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Por Julia Golldenzon, estilista carioca
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Uma homenagem a Glorinha Pires Rebelo

Estilista, pioneira e apaixonada por moda, foi elogiada até por Lady Di

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Atualizado em 10 abr 2021, 13h54 - Publicado em 8 abr 2021, 10h33

No início dos anos 90, a Princesa Diana conheceu Rosane Collor, a então super jovem primeira-dama do Brasil, em um evento protocolar no Japão. Lady Di se aproximou, puxou assunto ao comentar sobre a pouca idade da brasileira, mas logo revelou o motivo real da conversa. Ela queria saber de onde era a roupa de Rosane, assinada pela estilista Glorinha Pires Rebelo. “Um dia vou visitar o Brasil e vou querer uma roupa dela”, confidenciou a princesa. Ao voltar à Brasília, a primeira-dama encomendou um modelo especial a Glorinha e enviou de presente para Diana pelo Itamaraty.  No ano seguinte, ela visitou o Brasil com o Príncipe Charles.

Essa história está contada na autobiografia da ex-primeira dama, e revela um pouco da excelência e qualidade das roupas criadas por Glorinha. Não é possível contar a história da moda, em especial a de festas, no Rio, sem citar o ateliê de Glorinha Pires Rebelo. A estilista foi durante quase três décadas uma das grandes referências no segmento de casamento e esteve entre os principais nomes da moda brasileira desde os anos 70, quando começou a atuar.

Nos anos 80, se consagrou com a Maison D’Ellas, em Copacabana, onde criava pelerines de veludo, jerseys de lã e looks inteiros monocromáticos – a marca foi responsável por inscrever seu nome entre os grandes da moda brasileira. Pouco antes, no fim dos anos 70, também foi dona da Scipioni, marca de looks prêt-à-porter com qualidade de alta costura em Botafogo. Ao longo da carreira, Glorinha se tornou uma mestra em linhos, sedas e rendas. Com visão empreendedora e muito bem relacionada, ela realizava desfiles em seu próprio apartamento, no Leme. Seu ateliê de noivas foi criado nos anos 90 e tornou-se referência nos casamentos da alta sociedade, especialmente nos mais tradicionais, com vestidos feitos sob medida. Era tão apaixonada por tecidos e pelo trabalho que criou um de seus filhos, Carlos Tufvesson – também um dos grandes nomes da moda brasileira –, em meio a tecidos, costureiras e mesas de corte de seu ateliê.

Em 1994, Glorinha foi parar no jornal The New York Times por ocasião do sucesso de uma exposição em homenagem a Jacqueline Kennedy Onassis, no Palácio da Cidade, no Rio. A mostra, organizada por Hildegard Angel, apresentava 37 reproduções dos looks da ex-primeira dama americana confeccionados pela estilista. Entre eles, o tailleur rosa usado no dia do assassinato de John Kennedy e o vestido de noiva do casamento com Aristoteles Onassis. Nas artes, Glorinha também esteve presente. Ela assinou inúmeros vestidos de noiva para a teledramaturgia. Quem não se lembra de Grazi Massafera em sua estreia como atriz em “Páginas da Vida”? O vestido de noiva de sua personagem, Telma, foi assinado pela estilista.

Escrevo como uma homenagem a Glorinha, que faleceu no dia 31 de março, por tantos anos de intensa dedicação à moda e que tanto contribuiu para que estilistas de noivas que vieram depois – como eu – encontrassem um mercado sólido, profissional e que acredita na moda brasileira. Como designer também especializada em festas, posso dizer que Glorinha foi uma pioneira quando boa parte dos ateliês de alta costura no país eram comandados por homens. Nós não nos conhecíamos pessoalmente – e lamento por isso. Mas fica aqui meu tributo a esta grande mulher da moda brasileira.

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