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Um balanço da quarta edição do Tempo_Festival

Encerrada no domingo passado (24), a quarta edição do Tempo_Festival confirmou o que talvez seja a maior vocação do evento: questionar os modos convencionais de produzir, apresentar e difundir artes cênicas, promovendo reflexões e apontando caminhos. Se não desconsidera por completo a questão da qualidade, a curadoria de Cesar Augusto, Márcia Dias e Bia Junqueira […]

Por rafaelteixeira
Atualizado em 25 fev 2017, 18h51 - Publicado em 29 nov 2013, 16h24

Encerrada no domingo passado (24), a quarta edição do Tempo_Festival confirmou o que talvez seja a maior vocação do evento: questionar os modos convencionais de produzir, apresentar e difundir artes cênicas, promovendo reflexões e apontando caminhos. Se não desconsidera por completo a questão da qualidade, a curadoria de Cesar Augusto, Márcia Dias e Bia Junqueira tampouco se prende em demasia a esse critério. Não se trata de compilar o que de melhor tem sido feito no teatro mundial (seja lá o que esse “melhor” signifique), mas de sacudir as bases, quebrar paradigmas, suscitar novos entendimentos.

Isso ficou claro logo no espetáculo de abertura, Observen como el Cansancio Derrota el Pensamiento (na foto lá em cima), da companhia espanhola El Conde de Torrefiel. Encenada na quadra de basquete do Clube Militar, no Jardim Botânico, a peça juntou três atores espanhóis e três jovens jogadores brasileiros. O que eles fizeram em cena? Jogaram basquete, oras. Enquanto isso, uma voz em off fazia perguntas e respostas sobre temas como amor, política, entretenimento, dinheiro, arte e morte. Na festa de confraternização no Parque Lage, que se seguiu ao espetáculo, boa parte dos presentes desancou a peça. Dentro de um festival como o Tempo, no entanto, sua presença fazia todo o sentido.

Bem mais interessante foi a sessão de Coelho Branco, Coelho Vermelho, monólogo do iraniano Nassim Soleimanpour. A premissa da montagem, explicitada pelo próprio autor, é insólita: o ator não sabe nada sobre o texto até o momento em que sobe ao palco, quando o recebe para encená-lo. Assim, cada apresentação demanda um novo intérprete. A que vi foi com Lília Cabral (na foto abaixo, com gente da plateia, que sempre participa da encenação). Inteiramente imersa na proposta, ela entregou ao público a mistura de humor e reflexão concebida por Soleimanpour. “Mistura de humor e reflexão” não diz muita coisa, mas prefiro não falar muito sobre a peça — vai que um dia você tem a chance de conferir e eu terei estragado a experiência.

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A festa de encerramento, no Galpão Gamboa, contou com uma salada de trabalhos de vinte dos trinta artistas que participaram do Rio Occupation London — projeto com curadoria da diretora Christiane Jatahy, realizado em Londres em 2012, durante os Jogos Olímpicos, que ocupou palcos, instituições e ruas da cidade. O ponto alto, pelo menos no que diz respeito à captura da atenção do público, foi uma versão do desfile de moda realizado no Victoria and Albert Museum naquela ocasião. Em Londres, as roupas eram feitas de jornais ingleses e brasileiros. Aqui, bem, dê uma olhada na foto abaixo.

A convite do blog, os três diretores e curadores do Tempo_Festival também fizeram seus balanços pessoais. Confiram depois da foto do trio:

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Cesar Augusto: O Tempo_Festival está sempre à procura de novas perspectivas para a cena nacional nas encenações, nos questionamentos, nos processos que fazem parte da maturação das artes cênicas. Isso ultrapassa os limites de uma programação habitual. Nossa ideia original é quebrar com os paradigmas que envolvem a arte. Nós vamos do pensamento à difusão. Neste ano, cumprimos mais uma etapa para abrir estes caminhos.

Márcia Dias: A edição de 2013 do Tempo_Festival apresentou uma programação provocativa e apontou novos caminhos para as artes cênicas. Propôs ao público e ao setor reflexões emergentes, trazendo a tona assuntos de importância relevante para a indústria cultural, como o acesso democrático à produção artística de vanguarda nacional e internacional, a exportação da cultura brasileira, a profissionalização e sustentabilidade do mercado e a confirmação da importância dos Festivais na irradiação e difusão da produção artística.

Bia Junqueira: Foi grande encontro festivo, reflexivo, construtivo, múltiplo em linguagens artísticas, em experiências estéticas que apontam para novas possibilidades de compreendermos e experimentarmos o tempo, o espaço, a linguagem, a condição humana. Como, por exemplo, as peças do recorte espanhol, Coelho Branco, Coelho Vermelho, a ocupação da EAV Parque Lage, onde desenvolvemos obras em parceria com a instituição francesa FRAC Lorraine, colocando em contato artistas plásticos internacionais, nacionais e alunos da escola em um único espaço. Uma grande reunião que se prolongou ao longo dos nove dias, onde buscamos provocar e fomentar novos encontros, como o 1º Encontro Artes Cênicas & Negócios e o Occupation na Gamboa.  Agora, o desafio do Tempo_Festival é a continuidade, ter meios para planejar, fomentar e desenvolver projetos e parcerias e assim manter-se conectado ao seu tempo.

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