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Por Julia Golldenzon, estilista carioca
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Sustentabilidade em tempos de pandemia

Como a Covid-19 vem contribuindo para a discussão sobre moda sustentável

Por Julia Golldenzon
Atualizado em 21 ago 2020, 12h47 - Publicado em 13 ago 2020, 15h50

As questões ligadas à sustentabilidade e à necessidade de repensar a indústria da moda vinham ocupando cada vez mais espaço na última década. Mas agora, com a pandemia, estes temas se tornaram ainda mais urgentes. Com a interrupção de todo o sistema de moda em função do isolamento social no primeiro semestre de 2020, o mundo inteiro foi obrigado a repensar pontos que já vinham atravessando uma certa crise, como, por exemplo, as semanas de moda. Para falar sobre este assunto, ninguém melhor do que a estilista Yamê Reis, coordenadora de Design de Moda do Istituto Europeo di Design (Rio de Janeiro) e idealizadora e fundadora do Rio Ethical Fashion, fórum internacional de moda sustentável.  

Quais as consequências da interrupção das semanas de moda presenciais, que viraram digitais? Yamê Reis: Uma temporada de desfiles nas principais capitais equivale a deixar a Times Square acesa por 58 anos. Pode imaginar a quantidade de emissão de carbono em função disso? A gente já precisava repensar tudo, e veio a pandemia e nos obrigou a parar. Agora, a moda está tendo a oportunidade de encontrar novas formas de desacelerar e encontrar novos formatos que não têm impacto tão negativo no meio ambiente.

Qual o impacto da pandemia em relação à sustentabilidade? Em termos globais a moda estava vindo muito bem obrigada antes da pandemia no sentido da economia e de um aumento exponencial da produção. A indústria como um todo continua gerando muito resíduo. A crise que estamos vivendo por enquanto ainda não está se refletindo numa redução desse lixo todo que a moda provoca. Os estudos antes da pandemia mostram que vai haver um crescimento absurdo de resíduo nesses próximos dez anos se continuarmos a trabalhar desta forma. Por outro lado a pandemia está aprofundando as desigualdades sociais inclusive entre os grandes e os pequenos da indústria. Os grandes têm acesso a financiamento e já tinham digitalizado seu negócio, conseguindo atravessar a crise sem abalo estrutural. Os pequenos lutam com dificuldade, e muitos vão sendo derrubados. Então o que me preocupa é que o sistema não tenha estrutura de escape para os pequenos. No caso do Brasil, tivemos muitas novas e interessantes marcas que nasceram nos últimos anos e que são marcas que já surgiram com um novo pensamento, são as marcas de amanhã. É com elas que mais me preocupo.  

Você vê algum lado positivo na pandemia em relação à moda?  Tem sido um momento de muito questionamento de muitas coisas que a gente já vinha pensando e falando. Abriu-se um espaço de escuta para algumas questões como: não precisamos de tanta roupa. Acredito que do ponto de vista pessoal vão ter muitas transformações, como a prática de doar para o outro, de solidariedade, de sermos mais econômicos e menos ostentatórios no pós-pandemia.

A edição do Rio Ethical Fashion deste ano está confirmada? Sim, nos reorganizamos e vamos fazer neste segundo semestre no formato digital. Nos dias 30 e 31 de outubro vamos lançar o portal e as pessoas terão um mês para assistir às palestras e ir baixando os conteúdos. Como as pessoas terão acesso a matérias complementares, como textos e arquivos, haverá a possibilidade de se aprofundar mais no tema. Teremos 15 painéis sobre moda sustentável e algumas lives para networking e debates específicos.  

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Qual a vantagem do formato online neste caso? Ele nos trouxe muitos pontos positivos, como possibilidade de aumentar o público, inclusive em outros países. Todas as palestras terão legendas. Além disso, com o evento online reduzimos as emissões de gases estufa. As pessoas mais comprometidas com a moda sustentável no mundo já questionam a quantidade de viagens em função das emissões de carbono. Muita gente já não queria voar para o Brasil para ficar tão pouco tempo. Algumas marcas, como a Patagonian, contabilizam todas as emissões da empresa e avaliam se as viagens das pessoas da equipe são necessárias ou não. 

Que livros e filmes indica para quem quer refletir mais sobre a relação entre moda e sustentabilidade? Tem os episódios do documentário “De onde vem sua comida?”, produzidos pelo Greenpeace e apresentados pela Alice Braga, que estão nas redes sociais. No Netflix, tem uma série documental super interessante sobre natureza chamada “Nosso planeta”. Entre os livros, tem alguns excelentes para pensar sobre o tema como “Ideias para adiar o fim do mundo”, do Ailton Krenak, e “Moda e sustentabilidade – design para mudança”, de Kate Fletcher e Lynda Grose.

Julia Golldenzon é estilista especializada em festas e noivas. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, ela trabalhou em marcas como Farm e La Estampa e, desde 2013, tem um ateliê no Leblon, que leva seu nome.

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