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Por Marcelo Copello, jornalista e especialista em vinhos
Marcelo Copello dá dicas sobre vinhos
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Vale do São Francisco será 1ª IP do mundo para vinhos tropicais

Trata-se da primeira região de vinhos no mundo a ser reconhecida com a Indicação de Procedência no segmento

Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 2 fev 2021, 20h29 - Publicado em 2 fev 2021, 18h57

O Vale do São Francisco (VSF) iniciou sua produção de uvas no início dos anos 1960 e hoje é a terceira maior região de vinhos do Brasil, com uma peculiaridade, faz duas colheitas ao ano.

A paisagem é diferente, nada se parece com as regiões viníferas europeias. Lá as videiras estão entre coqueiros, mandacarus, com siriemas e jegues passando ao largo.

A região, situada entre os estados de Pernambuco e Bahia, tem clima semi-árido, com solos ricos em minerais e pobres de matéria orgânica. Com 3.100 horas de sol ao ano e ausência de inverno, é possível, com uso de uma combinação de poda e irrigação, fazer duas colheitas ao ano.

Por séculos acreditou-se que a produção de vinhos só era possível entre os paralelos 30-50 no Hemisfério Norte e 30-40 no Hemisfério Sul. O que equivale a falar, no Hemisfério Norte, de uma faixa que engloba o norte da África, EUA até o sul da Alemanha. E no Hemisfério Sul, do Uruguai, Chile, Argentina, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. O Brasil, exceto uma pequena faixa na fronteira com o Uruguai, estaria de fora.

Fazer vinhos no Paralelo 8, em pleno clima tropical, é uma revolução, que colocou o Brasil na vanguarda desta nova fronteira. Hoje existe uma associação de vinho tropicais, que realiza periodicamente o International Symposium on Tropical Wines – ISTW, que em 2016 aconteceu em Petrolina-PE. Participam países como Venezuela, Peru, Guiana, Índia, Equador, Tailândia, Índia, Indonésia, Vietnã, Bali, Etiópia, Gabão, Quênia, Namíbia,Tanzânia e Polinésia Francesa. Todos fazem vinhos em clima tropical, mas um tropical na maioria com regime de chuvas

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O VSF produz hoje cerca de 7,5 milhões de litros de vinhos de uvas viníferas e cerca de 10 milhões de litros de vinhos de não viníferas. Além de muito suco e uvas para consumo in natura no mercado interno e para exportação. A região já está com sua IP – indicação de Procedência, em processo final de aprovação junto ao INPI, e já conta com uma associação de produtores, a VINHOVASF, o Instituto do Vinho do Vale do São Francisco. As vinícolas integrantes são: Rio Sol, Terra Nova (Miolo), Garziera, Bianchetti, Botticeli, Vinum Sant Benedictus, Vinicola Mandacaru (São Braz), Zanlorenzi/Campo Largo, Granvalle (suco e vinhos de mesa), Queiroz Galvão (suco), Paluma (suco), ASA (suco).

AS QUATRO ESTAÇÕES NO MESMO DIA

Um dos diferenciais do VSF é a capacidade de produzir duas safras ao ano. Mas como isso é feito? Pela ausência de estação fria e planta não hiberna como na Europa. Assim, no VSF a irrigação serve como um controle remoto da planta – se damos água ela trabalha e se cortamos a água ela hiberna. Na prática, fazem a planta repousar por 60 dias, o que cumpre o papel do inverno. Depois com irrigação de poda a planta volta a trabalhar, por 120 dias, passando por etapas que equivaleriam as demais três estações. O período seguinte, equivalente a primavera a planta, uma vez podada e com agua, inicia um novo com formação folhas, e cachos flores. Depois, vem o “verão”, ou a fase do pintos, com a mudança de cor das folhas e o amadurecimento dos cachos. O “outono” encerra o ciclo, com a uva madura e a colheita.

Veja um vídeo que fiz no local mostrando o fenômeno – https://www.youtube.com/watch?v=zsRmjksM5GI&feature=emb_logo

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Quando falamos duas colheitas ao ano, queremos dizer que uma mesma vinha, um mesmo pé de uvas, produzirá duas vezes ao ano, mas na prática a vinícola colhe uvas o ano inteiro, e o que é melhor, pode programar quando as irá colher.

Este processo traz vantagens, como a otimização das equipes de trabalho. Pode-se ter uma equipe especializada em colheita, colhendo o ano todo, outra só podando, outra só com enxertia, e assim por diante. Há também a otimização de recursos como máquinas, equipamentos e espaço de armazenamento.

É curioso pensar que ao comprar uma garrafa de um vinho do VSF de uma safra, como 2020, por exemplo, podemos dentro da garrafa na prática ter uvas colhidas entre 1 de janeiro até 31 de dezembro…

DESTAQUE

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Os vinhos do VSF já receberam muitos prêmios. Na GRANDE PROVA VINHOS DO BRASIL 2020 tivemos 3 campeões, 2 Duplo-Ouro e 8 medalhas de ouro para a região. A região já tem também seus vinhos ícones, os tintos RIO SOL ASSINATURA e MIOLO TESTARDI SYRAH

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