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Por Marcelo Copello, jornalista e especialista em vinhos
Marcelo Copello dá dicas sobre vinhos
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O último Les Gaudichots, um elo perdido da Borgonha

Os amantes dos grandes vinhos da Borgonha talvez nunca tenham ouvido neste nome: Les Gaudichots.

Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 fev 2018, 09h26 - Publicado em 24 fev 2018, 09h26

Por Marcelo Copello

Os amantes dos grandes vinhos da Borgonha talvez nunca tenham ouvido neste nome: Les Gaudichots.

Tive a rara oportunidade de provar o último Les Gaudichots da Domaine de la Romanée-Conti, da safra 1929, e vou contar sua história. Antes, agradeço aos que me proporcionaram esta experiência e que comigo a compartilharam

A HISTÓRIA DO LES GAUDICHOTS

O Les Gaudichots era um vinhedo situado ao redor do famoso La Tâche. Foram os monges beneditinos que delimitaram as fronteiras entre estes dois terrenos (vejam o MAPA-1).

Depois de passar por diferentes donos desde a Revolução Francesa, o La Tâche pertenceu à família Liger-Belair entre 1800 e 1933. Ao longo deste  tempo tornou-se comum os vinhos do vinhedo vizinho, o Les Gaudichots, ser vendido rotulado como La Tâche. As vezes os rótulos traziam “Tâche-Gaudichots”, “Aux Tâche”, “Tache” (sem acento) ou “Tâche- Romanée”.

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O Les Gaudichots tinha com parcelas de diferentes donos, incluindo influentes políticos da região e a Domaine de la Romanée-Conti, que estrategicamente adquiriu várias parcelas entre 1834 e 1866. Consta que, nos documentos de várias dessas transações, os vinhedos Les Gaudichots foram referidos como La Tâche, o que contribuiu para o hábito que então

se instalou de denominar o vinhedo vizinho como “Les Gaudichots ou La Tâche”.

Em 1890 a família Liger-Belair tentou impedir o uso da denominação La Tâche por seus vizinhos, mas depois de uma luta judicial de mais de 40 anos, foram derrotados na justiça e em 1932, foi decretado que Les Gaudichots poderia ser legalmente chamado La Tâche.

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O Domaine de la Romanée-Conti havia se adiantado e 1929 foi o último ano em que a casa usou nos rótulos a denominação Les Gaudichots. Este vinho que provei, foi pontanto o último Les Gaudichots da Domaine.

No começo de 1933 a família Liger-Belair, com problemas financeiros resolveu vender o La Tâche, que foi a leilão público e acabou adquirido pelo Domaine de la Romanée-Conti que fundiu os vinhedos Les Gaudichots e La Tâche, resultando no fim do Les Gaudichots  e na configuração atual do La Tâche.

Mas o La Tâche não era contudo ainda um monopólio, porque uma mínima parcela, com meros 900m2 – a última que faltava – só pode ser adquirida em 1934.

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A superfície total do La Tâche hoje é de 60.620m2, dos quais e 46.275m2 (quase 80%) eram Les Gaudichots (Veja MAPA-2). O grande vinho La Tâche, um dos maiores de todos o mundo, é, portanto, um vinho de dois climats.

A PROVA

Les Gaudichots (La Tâche) 1929, Domaine de la Romanée-Conti

Um vinho para o qual o tempo parece que não passou, e devemos lembrar que na época este vinhedo não era enxertado, portanto pré-phyloxérico. Muito encorpado para um Pinot Noir, com textura densa e macia, quase austero nos taninos. De cor alaranjada entre clara e escura, com aroma etéreo, com notas de trufas, terra, passas, couro, cogulemos secos, poderoso, expressivo, multifacetado, com uma amplitude impressionante. O equilíbrio perfeito, a integração entre cada aroma e sabor nos dá uma sensação de perfeição. Inesquecível

Nota: 100 pontos

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