Artur Avila
Pesquisador premiado que grandes universidades e instituições internacionais já tentaram contratar, o matemático soluciona problemas enquanto pedala pelas ruas do Leblon

O carioca Artur Avila habita um universo particular, bem distante do que conhecemos como realidade. Frequentemente, teoremas lhe chegam no meio do sono, no banho ou enquanto pedala pelo Leblon, onde vive com a mulher. Aos 32 anos, esse pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e do Centre National de la Recherche Scientifique, em Paris, é um prodígio. Recentemente, recebeu nos Estados Unidos o prêmio Michael Brin, conferido anualmente a uma única pessoa da ciência dos números, e foi laureado pela Academia de Ciências francesa. São prenúncios de que tem tudo para se tornar o primeiro brasileiro a ser condecorado com a Medalha Fields, uma espécie de Nobel do setor e que contempla concorrentes de até 40 anos. “É sempre bom ganhar alguma coisa, mas o que me move é a busca por soluções”, diz ele.
As honrarias brindam uma carreira precoce. Em 1995, aos 16 anos, Avila conquistou uma medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática. Aos 21, sem passar pela universidade, obteve seu doutorado. Com tamanho destaque, seria natural que despertasse a cobiça das principais universidades e centros de pesquisa internacionais. As americanas Yale e Princeton foram duas das instituições que tentaram contratá-lo. “As propostas são boas, mas gosto muito da vida entre o Rio e Paris”, conta ele, que confessa ter uma dificuldade específica no mundo concreto. “Jamais gostei de dar aulas. É difícil voltar a uma base teórica e tornar o discurso mais compreensível. Não sei fazer outra coisa além de pesquisa em matemática.”