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Blog do novelista Manoel Carlos
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Alô, alô, M.

  Para mim, a solidariedade foi sempre uma das maiores virtudes humanas. E eu, felizmente, tenho sido testemunha de muitos exemplos, não apenas por conta das minhas novelas na televisão, mas também pela atenção que possam chamar, de vez em quando, estas crônicas quinzenais. Vejo como as pessoas, de maneira geral, se inte­ressam em ajudar […]

Por admin
Atualizado em 25 fev 2017, 19h27 - Publicado em 16 mar 2012, 22h16

 

Para mim, a solidariedade foi sempre uma das maiores virtudes humanas. E eu, felizmente, tenho sido testemunha de muitos exemplos, não apenas por conta das minhas novelas na televisão, mas também pela atenção que possam chamar, de vez em quando, estas crônicas quinzenais. Vejo como as pessoas, de maneira geral, se inte­ressam em ajudar quem precisa de ajuda, consolar a quem de consolo precisa. São muitos os exemplos que eu poderia citar, mas fico com um apenas, mais recente: o do desencontro de M. e R., explícito em cartas que me foram enviadas através da TV Globo, e que estampei aqui na intenção de ajudar o desafortunado casal. Pois bem: se M. continua lendo minhas crônicas, já terá lido as muitas mensagens de solidariedade que me chegaram. E isso, de alguma maneira, a terá consolado.

 

Relembrando a história, começamos com a carta que M. me enviou, contando sua relação com R., um espanhol vinte anos mais velho do que ela. E que a oposição dos seus pais acabou causando a separação do casal. Em seguida, já livre da oposição da família, tenta reencontrar o ex-namorado, desejando reatar com ele, não apenas movida pelo arrependimento, mas também — ou principalmente — para lhe contar que está grávida de um filho seu. A esperança de M. era que R. lesse a crônica e voltasse a procurá-la, uma vez que nos lugares em que contava encontrá-lo não conseguiu notícias do seu paradeiro.

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A crônica atraiu a atenção de vários leitores que se interessaram pela história e se manifestaram prestando solidariedade à jovem grávida apaixonada. Seguiu-se um tempo de silêncio, até que uma nova carta de M. nos contava que R. havia morrido na Espanha e que essa notícia lhe chegara de Madri, em carta enviada pela irmã dele. Terminava a correspondência por me convidar para padrinho de Matias, filho delae de R., nascido nesse intervalo entre as cartas.

A morte de R. despertou nova onda de solidariedade entre os leitores, movidos pela tristeza e pela piedade. Muitos sentiram-se pessoalmente atingidos, como se R. fosse uma relação próxima: um amigo, um parente.

Disso tudo dei conta na crônica seguinte, aguardando uma nova comunicação, mas M. até agora se mantém calada. Se conto isso é para dar uma satisfação aos leitores que se preocupam e querem saber se a história de amor já teve um final e se esse final foi feliz. Por outro lado, também acho que o episódio já está de bom tamanho e o melhor é mandar uma última mensagem a M., acreditando que ela continue minha leitora: Alô, alô, M., comunique-se. Comunique-se de maneira a me permitir que lhe dê retorno. Ou mandando e-mail para a revista ou para mim, diretamente, através do endereço que aparece no fim de cada crônica quinzenal. Ou escreva uma carta (já deu para perceber que você prefere as cartas, envelopadas e seladas),mas coloque seu nome e endereço, para que eu possa lhe dar retorno.

Combinado?

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Se isso não for feito, não terei como continuar a manter essa relação virtual. Virtual, tudo bem, está mais do que comum, mas virtual e anônima não dá.

Encerrando a crônica, deixo aqui os versos de John Donne (1572-1631), um dos grandes poetas ingleses do século XVI,  na tradução de Homero de Castro Jobim. Muitos o conhecem, pois é nome de um dos romances mais cultuados de Ernest Hemingway: Por Quem os Sinos Dobram. Não à toa, esse poema está entre os maiores exemplos de solidariedade entre os homens. Leiam ou releiam. E guardem para sempre.

Nenhum homem é uma ilha, um todo, completo em si mesmo. Todo homem é o pedaço de um continente, uma parte do conjunto. Se o mar carrega um punhado de terra, a Europa é diminuída, como se as ondas tivessem levado um promontório, o solar de teus amigos e o teu. A morte de qualquer homem me diminui, porque pertenço ao gênero humano.Assim, nunca mandes perguntar por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.

 

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