É hora de viver 2021
Depois do tsunami de 2020, o ano que se inicia pede a inteligência de viver o momento
O ano de 2020 será lembrado como aquele em que passamos os dias olhando para trás – rememorando como era a vida no tal “velho normal” – ou olhando para a frente – imaginando quando viria a cura do coronavírus. Tais angústias levaram muitas pessoas a desenvolverem ou acentuarem quadros de ansiedade, depressão ou compulsão. Talvez a grande lição de 2020 tenha sido exatamente essa: não viver das alegrias ou dores do passado ou das incertezas do futuro. Só temos o agora e é nele que temos que estar.
Boa parte das pessoas já vive – ou se esforça para viver – com atenção a este pensamento. O mindfullness é o exercício para se manter a atenção plena de conexão com o presente. É uma ação consciente de percepção de limites, do que se deseja e do que é possível dar ou ter, e da intensidade com que cada coisa nos afeta. Segundo Jon Kabat-Zinn, referência no assunto, “ a pratica da atenção plena exerce uma influência poderosa sobre a saúde, o bem estar e a felicidade, como atestam evidências médicas e científicas”.
Chegamos ao final do ano em que tivemos a clareza que não temos controle sobre nada – embora a gente insista em acreditar que tenha controle sobre quase tudo. A atriz Fernanda Montenegro está fazendo um anúncio na TV e nas redes sociais em que encarna o sentimento de esperança e afirma que “ ela não olha para o passado, ela existe para o futuro”. Ou, como escreveu Gilberto Gil na música “Aqui Agora”: “o melhor lugar do mundo é aqui/ E agora bis/ Aqui onde indefinido/ Agora que é quase quando”.
Aos leitores, deixo os meus votos de um 2021 mais leve e com os dois pés no presente!
Elizabeth Carneiro é psicóloga supervisora do Setor de Dependência Química e Outros Transtornos do Impulso da Santa Casa do Rio, especialista em Psicoterapia Breve e Terapia Familiar Sistêmica, diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química e treinadora oficial pela Universidade do Novo México em Entrevista Motivacional.