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Por Analice Gigliotti, Elizabeth Carneiro e Sabrina Presman
Psiquiatria
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O controle da pandemia e a atrofia social

A sociabilidade é como um músculo que precisa ser exercitado

Por Analice Gigliotti
Atualizado em 29 out 2021, 10h28 - Publicado em 29 out 2021, 10h25

Face à redução do número de casos e internações por Covid-19, em queda há nove semanas consecutivas, a Prefeitura do Rio liberou os cariocas do uso obrigatório de máscaras em lugares abertos. O prefeito também já acenou a intenção, no meio de novembro, de reverter a obrigatoriedade do utensílio em lugares fechados – à exceção de transporte público e hospitais -, conforme a imunização completa for alcançando mais pessoas. O uso das máscaras, portanto, passa a ser uma escolha pessoal.

Os dois movimentos sinalizam mais um passo rumo à concretude do que seria o controle da pandemia. A cobertura vacinal está alta, com mais de 70% dos adultos com a imunização completa, as crianças já voltaram às escolas, muitos adultos já não estão trabalhando mais em sistema de home office, teatros, cinemas, casas de show e restaurantes se preparam para receber 100% de sua capacidade de público. A mídia se apressa em dizer que a próxima estação será o “maior verão da história”. Nunca tivemos tão próxima a sensação de fim deste momento crítico.

Porém, na contramão desse sentimento, é possível observar certa resistência à volta ao que seria a “normalidade”. É comum ouvirmos que pessoas permanecerão usando máscara, mesmo diante da liberação das autoridades políticas e sanitárias. Outros ainda não se sentem totalmente à vontade para o convívio social em lugares públicos, mesmo que abertos e com ventilação abundante. São efeitos colaterais do que podemos definir como uma atrofia social.

O homem é um ser coletivo, nos definimos e justificamos pelo convívio com o outro. No entanto, nossa característica mais elementar foi, obrigatoriamente, interditada por razões alheias à nossa vontade. Sem aviso prévio, nos vimos submetidos à comunicação por telas, por tempo demais. A sociabilidade é como um músculo que precisa ser exercitado. E o fato é que, nos últimos meses, o “músculo” social de muita gente atrofiou por falta de uso. Alguns confessam até preferir a vida reclusa às obrigações sociais. A pandemia virou a desculpa perfeita para o isolamento sem culpa. Mas assim como qualquer outro músculo do corpo, só ganha tônus ao ser exercitado.

Nenhuma pandemia na história da Humanidade durou para sempre. A pandemia de coronavírus também não irá permanecer. Portanto, assim como houve a defesa enfática da ciência quando a recomendação era o isolamento social, é necessário ser coerente e permanecer ao lado dos comitês científicos quando eles sinalizarem que é seguro retomar as atividades sociais coletivas e suspender o uso das máscaras.

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Quem já passou pela experiência de voltar à prática de exercícios físicos depois de um tempo parado, sabe como é: o corpo reage e os músculos doem. Mas depois de alguns dias, esquecemos da prévia condição sedentária. Permitir-se a retomada do convívio social, com segurança e responsabilidade, também é um gesto de saúde.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

 

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