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Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga
Educação
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Educação: é preciso ter avaliação justa

O aluno não aprende com provas. Apenas ganha uma nota. Mas o que importa mais, ter uma nota ou aprender?

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 19 jan 2021, 17h38 - Publicado em 19 jan 2021, 15h09

  A ausência de metade dos alunos inscritos no ENEM de domingo, aponta para uma causa imediata – o temor da aglomeração. Mas também se pode inferir um aspecto não explicitado, que é o fato do atual sistema de ensino e avaliação estar ultrapassado diante de uma realidade em transformação, que muda sonhos, aspirações, crenças, valores.

      A prova do ENEM procura evitar injustiças ao aplicar um mesmo exame para todos, sem levar em conta o contexto social dos concorrentes, o que acaba evidenciando desigualdades.

      Não é difícil deduzir que alunos de famílias de alta renda têm vantagens na preparação para o teste. É uma vantagem que começa no nascimento. Os anos de formação dessa criança privilegiada lhe permitem que – no teste – ela entre no meio do caminho. A quota para negros aliviou, mas muito pouco, porque o problema é muito mais amplo e complexo.

      Tenho muitas dúvidas sobre a possibilidade de uma avaliação justa, aplicada no mesmo dia, numa mesma hora, a alunos de diferentes escolas, diferentes contextos sociais, diferentes faixas de renda, com diferenças raciais.

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      Mesmo numa turma de escola, não acredito em avaliações por prova. Prova é uma ação burocrática. O que o aluno aprende numa prova? Faz a prova para ganhar uma nota. Mas o que importa mais, ter uma nota ou aprender? Quantas vezes já dissemos “estudei tudo para uma prova, mas esqueci”?

      O aluno tem que perceber que a avaliação é dele, porque é o interessado em aprender. Ele pede ao professor para ser avaliado. Pode ser numa conversa, num teste, num trabalho, até numa prova, os dois decidem a forma. Os pares também dão opinião sobre o assunto.

      O funcionamento de uma turma deve ser o inverso do que se costuma fazer. Numa sala de aula, tudo costuma ser do professor, quando deveria ser do aluno. Os trabalhos são do aluno, a aprendizagem é do aluno, a avaliação é do aluno. Ninguém melhor do que ele para saber o quanto aprendeu, o que não compreendeu. Ele não constrói sozinho essas atitudes e comportamentos, que começam cedo, respeitando-se a faixa de idade.

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      O professor, referência fundamental de adulto experiente, orienta os alunos com mão segura e amorosa. Incentivando esse tipo de procedimento na educação, é possível perceber que a educação moral é inseparável da educação intelectual. Para formar o aluno que cuida de si e dos outros, que se interessa pelo conhecimento, que confia no professor, é preciso mudar a maneira de se educar as crianças desde que são pequenas.

      Avaliar não é castigo nem pegadinha. Separar as carteiras no dia de prova é um reconhecimento da fragilidade moral da turma, o que é inaceitável.  A avaliação é parte da aprendizagem e da construção moral e intelectual.  

      Esse modo de compreender a educação e a aprendizagem muda radicalmente as relações numa sala de aula. E numa escola. 

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