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Por Analice Gigliotti, Elizabeth Carneiro e Sabrina Presman
Psiquiatria
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TV brasileira: há 70 anos educando um país

Com tantas diferenças sociais e um Estado omisso, é a televisão quem ocupa o papel fundamental de informar e educar a população no Brasil

Por Analice Gigliotti
Atualizado em 15 set 2020, 12h26 - Publicado em 15 set 2020, 11h54

Na próxima sexta-feira, 18 de setembro, completam-se exatos 70 anos que a TV brasileira entrou no ar pela primeira vez. Foi nesse dia que a TV Tupi fez a primeira transmissão televisiva nacional. A televisão faz parte da minha vida de um modo especial. Desde a minha infância, ela sempre esteve na sala de casa, assim como na de milhões de brasileiros. Mas a TV brasileira foi – e ainda é – o terreno para exercício do talento de gerações da minha família: meu tio Chico Anysio, minha mãe Lupe Gigliotti, minha irmã Cininha de Paula, e meus primos Marcos Palmeira, Lug de Paula, Nizo Neto, Bruno Mazzeo, e minha sobrinha Maria Maya para citar apenas alguns. Eu mesma quando criança, cheguei a participar como atriz de duas novelas e de um programa de humor do meu tio. O que para os outros era só divertimento, na minha família era trabalho.

Depois, já adulta e formada em Medicina, pude testemunhar o poder da televisão na educação do povo brasileiro. Não menciono apenas o estudo formal, que o Telecurso ofereceu por anos aos mais recônditos cantos do Brasil, com comprovada eficiência. Refiro-me ao jornalismo televisivo que, com seu alcance nacional, possibilita comungarmos todos das mesmas notícias e, assim, construir a identidade de um país único. O jornalismo nos lembra diariamente que padecemos das mesmas mazelas e sorrimos das mesmas alegrias: somos todos brasileiros.

Como médica, afirmo que o caráter informativo do jornalismo é ferramenta fundamental. Quantas doenças foram erradicadas pela força da mobilização da TV na divulgação das campanhas de vacinação? Quantos absurdos ou mentiras sobre doenças, como a AIDS, foram desconstruídos por meio do trabalho profissional dos repórteres? Agora, em meio a pandemia mais agressiva do nosso século, o jornalismo televisivo foi a fonte confiável a que todos recorremos, longe de negacionismos oficiais e fakenews danosas.

Mas é assistindo ficção que a audiência é fisgada em toda sua potência. O Brasil é o país que produz mais e melhores novelas, reconhecidas em todos os mercados de entretenimento do mundo. Se um dia alguém quiser entender como era o cotidiano do brasileiro na segunda metade do século XX, basta que assista às produções de teledramaturgia.

Em um consultório médico, conversando com pacientes, constatamos a força de conscientização popular trazido pelas personagens das novelas. O alcoolismo de Heleninha Roitman, em “Vale Tudo” e de Orestes em “Por Amor”, levaram para dentro de milhões de lares a discussão sobre os danos da dependência do álcool. As interpretações viscerais de Debora Falabella em “O Clone” e Grazi Massafera em “Verdades Secretas” mostraram como a maconha e o crack podem se tornar uma dura realidade na vida da classe média. São tramas e personagens que fazem parte do imaginário popular, com maior poder de informação que qualquer campanha oficial.

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Em um país com tantas e tão gritantes diferenças sociais, com um Estado tão omisso frente às suas obrigações básicas, é a televisão quem se ocupa o papel fundamental de informar e educar a população. Homenagear as sete décadas da televisão brasileira é, de certa forma, celebrar um pouco a história e o legado da minha família e isso me enche de orgulho.

Que venham os próximos 70 anos!

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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