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Por Julia Golldenzon, estilista carioca
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De coleções passadas às vendas second hand

Rio ganha lojas que apostam no consumo sustentável com roupas de estoque e de segunda mão, como a Curadoria Store, que movimentam a moda carioca

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Atualizado em 15 mar 2021, 09h38 - Publicado em 17 fev 2021, 17h13

A moda está diferente. Precisou se reinventar. Nada exatamente novo surgiu ainda, mas algumas tendências que estavam começando a se consolidar ganharam força com as transformações econômicas e de comportamento destes últimos meses. Um dos segmentos que mais tem crescido é o de segunda mão e resale, inclusive no Rio, que ganhou várias lojas físicas e online na pandemia.

O cenário não está mudando apenas no Brasil. Segundo dados da ThredUp, estima-se que o mercado resale atinja US$ 64 bilhões nos próximos cinco anos. É um crescimento de 500%. Recentemente, a Gucci entrou no segmento em parceria com o site americano The RealReal assim como a Levi’s, que lançou plataforma própria de venda de peças usadas, e a Selfridges, em Londres, que primeiro criou uma pop up com peças de segunda mão e, diante do resultado positivo, decidiu abrir um espaço permanente de revenda de peças de luxo.

Atenta a este movimento, a consultora carioca Rogéria Félix criou a marca Curadoria Store, que foi inaugurada em dezembro, no Ipanema 2000. Seu plano de negócios começou com o segmento second hand, com looks usados de grifes como A.Brand, Ateen e Eva. “Pensar o consumo de moda por um viés sustentável é nosso principal foco. A ideia é reunir pessoas apaixonadas por moda e que já não veem tanto sentido em comprar itens novos exageradamente, gerando uma produção elevada numa indústria altamente poluente. Faço uma curadoria de peças atemporais. Não é vintage!”, diz Rogéria.

Pode parecer que não, mas ainda há certa resistência de parte dos consumidores em comprar peças usadas, especialmente no Brasil. “Algumas mulheres desistem de comprar quando entendem que as peças são usadas. O conceito do compartilhamento e do second hand ainda é muito novo aqui”, explica a consultora. Por este motivo, quando elaborou seu plano de negócios, Rogéria já previu duas outras fases, ampliando a atuação da Curadorias Store. A primeira foi implementada em fevereiro, quando ela começou a fazer curadoria no estoque de outras marcas de luxo, como Carol Rossato e Luca Beachwear, da Bebel Schimidt, para vender peças novas de coleções passadas. E a segunda fase será em meados do primeiro semestre, com o lançamento de uma coleção própria que companha com as peças à venda na loja. “Por que não compartilhar peças que amamos e usamos tão pouco? Por que não comprar outras peças lindas e atemporais de estoque de outras marcas? E por que não comprar itens novos pontuais apenas para compor o nosso guarda-roupa na medida certa?”, propõe Rogéria.

Além da Curadoria Store, o Rio ganhou também outras lojas do segmento, como a Hug Shop (online), da promoter Isabela Menezes, a Uh, Lalá Lounge (Instagram), da relações-públicas Lalá Guimarães, a Buy My Dress (online), da Carol Esteve, e a Desfaz.com (online), além de ter outras lojas que já existem há algum tempo, como a Personal Brechó, da consultora de imagem Juliana Lenz, e a D’Nuvô.

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A ideia de tornar o second hand desejável foi traduzida como a mais recente novidade nas publicações de moda: a Display Copy. A revista americana, que apresenta ensaios profissionais com peças usadas, chamou tanta atenção que virou matéria do New York Times. Aos desavisados parece uma revista normal, mas observando o “onde comprar” podemos ver e-bay e outros sites e lojas de roupas usadas.

Não é  à toa que estamos vendo um número cada vez maior de novas lojas e sites de venda de roupas usadas. Há mais de uma década, a moda tenta repensar seu sistema em busca de um modelo mais sustentável. A indústria responde por algo entre 8% e 10% das emissões globais de gases-estufa, estando a frente da aviação e do transporte marítimo juntos. É o segundo setor da economia que mais consome água e produz cerca de 20% das águas residuais do mundo, além de liberar 500 mil toneladas de microfibras sintéticas nos oceanos todos os anos.

O panorama no consumo também tem sido preocupante. Nos últimos 15 anos houve um aumento na compra de mais peças de 60%, e cada item é mantido no armário por metade de tempo.

A pandemia fez o consumidor repensar seu próprio guarda-roupa e sua relação com as roupas. Algumas marcas – com a minha mesma – mudaram para atender o desejo de vestir peças mais confortáveis e versáteis. Apostar em peças de melhor qualidade que você vai usar mais vezes e mais tempo.  Outras ainda procuram um norte. Enquanto isso, o segmento second hand disparou para se consolidar como uma opção para quem procura um consumo consciente ou por preços mais em conta. O mais importante é que a moda carioca está resistindo. Apesar da crise, estamos cheios de boas novidades.

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Julia Golldenzon é estilista especializada em festas e noivas. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, ela trabalhou em marcas como Farm e La Estampa e, desde 2013, tem um ateliê no Leblon, que leva seu nome. 

 

 

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