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Blog do novelista Manoel Carlos
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E você, acredita?

Leia na crônica de Manoel Carlos

Por Manoel Carlos
Atualizado em 3 abr 2017, 14h10 - Publicado em 2 abr 2017, 20h00

“A ideia de Deus, um ser onisciente, onipotente e que, além disso, nos ama, é uma das mais ousadas criações da literatura fantástica. Preferiria, de todo modo, que a ideia de Deus pertencesse à literatura realista.”

São palavras de Jorge Luis Borges que figuram como epígrafe do livro Deus e Eu, de Antonio Monda, escritor italiano que classifica a sua obra como “conversas sobre fé e religião”. É uma edição da Casa da Palavra e a tradução é assinada por Eliana Aguiar. Dos vinte entrevistados, levo aos leitores uma pitada de dez deles, respondendo à mesma pergunta: Você acredita em Deus?

“Não acredito. Mas isso não quer dizer que não considere a religião um elemento culturalmente fundamental da existência.” Paul Auster, americano

“Acredito, mas não gostaria de falar disso. Temo correr o risco da banalidade e esse é um daqueles assuntos em que a conversação mortifica a grandeza do tema.” Saul Bellow, canadense

“Deus é uma coisa que inventamos para poder viver com a consciência da nossa mortalidade. Os cães e os gatos pensam que viverão para sempre e não têm deus algum.” Michael Cunningham, americano

“Creio em uma inteligência interessada naquilo que existe e respeitosa daquilo que criou.” Toni Morrison, americana

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“Creio que nunca acreditei.” Salman Rushdie, indiano

“Não creio que possa dar uma resposta precisa.” Martin Scorsese, americano

“Eu diria que creio que creio.” Derek Walcott, indiano

“Deus é o nome de algo que não entendo e que ninguém pode compreender. E que está em todos os aspectos da natureza: nas girafas, na minha gata Lucy e até nas baratas.” Paula Fox, americana

“Não acredito, mas tenho um interesse profundo pela Bíblia. Não tenho nenhuma hesitação em defini-la como o livro dos livros, mas para mim não tem um valor religioso. Acho que é um maravilhoso livro histórico, com grandes momentos de poesia.” Grace Paley, americana

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“Não acredito. Creio na redenção da arte. Acredito que qualquer caminho pessoal é válido, mas não tenho grande consideração pela religião institucionalizada: em várias ocasiões, tenho visto comportamentos carolas que levam à exclusão. E vejo a corrupção do dinheiro.” Richard Ford, americano

***

Quanto a mim, respondo — ainda que ninguém esteja me perguntando — que acredito em Deus e que aceito tudo o que Ele representa de mistério insondável, impenetrável e incompreensível. Enfim: aceito Deus com todos os seus defeitos.

***

É próprio da natureza humana interessar-se mais pelo que não se vê. Mais objetivamente, pelo mistério, por tudo o que aos nossos olhos permanece oculto, na sombra. E disso temos medo, e desconfiamos do escuro. Se continuarmos andando para dentro do que não vemos, vamos encontrar o quê? A luz ou uma maior escuridão. Esta, de modo geral, mais atraente que a outra. E é por isso que, na ficção, os vilões registram maior sucesso que os heróis. E as bruxas, mais que as fadas e princesas.

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