A farra dos ingressos nos Jogos Rio 2016
Equipe de Veja Rio compra ingressos especiais para idosos e estudantes, que custam a metade do preço, e consegue entrar no Parque Olímpico e no Riocentro sem que seja pedido RG ou comprovante de meia-entrada, como o comitê organizador anunciou que aconteceria
Após um fim de semana problemático nos locais de competição da Olimpíada, onde o público precisou de paciência para conseguir assistir aos jogos devido às intermináveis filas, uma equipe de VEJA RIO percorreu, nesta quinta (11), o caminho feito pelo torcedor para chegar ao Parque Olímpico. A primeira parada foi a Linha 4 do Metrô-Rio, em Ipanema, acessível só à família olímpica, como são chamados os voluntários, os espectadores e a imprensa. Lá, ao contrário do que foi anunciado, não foi necessário apresentar o ingresso, apenas o bilhete olímpico especial (o sistema Riocard).
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Depois de saltar na estação do Jardim Oceânico, na Barra, a equipe pegou o BRT até a estação do Parque Olímpico e, de lá, seguiu para a entrada do complexo esportivo, onde ficam nove palcos de competições. Mesmo com o ingresso reservado à idosos em mãos, nem os voluntários nem a equipe da Força Nacional pedia documentos. O mesmo se repetiu no acesso a Arena Carioca 1, onde a equipe de basquete masculino da Espanha venceu a Nigéria por 96 x 87, no início da noite. A exigência de apresentação de RG, no caso de maiores de 60 anos, e de comprovante do direto à meia-entrada, para os estudantes e professores, como foi anunciada pelo Comitê Rio 2016 e que consta no site oficial, não passa de uma formalidade fictícia. Ainda nesta quinta, entramos numa partida de Badminton, no Pavilhão 4, do Riocentro, com um tíquete de estudante. Como a equipe da revista, sabe-se que muita gente vem usando o mesmo artifício para pagar menos e ingressar nos locais de jogos.
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No dia em que o Esquadrão antibombas foi acionado para explodir uma mochila suspeita esquecida na entrada do público da mesma Arena Carioca 1 – que mais tarde se revelou conter apenas um tablet, um casaco e um par de meias –, a repórter de VEJA RIO, que havia esquecido na bolsa uma marmita com garfo e faca de metal, conseguiu entrar sem nenhum obstáculo no principal espaço de provas da Barra da Tijuca.
Além da deficiência no controle dos ingressos, quem vai aos Jogos já percebeu que é possível trocar de assento durante a partida. Apesar de os tíquetes terem lugar marcado, não é realizado nenhum tipo de fiscalização para garantir que o torcedor fique na cadeira pré-estabelecida. Em quase todas as competições há muitos lugares vagos. As arquibancadas vazias não chamam a atenção somente de quem está nos estádios, mas também de quem assiste a Olimpíada pela televisão. Apesar disso, o Comitê Rio 2016, garante que, dos 6,1 milhões de ingressos disponibilizados, 84% foram vendidos. A maciça adesão do público anunciada pela organização, porém, vem deixando à mostra uma sucessão de buracos no sistema. E ainda põe em xeque o sucesso do Rio como sede de uma festa desse porte.