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Em sua 31ª edição, mostra CasaCor Rio reúne jovens e promissores talentos

Berço de grandes nomes da arquitetura e da decoração, o evento ainda prepara o histórico casarão do Jardim Botânico para receber um centro cultural

Por Renata Magalhães
Atualizado em 20 abr 2022, 09h01 - Publicado em 14 abr 2022, 09h00
Casa Migrante: projeto de João Panaggio, de 26 anos, o mais jovem do elenco -
Casa Migrante: projeto de João Panaggio, de 26 anos, o mais jovem do elenco - (João Panaggio/André Nazareth/Divulgação)
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O cenário era a antiga residência da família de Lourdes Catão, ícone da sociedade carioca: uma casa de estilo eclético francês que atraía o olhar de quem passava pela Urca. Foi lá que, durante a estreia carioca da CasaCor, uma jovem fez seu début no universo da arquitetura e da decoração. Grávida da segunda filha, Lia Siqueira transformou a pequena rouparia do 2º andar em uma charmosa sala de estudos e foi premiada pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Mais de três décadas depois, ela é hoje um dos grandes nomes do mercado — e sua trajetória tem profundas raízes naquela mostra onde tudo começou.

Seguindo uma tradição iniciada em 1991, a CasaCor Rio chega à 31ª edição reunindo não só profissionais consagrados como jovens e promissores talentos. Entre as quarenta equipes que apresentam suas criações a partir de 27 de abril no casarão de outra famosa família, os Brando Barbosa, no Jardim Botânico, está João Panaggio, 26 anos, o caçula entre todos os participantes da história do evento, reconhecido como a maior e a mais completa exibição de arquitetura, design de interiores e paisagismo das Américas. “É um marco que me enche de orgulho e quero que sirva como inspiração para outras pessoas em início de carreira”, diz.

O novo lavabo: ideias das estreantes Manuela Santos e Paula Scholte -
O novo lavabo: ideias das estreantes Manuela Santos e Paula Scholte – (Paula Scholte e Manuela Santos/André Nazareth/Divulgação)

Em 2022, os projetos desenhados para a CasaCor Rio foram inspirados no tema “Infinito Particular”, em alusão às mudanças trazidas pela pandemia na forma de viver e morar. “No momento em que nos vimos limitados a nossas paredes e janelas, novas prioridades e maneiras de aproveitar o espaço foram surgindo”, reflete Patricia Mayer, sócia-diretora ao lado de Patricia Quentel.

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Alinhado à proposta, Panaggio desenvolveu a Casa Migrante, uma estrutura metálica de 100 metros quadrados que serve como morada de fim de semana e se encaixa nas mais diferentes paisagens. Ele batalhou para se aproximar das organizadoras do evento e, em um encontro, surpreendeu com seu projeto que prioriza o uso da luz natural e uma arquitetura pura, com poucos materiais — características buscadas na ideia de “moradia do futuro”.

“É um lugar que preza a simplicidade e causa acolhimento. As pessoas têm uma identificação afetiva e imaginam a construção na praia, na serra ou onde preferirem”, explica ele, que fez sua formação na UFRJ e na Politécnica de Milão e aplica a filosofia em todos os trabalhos tocados em seu recém-inaugurado escritório em Copacabana.

Um estúdio sustentável: por Sergio Conde Caldas e Patrícia Andrade -
Um estúdio sustentável: por Sergio Conde Caldas e Patrícia Andrade – (Sergio Conde Caldas e Patricia Andrade/André Nazareth/Divulgação)

A atenção voltada para dentro de casa acabou por impulsionar o setor de móveis e decoração. A porção do orçamento que era antes investida em entretenimento ou viagens passou a ser destinada a melhorias no lar. Segundo uma pesquisa conduzida pelo Grupo Consumoteca, consultoria especializada em negócios na América Latina, 55% da população da classe A empreendeu alguma mudança ao longo da pandemia. Momento propício para o arquiteto Sergio Conde Caldas mostrar uma vertente menos conhecida de seu trabalho em sua estreia na CasaCor.

“Este é um evento que cria uma sinergia no mercado, uma grande vitrine a favor do segmento”, afirma. Nome tarimbado por causa da construtora familiar Concal e pela parceria com o arquiteto Miguel Pinto Guimarães na Opy, empresa de soluções urbanísticas, ele assina um estúdio sustentável nos jardins da Residência Brando Barbosa com sua nova sócia, Patrícia Andrade, que recentemente assumiu a área de design de interiores do escritório.

As donas da casa: Patricia Quentel e Patricia Mayer no palacete histórico -
As donas da casa: Patricia Quentel e Patricia Mayer no palacete histórico – (André Nazareth/Ari Kaye/Divulgação)

arte Casa Cor

No mesmo ano em que a jovem Lia Siqueira despontou, outro espaço fez sucesso no casarão da Urca — o restaurante de Luiz Fernando Grabowsky, que se converteu em point badalado, sempre com fila na porta. Em 1995, foi a vez de Maurício Nóbrega entrar para o elenco e encantar com o ateliê de um botânico na edição realizada no Largo do Boticário.

De Bel Lobo e Paola Ribeiro a talentos mais recentes, como Gisele Taranto e Victor Niskier, todos guardam algo em comum: eles, que estarão de volta nesta edição, ganharam visibilidade lá atrás, justamente por suas passagens pela CasaCor — expectativa que as estreantes Manuela Santos e Paula Scholte pretendem repetir com o projeto para o corredor e o lavabo da casa.

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“Participar dessa mostra vai marcar um novo momento na nossa carreira, é um privilégio estar ao lado de profissionais que foram nossa inspiração”, confidencia Paula, que teve como primeiro chefe o arquiteto Celso Rayol, outra presença confirmada.

A mostra, que se estende até 26 de junho, também vai concretizar um antigo sonho do casal Brando Barbosa. Sem herdeiros, eles desejavam que a propriedade fosse transformada em um instituto cultural — o que já está em curso, ao menos do ponto de vista da arquitetura, nesta segunda edição no endereço do Jardim Botânico.

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“Neste ano, nosso desafio foi trazer esse olhar para o espaço, ao mesmo tempo que procuramos proporcionar novas experiências aos visitantes”, diz Patricia Quentel. O circuito de visitação agora começará pelo antigo porte-­cochère da residência, e o 2º andar foi transformado em uma hospedaria para possíveis artistas residentes. A cozinha virou um café, enquanto um complexo gastronômico vai funcionar pelos jardins, com restaurante, pizzaria, bistrô e bar de vinhos, que seguirão na ativa depois da mostra.

A ideia é que fique tudo pronto para o local continuar funcionando o ano inteiro, ao lado de outras atrações, como feiras e cursos — uma prévia do centro cultural que os antigos proprietários tanto desejavam ver germinar ali. Os cariocas agradecem.

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