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Por Analice Gigliotti, Elizabeth Carneiro e Sabrina Presman
Psiquiatria
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Você merece um Ano-Novo?

É tempo de avaliar o quanto estamos comprometidos com as mudanças que desejamos

Por Analice Gigliotti
Atualizado em 5 jan 2021, 13h26 - Publicado em 5 jan 2021, 13h16

Começo de um novo ano é sempre tempo de balanços. Depois de um ano traumático como foi 2020, essa sensação é ainda mais forte. É uma época em que ficamos mais melancólicos e, inevitavelmente, pensamos no que deixamos para trás, no que queríamos e não conseguimos, naqueles que partiram.

Porém, um novo ano também é tempo de renovar as esperanças. Depois de meses distantes dos amigos, parentes e colegas de trabalho, a promessa da chegada da vacina contra a Covid-19 vem de encontro ao nosso anseio de estar mais próximo novamente: nos abraçarmos e nos beijarmos, sem medo. Por tudo isso é que a perspectiva de 365 dias novinhos serve de alento e força para encarar o que virá pela frente.

É o momento de criar ou reiterar os votos consigo mesmo e definir para onde aponta o seu desejo em 2021. E é aí que mora o perigo. Seguramente, na lista de desejos da maioria das pessoas está emagrecer ou ter saúde ou arrumar um emprego ou um novo amor… A lista pode ser extensa. Mas o quanto cada um está genuinamente comprometido com esse desejo ou o quanto está esperando que ele caia do céu, presenteado por uma força maior?

Lembro que um amigo, desempregado, dizia que “estar desempregado era o seu emprego”, isto é, ele se empenharia em reverter esse quadro oito horas por dia, como se estivesse em um escritório. E assim ele fez: acionou contatos no Linkedin, procurou colegas em antigas empresas, distribuiu currículos, entrou em contato com head hunters, agendou entrevistas. Em questão de semanas, ele conseguiu se recolocar. Falando assim, pode parecer fácil, mas não foi. O que fez a diferença foi a fidelidade ao compromisso de arrumar um emprego.

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Quantas pessoas você conhece que prometem emagrecer no ano que se inicia, mas logo estão se permitindo pequenos “roubos” na dieta? E aquela outra que quer arrumar um namorado, porém é mestre em apontar defeitos nos outros (muitas vezes sem reconhecer os seus próprios)? Também tem aquele que quer juntar dinheiro, mas é incapaz de abrir mão de qualquer prazer para poupar. Os exemplos são muitos. O meu ponto é: não basta querer, é preciso fazer por onde para que os desejos se concretizem.

O estabelecimento de pequenas metas, factíveis, ajuda nessa tarefa. Ao invés de perder 24 quilos em 2021, que tal perder apenas dois quilos por mês? Ou então, ao invés de prometer juntar uma quantia vultuosa no final do ano, o que acha de economizar 10% da sua renda por mês? Quando dezembro chegar, você terá mais de um salário de poupança. Ou que tal substituir o grandioso – e vago – projeto de “ter mais saúde” por pequenos passos, como largar o cigarro, usar máscara, praticar exercícios e se alimentar bem? No final das contas, vai dar no mesmo, mas são estratégias que tiram o peso sobre os ombros de metas que parecem inalcançáveis. Grupos de autoajuda usam a expressão “só por hoje”. E é esse o espírito da coisa: as pequenas conquistas do “hoje” constroem a grande vitória de “amanhã”.

Depois de um ano que exigiu sobremaneira de todos nós, o que pudermos fazer a nosso favor, será muito bem vindo para a nossa saúde mental. As tão sonhadas mudanças a cada novo ano iniciam-se, sempre, dentro da gente. Portanto, um bom começo é ser honesto consigo mesmo. Priorizar pode ser a palavra-chave para quem quer chegar em dezembro com a prazerosa sensação de conquista de uma meta.

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É como recomendou o gigante Carlos Drummond de Andrade no poema “Receita de Ano Novo”:

“Para ganhar um Ano Novo

que mereça este nome,

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você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo novo.

Eu sei que não é fácil,

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mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.”

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Que você, leitor, faça por merecer e desperte o Ano Novo que cochila dentro de você.

Feliz 2021!

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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