Conheça os botequins tombados do Rio
Decreto assinado pelo prefeito do Rio transforma 12 bares cariocas em patrimônio cultural carioca. Entre os comtemplados estão o Café Lamas e o Nova Capela
Tradição que representa a boemia carioca, os botequins ganharam o status de Patrimônio Cultural da cidade. O prefeito da cidade, Eduardo Paes, assinou um decreto em que tomba 12 casas tradicionais, entre elas o Bar Lagoa, a Adega Flor de Coimbra e o Nova Capela. Cada botequim tem sua história atrelada a acontecimentos importantes e personagens que marcaram vida cultural carioca, como é o caso do Cosmopolita, frequentado por políticos na época em que o Rio era a capital nacional e o Lamas, que teve como cliente o escritor Machado de Assis. Listamos abaixo esses bares e as delícias que você pode encontrar em cada um.
Nova Capela
Fundado em 1903, o restaurante funcionava em outro local da Lapa antes de abrir as portas na Mem de Sá, por isso o nome Nova. Desde então, mantém-se como templo da boemia carioca. Neste ano, foi vencedor da categoria Melhor Comida Tradicional do Guia Comer e Beber, em parte pelo seu carro-chefe, o cabrito assado (R$ 82,00, serve duas pessoas), que chega à mesa com arroz de brócolis. Também é delicioso o polvo grelhado com arroz de brócolis e alho frito (R$ 70,00), preferido do ator Edson Celulari. Dirigido durante sessenta anos pelo proprietário, Aires Figueiredo, a casa trocou de comando em julho, quando ele faleceu. Tem como novo responsável o filho, Aires Alves Figueiredo, que manteve o alto nível de excelência.
Onde: Avenida Mem de Sá, 96, Lapa, tel. 2252-6228
Adega Flor de Coimbra
Em funcionamento há 72 anos, é decorado por painéis de Nilton Bravo (1937-2005), também conhecido como o Michelangelo dos botequins. Entre os frequentadores estava o pintor Candido Portinari (1903-1962), que morava na parte de cima do sobrado. Originalmente uma mercearia portuguesa, ainda serve delícias da terrinha, como o bolinho de bacalhau (R$ 3,30 a unidade), que chega à mesa em formato comprido e sequinho. Siga o roteiro de delícias com o cabrito marinado aperitivo (R$ 36,90, a porção).
Onde: Rua Teotônio Regadas, 34, Lapa, tel. 2224-4582
Lamas
Com 135 anos de existência, teve entre frequentadores figuras históricas do país, entre elas o ex-presidente Getúlio Vargas e o escritor Machado de Assis. Durante a maior parte do tempo, ocupou endereço no Largo do Machado, de onde acabou transferido na década de 70 durante as obras do metrô. Desde então, mantém-se cheio até altas horas da madrugada na Rua Marquês de Abrantes. Entre as preferências, a muito bem temperada canja de galinha (R$ 26,00). Ou o tradicionalíssimo bolinho de bacalhau, vendido por R$ 4,00 a unidade.
Onde: Rua Marquês de Abrantes, 18, Flamengo, tel. 2556-0799
Cosmopolita
Localizado em uma travessa da Lapa, entrou para a história como berço do filé à oswaldo aranha. Ainda hoje o botequim tem como carro chefe o prato feito com suculento bife com alho frito por cima acompanhado de arroz, farofa e batata portuguesa (R$ 59,50). A comida leva o nome do diplomata que era seu freguês assíduo do botequim nos tempos em que o Rio era a capital da República. Naquela época, tantos parlamentares almoçavam ali que o restaurante passou a ser chamado de Senadinho.
Onde: Travessa do Mosqueira, 4, Lapa, tel. 2224- 7820
Adega Pérola
Em 2010, a casa viveu momentos críticos ao quase ser vendida para uma rede de bares. Salva por antigos clientes, que se juntaram para adquirir o negócio, mantém no balcão os acepipes portugueses quem fizeram sua fama. Entre as opções, o alho espanhol ao molho de laranja (R$ 12,00, 100 gramas) e o presunto serrano espanhol (R$ 20,00, 100 gramas). Outro patrimônio local é o polvo ao vinagrete (R$ 18,00). Para beber, há 7 novos rótulos de vinho.
