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Por Analice Gigliotti, Elizabeth Carneiro e Sabrina Presman
Psiquiatria
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“Soul”: por que todo mundo deve assistir?

Nova animação da Pixar é uma aula de bem viver

Por Analice Gigliotti
Atualizado em 15 jan 2021, 21h55 - Publicado em 15 jan 2021, 10h24

Em meio a um mundo de filmes e series encharcados de violência ou do tipo “meu amor é todo seu” – que são meras variações sobre o mesmo roteiro -, há uma pequena pérola à sua espera no streaming da Disney, que acaba de chegar ao Brasil. Se você ainda não viu “Soul”, novo desenho de animação da gigante Pixar, não perca mais tempo. É o filme perfeito para se assistir no começo do ano, ainda mais depois do extenuante 2020. “Soul” está repleto de ensinamentos de bem viver. Mas nada embalado em forma didática ou maioral. Ao contrário, o desenho é um deleite bem humorado para os olhos.

O filme conta a história de Joe Gardner – o primeiro protagonista negro da Pixar –, um músico que morre ao cair num bueiro, pouco antes de realizar o grande sonho da sua vida (sem spoiler!). Ao tentar fugir do chamado “Grande Além” para recuperar sua vida, ele acaba caindo no “Grande Antes”, onde almas de crianças à espera de terem a oportunidade de nascer definem suas personalidades e descobrem o propósito da vida que ganharão em breve. Acompanhando a jornada de Joe, mergulhamos em questões e sentimentos fundamentais da existência humana: o sentido da vida, o conceito de felicidade, o que são nossos sonhos, e como lidamos com a decepção, perda e frustração, para citar apenas algumas delas.

A Pixar é uma produtora que conseguiu um feito extraordinário: o mesmo filme consegue se comunicar tanto com o público infantil, como com o adulto. Isso aconteceu em “Toy Story” e “Viva – A Vida é uma Festa”, em que a morte ou a rejeição, assuntos fortes ou mesmo tabus para as crianças, foram abordados com leveza e graça. O próprio diretor de “Soul”, Pete Docter, já tinha fascinado os adultos com o imperdível filme “Divertida Mente”, de 2015, em que os personagens encarnavam os sentimentos de alegria, tristeza, raiva, medo e nojo.

Agora a Pixar avança um passo a mais. A beleza de “Soul” está em nos lembrar que diante do mistério da existência, a graça reside em viver a vida como ela é. Em encarar a vida como ela se apresenta a cada dia, aproveitando todas as alegrias e felicidades, mas também administrando frustrações e tristezas. O segredo, portanto, é achar a graça da vida no cotidiano. Viver o tempo todo olhando para o passado ou sonhando com o futuro é a senha para a infelicidade e um desperdício do agora.

A atenção plena no presente já é um estilo de vida com nome próprio: mindfullness, técnica psicoterápica criada por Jon Kabat-Zinn. E ela tem cada vez mais adeptos porque é um aliado na pacificação interna contra a ansiedade e a depressão. A atitude diante da vida é viver a melhor versão de nós mesmos, agora. Tudo fica bem mais leve sob essa perspectiva. Segundo o filme “Soul”, esse é o nosso verdadeiro propósito.

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Já ao final de sua jornada, Joe Gardner conquista o que deseja, mas… o que tanto quis não o preencheu como sonhava. “Achei que ia ser diferente”, ele afirma. Quem não conhece essa sensação? “É chato chegar a um objetivo num instante”, já nos ensinou Raul Seixas. Diante da frustração de Joe, sua colega conta a história de um peixe jovem que procura um peixe mais velho e diz: “Tô procurando um negócio, um tal de oceano”. Ao que o mais velho responde: “Mas você está no oceano!”. “Isso? Isso aqui é só água! O que eu quero é o oceano!”, retruca o mais novo.

“Soul” é uma ótima oportunidade para nos lembrarmos que, assim como o peixinho da história, já estamos no oceano: o momento presente, com todos os seus acertos e descompassos. Cabe a nós não enxergar todo esse potencial de vida apenas como água.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

 

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