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Por Luciana Brafman, jornalista e professora da PUC-Rio
Economia, finanças pessoais e comportamento financeiro até pra quem não gosta
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Biden e o Brasil: o que muda com as eleições?

Questão ambiental e China são alguns dos itens da pauta externa. Internamente, dever de casa é extenso

Por Luciana Brafman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 nov 2020, 14h58 - Publicado em 9 nov 2020, 11h25

“É a economia, estúpido”. A frase, cunhada na campanha de Bill Clinton, em 1992, contra o então presidente George Bush (pai), que havia ganho a Guerra do Golfo, é atualíssima e revela muito sobre a força da economia em um processo eleitoral. Hoje, ontem ou amanhã, nos Estados Unidos ou em qualquer país do mundo, política e economia são indissociáveis.

A economia americana bombava no inicinho deste ano de 2020, antes de o novo coronavírus aparecer. Jamais saberemos se, sem a pandemia de Covid-19, Donald Trump seria reeleito; muitos especialistas apostavam que sim. O fato é que, em um cenário econômico desfavorável e com um discurso negacionista em relação ao vírus, Trump perdeu e, ao que tudo indica, sendo um bom loser, vai dar adeus à Casa Branca.

Embora não se acredite em mudanças super radicais na terra do Tio Sam – até porque, ao redor de um presidente democrata, haverá também um Senado com força republicana -, a chegada de Joe Biden significará importantes alterações na condução da principal potência do planeta em termos de economia, geopolítica e costumes.

As eleições nos Estados Unidos interessam ao mundo todo. Sobre o relacionamento com o Brasil, algumas pistas já foram dadas, uma delas dita por Biden ainda no primeiro debate eleitoral, em setembro: “As florestas tropicais do Brasil estão sendo destruídas, e mais carbono é absorvido naquelas florestas tropicais do que nos Estados Unidos. Eu iria me juntar para garantir que países, juntos, ofereçam um pacote de US$ 20 bilhões: Está aqui um pacote de US$ 20 bilhões para vocês pararem de desmantelar a floresta. Se não fizerem isso, vão ter consequências severas.”

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Com ou sem retaliações, parece que haverá maior pressão na questão ambiental. Em outros assuntos, o giro não será de 180 graus, já que os líderes americanos costumam ser pragmáticos. É o caso da China. A relação belicosa entre os EUA e o país oriental tende a perder agressividade no discurso. Mas, na prática, a história é outra, e o Brasil está no meio desse rolo. No que diz respeito à decisão de implementação do 5G, os Estados Unidos – tanto o de Trump quanto o de Biden – não querem que a chinesa Huawei, líder global da tecnologia 5G, participe da licitação no Brasil. O imbróglio das vacinas é outro item na lista. Ideologias à parte, como a China é o principal parceiro comercial do Brasil, destino de exportações bilionárias, há uma saia justíssima aí. “É a economia, estúpido”.

Catapultadas pelas redes sociais, as eleições nos EUA criaram um frisson no Brasil. Em alguns lances, parecia até disputa de Copa do Mundo. Não há dúvidas de que o rumo da política americana é determinante para nós, em questões econômicas como as já listadas ou no caso da alta esperada de impostos (impactos na bolsa e no dólar), além de tantas outras. Do ponto de vista da política externa, por exemplo, será preciso redesenhar a atual “estratégia” de governo, que tem como pilar o alinhamento quase que incondicional com a figura de Donald Trump, não com os EUA.

Embora exerçam peso relevante e disseminado na pauta brasileira, os Estados Unidos são outro país. Aqui no Hemisfério Sul, o foco do gigante ainda adormecido deve se voltar também para o próprio umbigo. Há muito dever de casa a fazer. Temos questões internas cruciais para resolver, a situação fiscal é uma delas. Vamos enfrentar um cenário pós-pandemia com uma alta taxa de desemprego, hoje em torno de 14%. E que tal fomentarmos um plano de desenvolvimento de longo prazo? Saúde, educação e segurança inclusos. É muita coisa além de Biden, e são desafios que precisam ser encarados como questões do Estado brasileiro, não de governos. Governos vão e vêm. Nações ficam.

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Uma das principais lições destas eleições nos EUA está na força da participação popular e em seu poder efetivo de mudança. Mesmo com a pandemia, cerca de 70% dos eleitores decidiram votar, em um país onde o voto é facultativo. “Vote” é o slogan. Foi o pleito com participação recorde, em um momento que a insatisfação também era recorde.

Inspirador.

Ainda faltam dois anos para a eleição presidencial no Brasil, quando também serão escolhidos governadores, senadores e deputados. Por outro lado, estamos a poucos dias do exercício de eleger prefeitos e vereadores nos mais de 5.500 municípios. Passada a ressaca das eleições americanas, devemos nos concentrar nas propostas dos candidatos (ou na ausência delas), com a consciência de que o voto é o melhor caminho para mudanças.

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