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Após ser acusada de racismo, ginecologista é alvo de críticas de pacientes

Ex-pacientes de Helena Malzac Franco relatam casos de negligência e assédio em rede social

Por Da Redação
Atualizado em 13 jun 2023, 14h01 - Publicado em 13 jun 2023, 13h51
ginecologista Helena Malzac virou ré na justiça após dizer frases racistas a uma paciente negra no RJ
Helena Malzac: 'pessoas de cor têm um cheiro mais forte'. (Redes sociais/Divulgação)
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Após o Ministério Público do Rio ter denunciado a ginecologista Helena Malzac pelo crime de racismo, uma série de denúncias contra ela começou a pipocar nas redes sociais. O que desencadeou a denúncia foi um comentário feito pela médica durante uma consulta particular, no Rio. Ela disse à paciente, uma jovem de 19 anos, que a maioria das mulheres negras tem cheiro forte nas partes íntimas: “É muito comum. Não é 90%, mas a gente coloca uns 70%. Tem a ver com a melanina também”. A consulta foi gravada pela fundadora e diretora-executiva do Instituto Identidades do Brasil, Luana Génot, que levou a afilhada para ser atendida pela profissional. Helena virou ré no dia 31 de maio e está respondendo à Justiça. Com a divulgação da notícia pelo Fantástico, da TV Globo, no domingo (11),  outras mulheres postaram em redes sociais novas acusações contra a ginecologista.

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“Me consultei com ela na minha primeira gestação em 2019. Eu com um sangramento na urina que ela disse ser normal e me mandou pra casa sem nenhum exame. Era infecção urinária severa. Sofri um aborto 6 dias depois por negligência”, escreveu uma internauta ao comentar um post no Twitter. “Essa maldita me fez chegar em uma crise de ansiedade no meio do meu parto restringindo o meu direito ao meu acompanhante e no ápice do meu nervosismo me perguntou se eu era ‘uma mulher ou um rato’”, contou outra. Uma terceira mulher que se consultou com ela há cerca de 10 anos por causa de uma doença sexualmente transmissível sofreu outro tipo de preconceito: “basicamente ela disse que pra eu me curar eu tinha que ‘fechar as pernas’ primeiro porque me relacionava com mais de uma pessoa”.

https://twitter.com/umamaefeminista/status/1668309366091526145s=46&t=aCukvSiqsVzdZCQ9VX3yoA

O Fantástico teve acesso a áudios da primeira audiência com o juiz, no fim do mês passado. A médica Helena Malzac confirmou o que disse no consultório à jovem de 19 anos. “Disse que as pessoas de cor têm um cheiro mais forte, pela minha experiência de 44 anos como ginecologista. Atendendo a todos os tipos de mulheres, a negra tem um cheiro mais forte. Tanto que essas firmas de desodorante, o desodorante para negro é diferente”, afirmou Helena ao ser interrogada. Durante a audiência, a ginecologista disse ter estudado sobre o tema na faculdade e que pesquisou sobre o assunto. O fato gerou uma discussão sobre o chamado racismo científico ou biológico. Trata-se de um conjunto de teses desenvolvidas no século XVII que consistem na noção, adotada por pessoas racistas, de que existe uma raça superior e outra inferior; tudo baseado em “evidências empíricas”. “A médica imputou uma condição que não é verdadeira, sem nenhum tipo de embasamento”, disse ao Globo Fabiano Machado da Rosa, advogado especialista em Compliance Antidiscriminatório. “A partir desses elementos, ela justifica o racismo. É histórica a existência de profissionais se valendo de expressões que, no fundo, são puro preconceito travestido de falsa ciência“, acrescentou.

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Especialistas ouvidos pelo Fantástico rechaçam a médica. Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Heitor de Sá Gonçalves explica que negros podem ter uma quantidade maior de glândulas apócrinas, que produzem mais secreção; no entanto, esta é inodora. Além disso, não existe relação entre a melanina e o odor corporal. “Então, o que vai fazer essa secreção ter odor? Não tem nada a ver com a cor da pele. É a flora bacteriana, que é específica de cada indivíduo”, explicou. No processo, Helena Malzac se defende dizendo que seu pai é negro e que “em momento algum ocorreu a intenção de ofender ou de discriminar alguém pela cor da pele.”

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