Onde: Rua Siqueira Campos, 138, loja A, Copacabana, tel. 2255-9425
Bar Luiz
Aberto quando o Brasil ainda era um Império, em 1887, é um dos bares mais longevos da cidade. Inaugurado pelo filho de suíços Jacob Wendling, o bar teve como primeiro endereço a Rua da Assembleia, mudando-se para a Rua da Carioca em 1927. Há 123 anos sob a direção da mesma família, foi também um dos primeiros locais a oferecer chope no Rio. O cardápio tem inspiração alemã, o que causou problemas aos donos durante a II Guerra Mundial. Mesmo assim, continuaram firmes até os dias atuais o kassler (R$ 35,00) e a linguiça branca (R$ 21,00).
Onde: Rua da Carioca, 39, Centro, tel. 2262-6900
Armazém São Thiago
Como o nome entrega, funcionava orginalmente como uma mercearia. Sofisticada, a casa foi aberta após a I Guerra Mundial pelo imigrante espanhol Jesus Pose Garcia. Após a mudança de ramo, transformou-se em um dos bares mais concorridos de Santa Teresa e hoje, está sob a tutela de Ricardo Garcia, neto do fundador. Serve deliciosos minicroquetes de carne (R$ 18,50, dez unidades), pastéis de bacalhau (R$ 9,00, duas unidades) e empanadas de frango e palmito (R$ 3,00, a unidade). Dos dois barris instalados sobre a geladeira saem a cachaça da casa (R$ 4,50 a dose), produzida no interior de Minas Gerais.
Onde: Rua Áurea, 26, Santa Teresa, tel. 2232-0822
Bar Lagoa
Seu prédio é considerado uma joia da arquitetura art déco dos anos 30. Assim como o Bar Luiz, serve quitutes da culinária alemã desde a inauguração. Chamado de Bar Berlim até o início da II Guerra, enfrentou a ira de manifestantes contrários ao regime nazista, que apedrejaram sua fachada. O cardápio, no entanto, manteve-se intacto e respeitado. Sua salada de batata ficou em segundo lugar na lista de 101 iguarias cariocas que devem ser provadas pelo menos uma vez nada vida, numa pesquisa feita com cinquenta chefs e restauranteurs a pedido de VEJA Rio.
Onde: Avenida Epitácio Pessoa, 1674, Lagoa, tel. 2523-1135.
Inaugurado no início do século passado, quando o Rio desejava ser sofisticado como Paris, o Paladino abriu suas portas para ser uma delicatessen de primeira linha. Daquela época, ainda estão no salão cristaleiras e outros objetos requintados. Do cardápio, experimente o omelete (R$ 15,00), que pode vir nas opções salmão ou bacalhaum enquanto o sanduíche triplo é um colosso que leva ovos mexidos, presunto e queijo provolone entre duas fatias de pão francês.
Onde: Rua Uruguaiana, 224 e 226, Centro, tel. 2263-2094
Armazém do Senado
Entre sacos de produtos perecíveis são servidas cervejas geladíssimas das marcas Skol (R$ 4,00), Brahma e Serramalte (R$ 4,50 cada) entre outras. Desde 1907 presta bons serviços à mesa carioca e as porções são servidas por peso. Para beliscar, salaminho (R$ 12,00, 100 gramas) azeitona ou tremoço (R$ 3,00, 100 grama cada uma). Aos finais de semana, abre apenas no primeiro sábado do mês, quando acontece a Feira de Antiguidades da Lavradio. Acontece ali uma animada roda de samba.
Onde: Avenida Gomes Freire, 256, Centro, tel. 2509-7201
Bar Brasil
Sua serpentina de 66 metros de comprimento é resfriada com gelo socado, o que faz do chope um dos melhores da cidade. Da Brahma, as caldeiretas (R$ 4,50) chegam à mesa com farto colarinho. Para comer, pratos alemães e tira-gostos, como o croquete de carne (R$ 25,00, seis unidades), e as salsichas brancas de vitela (R$ 25,00, seis unidades).
Onde: Avenida Mem de Sá, 90, Lapa, tel. 2509-5943