Arte nos muros
Grafiteiros ganham apoio da Prefeitura, que promete mapear áreas com potencial turístico onde a prática será incentivada

Muitas cidades no mundo se reinventaram com a arte do grafite. Os desenhos nos muros, ao contrário das pichações, dão beleza a áreas urbanas quase sempre degradadas e podem ser molas propulsoras de uma nova circulação de pessoas e projetos nessas regiões. O grafite é levado a sério como nunca, especialmente por ter ocupado os mais importantes museus e galerias. Bem mais agora, nos tempos de Bansky e Osgemeos, do que nos anos 70 e 80 de Jean-Michel Basquiat.

Por isso, é uma grata surpresa o decreto municipal batizado de GrafiteRio, assinado ontem pelo prefeito Eduardo Paes, que pela primeira vez pode estabelecer critérios para a prática na cidade. Com a publicação do documento, foi criada uma espécie de rede de proteção e incentivo ao grafite nos muros do Rio. Uma das novidades é o Conselho Carioca do Grafite, que colocará na mesma mesa de discussão representantes do poder público e grafiteiros cariocas, mantendo um diálogo aberto e permanente entre os dois lados.
Parte essencial desse decreto será a implantação das chamadas Células de Revitalização. São áreas da cidade onde a Prefeitura entende que existe alto potencial turístico e, por isso, serão revitalizadas com grafite. A ideia é que se repita, em diversos pontos, o mesmo sucesso do painel da Zona Portuária criado pelo artista plastico Tomaz Viana, o Toz. Com trinta metros de altura e setenta de largura, o maior grafite do Rio transformou o muro da lateral de um prédio, na região mais antiga da cidade, numa gigantesca obra de arte.
O dia 27 de março passa a ser, oficialmente, o Dia do Grafite. Marcelo Silva, presidente do Instituto EixoRio, mostrou-se otimista com as medidas adotadas e o novo canal de comunicação com o município. “O envolvimento de outros órgãos nessa mobilização fará dessa cidade um lugar muito mais organizado, bonito e aberto, em que todos saem ganhando.”