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Jovens tardes para a terceira idade

O Rio, ensina o IBGE, é a capital brasileira com a maior proporção de idosos em relação à sua população total. Modéstia à parte, a turma por aqui também é das mais animadas, como constatou o produtor Flávio Loureiro. Em março de 2015, ele e Fernanda Santos, antiga responsável pela programação do Teatro Rival, […]

Por Pedro Tinoco SEGUIR SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 17h30 - Publicado em 25 Maio 2016, 22h45

Renato, Roberto e Ronaldo 21_GOLDEN_FotoPatriciaFreixo_Baner (/)

Os irmãos Renato, Ronaldo e Roberto em foto de Claudia Figueiredo: sucesso na programação da série no ano passado, o grupo vocal Golden Boys volta ao Imperator no dia 20 de julho

O Rio, ensina o IBGE, é a capital brasileira com a maior proporção de idosos em relação à sua população total. Modéstia à parte, a turma por aqui também é das mais animadas, como constatou o produtor Flávio Loureiro. Em março de 2015, ele e Fernanda Santos, antiga responsável pela programação do Teatro Rival, estrearam Quartas Brasileiras, projeto de shows realizados à tardinha, no meio da semana, no Imperator. A aposta em uma casa grande, e em horário, digamos, arriscado, revelou-se um tremendo acerto. A programação vespertina no Méier rendeu momentos memoráveis, várias apresentações de casa cheia e levou a dupla a replicar o projeto na Sala Baden Powell – em Copacabana, a série Tardes Musicais recebe, nesta quinta (26), às 16h30, a gloriosa cantora Áurea Martins e o pianista Zé Maria Rocha às voltas com o repertório de Lupicínio Rodrigues. Seguem, abaixo, uma conversa com Loureiro, sobre essa agradável aventura musical entre vovôs e vovós, e um trechinho em vídeo de recente (e emocionante) apresentação do Quarteto em Cy no Imperator.

O PAPO COM FLÁVIO LOUREIRO

De onde veio a ideia da vesperal no Imperator?

A iniciativa, justiça seja feita, começou há dois anos com as apresentações do cantor Márcio Gomes. O show, de standards nacionais e internacionais, pegou, definitivamente, segue firme e forte, as senhorinhas adoram, vive cheio. Eu e Fernanda (Santos) apresentamos uma proposta no ano passado, com vários artistas e produtores como parceiros. Começamos com Zezé Motta, em março, depois vieram Alaíde Costa e Áurea Martins. Em maio, com os Golden Boys, atingimos a lotação da casa, 690 lugares. Em junho, Leny Andrade e Miele lotaram mais uma vez e perguntamos à produção local se poderíamos fazer uma sessão extra. Com o sinal verde, fizemos a segunda sessão, também com casa cheia. Imagina, é um público enorme, com empolgação contagiante. Jerry Adriani, em outubro, Wanderley Cardoso, em novembro, e um Tributo a Ivan Lins, com participação dele, em dezembro, também tiveram sessão dupla.

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Como vocês definem a programação? Fazem algum tipo de pesquisa?

O negócio funciona de forma muito espontânea. Agora, em maio, no show do Quarteto em Cy, subi no palco para anunciar a programação de julho e agosto: Golden Boys e Danilo Caymmi, respectivamente. A plateia foi ao delírio. Quando acaba o show, elas correm para a bilheteria e já garantem o ingresso seguinte, compram com muita antecedência. Algumas vezes constatamos a lotação da casa um mês antes. O pessoal da bilheteria, que é ótimo, aliás, como toda a equipe de profissionais do Imperator, garante a nossa pesquisa. Eles assuntam com as senhorinhas e depois contam para a gente: “olha, elas gostam de Fulano, já Beltrano elas não curtem muito não”. Aí a gente corre atrás. Quando estava no palco, anunciando as próximas atrações, brinquei de IBGE e perguntei como o público se inteirava da programação, entre outras coisas. Na maioria, a plateia é composta de mulheres, moradoras da Zona Norte, que se informam direto na bilheteria – às vezes indo lá todo dia para saber das novidades.

Como esse público tão específico se comporta durante o show?

É uma turma empolgadíssima. É uma experiência diferente, desde o começo. Você dá boa tarde, e não boa noite. Elas querem tirar foto depois, querem conversar, adoram, cantam junto o show inteiro. Lembro que Zé Renato, atração de julho de 2015, e Leila Pinheiro, que cantou lá mais recentemente, em fevereiro, ficaram comovidos com a recepção. Ele comentou que nunca tinha visto plateia tão calorosa. Alaíde Costa chorou. Tem uma senhora que sempre compra os ingressos das amigas. Detalhe: são 98 senhoras.

O que a plateia pode esperar da programação em 2016?

Desde o começo do ano, expandimos o projeto para a Sala Baden Powell, em Copacabana, com as Tardes Musicais. Temos Alaíde e Zé Maria Rocha interpretando Lupicínio agora, na quinta (26), Marcos Sacramento e o violonista Luiz Flavio Alcofra no dia 8 de junho, Ithamara Koorax e o violonista Marcel Powell, filho do Baden, em 15 de junho. No Méier, Soraya Ravenle e Marcelo Caldi se apresentam no dia 22 de junho e, em 20 de julho, os Golden Boys estão de volta. Os músicos trabalham pela bilheteria, não tem cachê, mas a receptividade dos artistas tem sido grande. Além do bom retorno, quem já subiu no palco viu que parte do pagamento vem em calor humano.

VÍDEO DO SHOW DO QUARTETO EM CY, REALIZADO NO COMEÇO DE MAIO, NO IMPERATOR (notem que Eu Sei que Vou Te Amar, de Tom e Vinicius, ganha coro afinado da plateia)

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