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Por Rita Fernandes, jornalista
Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca
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Todo mundo espera alguma de um sábado à noite

De como fui e voltei de Recife, vencendo mais de 2 000 km em plena quarentena pela live de Martins, e quanta coisa boa existe além das nossas fronteiras

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Atualizado em 23 mar 2020, 18h35 - Publicado em 23 mar 2020, 18h32

Sábado à noite fui a Recife, fui e voltei e não foi de avião. Peguei caminho de tráfego engarrafado, que tem nos permitido idas e vindas numa nova rotina: as vias da internet. Substantivo feminino, a rede de computadores (e agora também de celulares) espalhados por todo o planeta, que trocam dados e mensagens por meio de um protocolo comum, está unindo cada dia mais e mais pessoas. Gilberto Gil, sem saber o que reservava o século seguinte, já cantava “Eu quero entrar na rede, promover um debate, juntar via Internet”, isso lá no ano de 1995.

Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite e eu fui parar na live de Martins, jovem artista pernambucano que por essas bandas de cá pouca gente ainda conhece. Foram quase duas horas de música e poesia. Cardápio pra lá de necessário numa hora dessas. Turbilhão de afeto, parecia até festa na sala de Juliano Holanda, o catalisador da atual música pernambucana. Só que com mais de 1.200 pessoas, tudinho ali conectado.

Martins colocou todo mundo pra cantar com Me Dê e Queria ter pra te dar (Ashlley Melo/Divulgação)

A doçura de Martins potencializa tudo. Especialmente sentimentos que andam à flor da nossa pele, e que ele canta tão bem como em Queria ter pra te dar – “Preciso que tu venhas, me desconfigurar” –, e a gente precisando tanto ser reconfigurado pra entender o que está acontecendo, mudar comportamentos. Martins pôs todo mundo pra cantar em Me Dê, seu hit gravado por outro pernambucano ultra maravilhoso, Almério. Descobri que a gente canta virtualmente, nas frases das músicas que iam subindo uma a uma, vindas dos ali presentes.

Minha experiência me fez pensar em quanta gente talentosa tem por aí nesse mundão. Essas ruas virtuais podem nos levar tão longe e a gente muitas vezes acomodado no mesmo sofá de sempre. Naquela sala virtual estavam alguns dos melhores músicos da jovem cena pernambucana. PC Silva, Marcelo Rangel, Almério, e ainda tinha Juliano Holanda. Ansiava para que aparecessem também as meninas, Isabela Moraes, compositora e cantora de tremenda potência e que lança em breve seu primeiro disco, e a exuberante Gabi da Pele Preta. Mas não rolou.

A sala de Juliano Holanda, em Recife, é um templo (Beto Figueiroa/Divulgação)

Juliano Holanda tentou uma participação, mas a conexão não permitiu. Juliano é um capítulo à parte nessa conversa. É na casa dele, no bairro de Santo Amaro, que quase tudo acontece quando o assunto é a cena musical pernambucana, que ele prefere chamar de movimento. É um dos compositores mais talentosos que eu conheço, com mais de 150 músicas gravadas e 50 discos produzidos. Ele tem o poder de juntar pessoas e de fazer lindas canções. Lá em Recife a sala de Juliano e Mery é um templo.

Almério é som e luz, de doer olhos, ouvidos e corações de tão bom. Sua voz e presença não se explicam. Muita sorte quem já o viu no palco, em duplas, em trios, em múltiplos, mas principalmente em solos. Vencedor na categoria Revelação do Prêmio da Música Brasileira, em 2018, por duas vezes o menino de Altinho, cidade do interior de Pernambuco, esteve no Rock In Rio. Primeiro em 2017, em show com Liniker e Jonny Hooker, e depois em 2019 como convidado da Jam Session do Palco Sunset. Aqui no Rio, ele nos presenteou muitas vezes, mas não esqueço o show histórico com Mariene de Castro, no Teatro Net, e um muito reservado na Casa de Pedra da Gávea – ambos de tirar o fôlego e nos levar a outras esferas. Deus permita que essa quarentena passe logo, pra poder ver Almério em carne e osso novamente. Enquanto isso, fico com a live que ele vai fazer na próxima quinta-feira, dia 26, às 19h.

Almério no Teatro Santa Isabel, na capital pernambucana (Juarez Ventura/Divulgação)

Divido com vocês esse pequeno passeio pela música de um outro estado porque acredito que essa é uma boa hora para rompermos nossas próprias fronteiras. E aqui falo das internas. Hora de valorizar o que é simples, o que é belo, o que nos faz bem à alma, e o que pode ser traduzido em afeto. Vamos com força, vamos sobreviver. Vamos nos levando uns aos outros.

Para quem quiser conhecer o trabalho desses artistas:

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Martins
https://www.youtube.com/watch?v=II6syNxcZAU
https://www.youtube.com/watch?v=m6H0bEnKPFw&list=PLQoPKyz-KGWfhym5jCeSMI7nXdE7oVyK-
https://www.youtube.com/watch?v=rv-o69l5Nxc

Almério
https://www.youtube.com/watch?v=cSbZj2MfWkM
https://www.youtube.com/watch?v=brB0hsEVmkc
https://www.youtube.com/watch?v=utwlrIiJXag

Juliano Holanda
https://www.youtube.com/watch?v=qRf7YF1Gb0U&feature=youtu.be
https://youtu.be/Qp1ca2I4Vm0

Almério, Martins e Juliano
https://www.youtube.com/watch?v=nm45VGGrKr0

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