Barra da Tijuca se consolida como polo de saúde de alta tecnologia
Entre emergências, centros de prevenção e reabilitação, o bairro vive cenário efervescente na saúde e reúne hoje os mais bem equipados hospitais da cidade
O caso da cantora Preta Gil, 48 anos, diagnosticada com um tumor maligno no intestino, compõe uma estatística que situa esse câncer como um dos mais incidentes do mundo, sendo o terceiro mais comum no Brasil. O último levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca) sublinha o surgimento de 44 000 ocorrências desse tumor no país a cada ano. Atenta aos indicadores, que abrangem outras variações de câncer, a rede Dasa inaugurou, em dezembro de 2022, na Avenida das Américas, um centro médico exclusivo para o tratamento da doença, com um investimento de 110 milhões de reais.
O hospital é o primeiro da América Latina a adquirir um Acelerador Linear Edge, uma ultramoderna máquina para radioterapia que permite máxima precisão ao tratar um tumor, causando menos efeitos colaterais. O prédio de quatro andares e 8 000 metros quadrados possui 27 consultórios e trinta salas destinadas a quimioterapia. “A Barra concentra uma população de bom poder aquisitivo, com acesso a bons planos de saúde. Além disso, é um lugar em que há espaço para unidades de saúde de grande porte”, avalia o médico Luiz Henrique Araújo, diretor regional da Dasa Oncologia.
O Barra D’Or foi o pioneiro na região, ao começar em 1998 a oferecer serviços médicos de ponta para suprir a elevada demanda e acabou crescendo junto com o bairro. No primeiro semestre de 2024, uma nova sede, altamente tecnológica, abrirá as portas ali pertinho, ao lado do shopping Via Parque. “Hoje temos 158 leitos e passaremos a contar com 215. O centro cirúrgico se expandirá por doze salas, e aumentaremos a capacidade de atendimento da emergência em 20%”, enumera Martha Savedra, diretora regional da Rede D’Or, que apostou 500 milhões de reais no projeto.
O atual prédio do Barra D’Or vai passar a se dedicar exclusivamente à pediatria. A 6 quilômetros de distância, os corredores da Perinatal testemunham todo mês o primeiro choro de 500 bebês. Com a transferência da unidade de Laranjeiras para o Glória D’Or, a maternidade da Barra se tornou referência em casos de alta complexidade, a exemplo da cirurgia de correção da coluna vertebral, com o feto ainda no útero. “Nosso parque tecnológico reúne o que há de mais arrojado no mundo, como o aparelho de ultrassom em 4D”, garante o diretor Bruno Alencar, à frente desta que é a maior UTI neonatal privada da cidade, com 52 leitos.
Entre 2000 e 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal da Barra da Tijuca, medido pelo Instituto Pereira Passos (IPP), subiu 10%. Foi o maior crescimento registrado entre todas as regiões cariocas. O acelerado progresso daquelas bandas foi reafirmado no último mês, quando uma nova pesquisa do órgão mostrou que a Barra é campeã nos medidores de qualidade de vida. Sim, as pessoas ali estão se cuidando — e isso atrai investimentos de negócios voltados para a prevenção de doenças, como a clínica Meu Doutor Novamed, da Bradesco Seguros, inaugurada em abril, no Jardim Oceânico.
“O morador da Barra está mais preocupado com o bem-estar e quer envelhecer com saúde, por isso se dedica à prevenção de doenças. Nossos estudos mostram que o acompanhamento de rotina diminui em até 30% a chance de um paciente precisar de um pronto-socorro”, diz Aline Thomasi, superintendente da rede, que também oferece atendimento particular e a outros planos selecionados. Com um investimento de 6 milhões de reais, a clínica abrange quinze especialidades em catorze consultórios e dispõe de salas para procedimentos cirúrgicos simples, como vasectomia.
Diante de tantos centros médicos de referência espalhados pelas largas avenidas, há espaço ainda para um nicho que desponta no cenário médico: o hospital de transição, que se concentra em cuidados pós-agudos, como aqueles voltados a alguém que sofreu um acidente vascular cerebral, teve alta após longa internação em UTI, mas precisa de reabilitação para reaprender a andar e se alimentar sozinho. Esse é o mote do hospital Placi, instalado próximo ao Bosque da Barra desde o fim de 2022 após um aporte de 25 milhões de reais.
“Esse modelo, consagrado em países desenvolvidos, começa a ganhar estofo em paralelo ao envelhecimento da população. A medicina é high-tech, mas também tem de ser high-touch. O paciente precisa se sentir acolhido antes de retomar sua rotina”, defende Carlos Alberto Chiesa, diretor-presidente. Por lá, os 82 quartos individuais contam com monitoramento por câmeras e a sala de fisioterapia é equipada com o elevador Sara Plus, o dispositivo mais seguro do planeta para ajudar pacientes a se levantar e caminhar. Na Barra, saúde é coisa séria e de primeiro mundo.