A revitalização do MAM
Museu anuncia em breve novo diretor-artístico, residentes e bolsistas do Bloco Escola e prepara reabertura da exposição Irmãos Campana
Boas notícias chegam do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro nas próximas semanas. Uma delas é o anúncio do novo diretor-artístico, resultado da chamada internacional sul-americana realizada do início de maio a junho, bem no meio dessa pandemia da Covid-19. A chamada aberta teve mais de cem candidaturas e chegou a cinco finalistas. Essa é apenas uma das muitas novidades que o MAM Rio vem preparando desde que a nova equipe comandada por Fabio Szwarcwald assumiu a gestão do museu em janeiro desse ano, e que integra um conjunto de ações de reposicionamento do museu.
Outra novidade, em meio à quarentena, é a reabertura do Bloco Escola, espaço de aprendizado, discussão e criação artística, e da participação da Residência Artística Internacional Capacete, a residência artística internacional mais antiga do país. Foi lançada uma convocatória através de edital de bolsas de pesquisa e residências. O programa de residências vai contemplar 12 artistas, a contar de agora e com duração de cinco meses. O segundo programa concederá seis bolsas de pesquisa ao longo de um semestre, a partir de setembro. Os candidatos podem se inscrever em apenas uma das chamadas.
“A parceria MAM | Capacete traz a oportunidade de abertura do museu para uma nova interação com projetos culturais de grande relevância no cenário nacional e internacional. O MAM está apoiando os processos que sustentam a teoria-prática da arte, buscando a reflexão da mesma a partir do novo cenário que se apresenta pela frente. A parceria sinaliza que o museu se permite ser uma instituição mais orgânica e conectada com a sociedade”, afirma Szwarcwald.
Foi esse conceito de organicidade que levou à realização de uma pesquisa, realizada em maio, sobre o olhar dos cariocas acerca do museu. Foram ouvidas 793 pessoas em busca de uma maior aproximação com o público. “A pesquisa nos trouxe informações sobre como o carioca vê o museu e o que espera dele. Isso foi fundamental para criarmos o plano de revitalização”, conta Lucimara Letelier, diretora adjunta Institucional do MAM.
O resultado foi que o carioca espera estar mais próximo do MAM. Foram apontadas na pesquisa uma maior integração com causas contemporâneas, uma maior integração com a própria cidade e a abertura de atividades que contemplem públicos mais diversos, para maior sentimento de pertencimento do próprio cidadão nos espaços do museu.
Dentro dessa perspectiva, algumas ações já haviam sido planejadas, como a retirada do filme solar dos vidros do térreo, que “escondiam” a parte interna do museu, muitas vezes inibindo inclusive o público que passa pelo local. Essa ideia de portas abertas pode, de fato, ajudar não apenas a aumentar a visitação do museu por novos públicos, mas também levá-los a participar das atividades. Além disso, criar uma rede com os atores locais da própria cidade, como a Cinemateca do MAM, o cinema Odeon e outro equipamentos do entorno.
“Esse processo de profunda transformação institucional envolve novas ideias, novos fluxos de trabalho e novas atitudes, em um movimento de potencialização das ações que já eram realizadas no museu, em consonância com seu histórico, e de acolhimento de todos que desfrutaram da efervescência dos diversos espaços do MAM Rio, incluindo públicos que nunca visitaram a instituição”, afirma Lucimara.
Outra boa notícia é a reabertura em setembro da exposição “Irmãos Campana – 35 revoluções”, a maior dedicada aos designers, com instalações inéditas e obras desenvolvidas ao longo das últimas décadas. A exposição teve início no dia 14 de março, mas dois dias depois foi interrompida, com o anúncio da quarentena em virtude do coronavírus e as medidas de isolamento social. Ficou aberta ao público por apenas quatro dias, e, agora com as medidas protocolares de saúde estabelecidas será possível de novo abrir à visitação.
As ações desse processo de transformação buscam coerência com o projeto original do museu, pautado pelo tripé arte-educação-cultura. Com esses gestos, o MAM assume uma plataforma de aprendizado vivo em âmbito nacional e internacional e amplia suas bases de diálogo e experimentação. É bom lembrar que o MAM Rio tem um dos mais importantes acervos de arte moderna e contemporânea da América Latina, com cerca de 15 mil obras.
Quem quiser saber mais do que vem por aí, segunda-feira, dia 17 de agosto, às 19h, Lucimara Letelier é minha convidada no projeto de lives Cena Carioca, no canal do Instragram da @vejario.
Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.