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Por Rita Fernandes, jornalista
Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca
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Novas Frequências: dez anos de música experimental e arte sonora

Festival comemora dez anos com propostas sonoras multilinguagem e faz homenagem à pioneira da arte multimídia, Jocy de Oliveira.

Por Rita Fernandes
19 nov 2020, 13h40

‘X’ de indefinição, de incógnita, oposição, enfrentamento, ruptura, negação, colaboração, pluralidade, feminino, não-binarismo e de tantos significados. Essa é a explicação do diretor e curador do festival Novas Frequências, Chico Dub, para o tema da edição comemorativa dos dez anos do projeto, que será realizada de 1 a 13 de dezembro exclusivamente de forma virtual.

“O conceito que pauta a programação do Novas Frequências 2020 é a letra “X”. Como número romano, pelos nossos dez anos, mas também pelos tantos significados que o X carrega. Essa é uma data histórica para a cena de música de experimental no país e isso precisa ser grifado com todas as cores. Não foi fácil chegar até aqui e 2020 não está sendo fácil, como não será continuar no futuro próximo”, diz Chico.

Festival do ano passado ocupou diversos espaços no Rio, como o MAM, mas esse ano será totalmente virtual. (Foto Francisco Costa_I Hate Flash/Divulgação)

Considerado o principal evento sul-americano de música experimental e arte sonora, essa edição apresenta 43 propostas chamadas de “comissionadas”, ou seja, criadas especialmente para o Novas Frequências, por artistas provenientes de 13 estados do país, que poderão ser assistidas no próprio site do festival.

Pela primeira vez na história do projeto, a programação será 100% brasileira e essa é uma escolha política, segundo Chico. “No momento em que a já fragilizada música de invenção se apresenta de forma ainda mais delicada, é completamente necessário dar apoio à classe artística local”. Ainda assim, parte da programação traça pontes com outras cenas e geografias globais a partir do convite a artistas brasileiros residentes no exterior.

Destaque para Jocy de Oliveira, a precursora da arte experimental, que será homenageada. (Divulgação/Arquivo pessoal)

E o projeto vem com tudo, mesmo nesse cenário tão difícil de pandemia da Covid-19. Como ponto alto, o festival flerta com outras linguagens artísticas, para além da música, com destaque para propostas sonoras multilinguagem muito potentes. Destaque para a participação de Jocy de Oliveira, 84 anos, pianista, compositora e precursora no Brasil em obras multimídia. Joci foi a primeira mulher a ter uma ópera encenada no Theatro Municipal de São Paulo, e ganha uma releitura imagética com assinatura da artista visual e radiofônica Lilian Zaremba de duas de suas peças para voz e eletroacústica – La Loba e Naked Diva, respectivamente de 1995 e 1998 –, regravadas especialmente para o Novas Frequências no estúdio do LabSonica, o laboratório de experimentação sonora e musical do Oi Futuro.

Imperdível também: a interpretação da peça radiofônica “Para acabar com o julgamento de Deus”, de Antonin Artaud, realizada pela atriz, dramaturga e diretora de teatro Grace Passô; a leitura de trechos do diário de quarentena do escritor e cineasta João Paulo Cuenca misturadas à trilha sonora composta pelo próprio autor e o compositor Barulhista; e os trabalhos do cantor, músico e compositor Negro Leo, entre uma programação de peso que vai ocupar treze dias de dezembro.

Captar as frequências e alcançar a potência sonora ideal são ações fundamentais do projeto. (Divulgação/Arquivo pessoal)

Mas não pensem que o Novas Frequências vem na forma de lives ou outros formatos de música ao vivo. A turma partiu para novas experiências, propondo formatos de apresentação diferentes e dinâmicos. Até mesmo porque um dos conceitos mais importantes do projeto é o alargamento das fronteiras sonoras, como explica Chico Dub. “Live sempre me pareceu uma espécie de simulacro do que acontece na realidade e que a parte estética e de experiência – marca do projeto – perde muito”, diz.

A questão era como transpor o universo da música instrumental e da presença do som para o ambiente virtual. Como captar as frequências e alcançar a potência sonora ideal, fundamentais no projeto.

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“Não era por aí que eu queria levar o festival. Entendo que esse formato uma espécie de grito de amor dos artistas com o público, nas quais eles se mostram como são, em suas casas, sem produção. Essa intimidade do artista com o público foi a grande potência das lives, mas a parte estética fica muito prejudicada”, diz.

Quem quiser conferir toda a programação, está tudo lá nos endereços:

https://www.novasfrequencias.com

https://www.facebook.com/novasfrequencias

 

Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.

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