de 21 anos que, pelo jeito e pela aparência, todos julgavam ser um rapaz, descobriu-se mais tarde, havia nascido mulher. O crime de ódio, um dos mais famosos dos Estados Unidos, rendeu assunto para um filme e uma peça. No cinema, o longa Meninos Não Choram, de 1999, deu o Oscar à atriz Hilary Swank, por seu desempenho no papel principal. Atração no Oi Futuro Flamengo, Uma Vida Boa é a primeira montagem teatral brasileira diretamente inspirada no episódio. No texto de Rafael Primot, Brandon é apenas B (Amanda Vides Veras). Com seus cabelos curtos, roupas masculinas, jeito de homem e desejo por garotas, ele não provoca nenhuma desconfiança quanto a seu gênero de nascença. Recém-chegado a uma pequena cidade, apaixona-se perdidamente – e é correspondido – por L (Julianne Trevisol), jovem aspirante a cantora, e faz amizade com J (Daniel Chagas), sujeito abrutalhado, responsável pelo trágico desfecho da trama. A inventiva direção de Diogo Liberano parece querer espelhar a dualidade do protagonista: em contraste com o texto impregnado de realidade, a condução das cenas se revela mais evocativa, com amplo aproveitamento da belíssima iluminação de Daniela Sanchez. Julianne e Daniel entregam corretamente o que seus personagens demandam, mas deve-se destacar o trabalho de Amanda, tão minucioso quanto comovente (60min). 18 anos. Estreou em 14/3/2014.
Oi Futuro Flamengo (63 lugares). Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, ☎ 3131-3060, Largo do Machado. Quinta a domingo, 20h. R$ 20,00. Bilheteria: a partir das 14h (qui. a dom.). Até 25 de maio.

Uma das mais renomadas instituições do gênero, a Maison Européenne de la Photographie cedeu as 61 imagens que compõem esta agradável coletiva em cartaz no CCBB. Como o nome reiteradamente indica, está em pauta o amor – apresentado aqui de variadas formas. Em sua concepção mais trivial, entre homem e mulher, o sentimento transborda no famosíssimo registro de um jovem casal se beijando, sentado à mesa de um café, feito por Henri Cartier-Bresson em 1969 (o francês ainda comparece com outras seis obras). O beijo, aliás, é recorrente: Claude Nori e Elliott Erwitt são alguns dos que clicaram esse momento entre casais. De Edouard Boubat é exibido um dos melhores flagrantes da mostra: duas crianças de braços dados em frente à vitrine de uma relojoaria de Paris. Também dele, a bela fotografia de uma mulher grávida, com a mão sobre a barriga, evoca o amor materno. Manifestação de afeto mais rasteira é revelada por Robert Doisneau no retrato de um estivador em um quarto cujas paredes estão cheias de pôsteres de mulheres nuas. Até os animais têm vez, como mostra a curiosa foto de François Le Diascorn em que duas belugas parecem namorar.
Centro Cultural Banco do Brasil. Rua Primeiro de Março, 66, Centro, ☎ 3808-2020. Quarta a segunda, 9h às 21h. Grátis. Até o dia 31.

Cada um na sua, o cantor e compositor paraense e a big band paulista pescam referências do passado para promover uma saudável renovação na música dançante contemporânea. Atrações da festa Lambalada, novidade no Circo Voador, eles oferecerão um repertório bem original, que vai de estilos do Norte, como carimbó e lambada, ao afrobeat, passando pelo balanço latino-americano (cumbia) e caribenho (dub, zouk, reggaeton). Essa salada será servida por partes. Felipe e banda mostram músicas de Kitsch Pop Cult e do recém-lançado Se Apaixone pela Loucura do Seu Amor ? a exemplo da divertida Ela É Tarja Preta, parceria com Arnaldo Antunes já gravada pelo ex-titã. Depois, os dez músicos do Bixiga 70 prestam seu tributo abrasileirado ao afrobeat, gênero criado pelo nigeriano Fela Kuti. No programa, composições dos dois discos do grupo, entre elas uma bela versão para Deixa a Gira Girá, pérola resgatada do primeiro disco do trio baiano Os Tincoãs, de 1973. Com todos juntos, completam o repertório a instrumental Lambada Complicada, outra do segundo disco de Felipe, além das curiosidades Sonido Amazonico (da banda peruana Los Mirlos) e Sem Você Nada É Bonito (Pinduca). 18 anos.
Circo Voador (2?000 lugares). Arcos da Lapa, s/nº, Lapa, ☎ 2533-0354. Sexta (28), a partir das 22h. R$ 60,00 (1º lote) e R$ 80,00 (2º lote). Desconto de 50% com a apresentação do e-flyer ou a doação de 1 quilo de alimento não perecível. Bilheteria: 12h/19h (ter. a qui.); a partir das 12h (sex.). IC. https://www.circovoador.com.br.

Parte do projeto Circuito Infância, que leva atividades culturais para plateias do interior de Minas Gerais, Histórias da Arca desembarca no Rio para duas únicas apresentações, sábado (29) e domingo (30), no Teatro Municipal do Jockey. Aprimorado ao longo de mais de 200 sessões realizadas em cinquenta cidades mineiras, o espetáculo tem por base os dois volumes do CD infantil Histórias Cantadas da Arca de Noé, gravados pela cantora Ana Cristina Coutinho em 2005 e 2007. Nos trabalhos, ela costura as clássicas composições de Vinicius de Moraes reunidas nos discos Arca de Noé 1 e 2, lançados no início dos anos 80, a cantigas populares (O Cravo Brigou com a Rosa, entre outras) e contos inspirados pelas letras escolhidas. Ana é acompanhada por Caio Gracco Guimarães (baixo), Rogério Delayon (violão), Cláudio Moraleida (violão e cavaquinho) e Serginho Silva (percussão). No palco, todos se empenham em dar vida aos personagens evocados, recorrendo a música, alguns esquetes divertidos e técnicas de sonoplastia.
Centro de Referência Cultura Infância – Teatro do Jockey (100 lugares). Avenida Bartolomeu Mitre, 1110, Gávea, ☎ 3114-1286. Sábado (29) e domingo (30), 16h. R$ 20,00. Bilheteria: a partir das 14h (sáb. e dom.).