Quando os clubes cariocas fugiram do Maracanã
Nos próximos dois domingos o Maracanã volta aos seus verdadeiros donos, os quatro grandes clubes do Rio e seus torcedores. Construído para a Copa do Mundo de 1950 e inaugurado às vésperas do torneio, o estádio passou a ser usado pelos clubes uma semana depois da decisão daquele mundial, em um amistoso entre Flamengo e […]
Nos próximos dois domingos o Maracanã volta aos seus verdadeiros donos, os quatro grandes clubes do Rio e seus torcedores.
Construído para a Copa do Mundo de 1950 e inaugurado às vésperas do torneio, o estádio passou a ser usado pelos clubes uma semana depois da decisão daquele mundial, em um amistoso entre Flamengo e Bangu para celebrar a estreia de Zizinho, craque da Copa, no alvirrubro de Moça Bonita.
A partir daquele dia e pelos 60 anos seguintes o Maracanã foi o palco principal do futebol carioca, mas houve momentos, principalmente a partir de meados dos anos 80, em que os quatro grandes tiveram inúmeros motivos, alguns justificáveis e outros não, para fugir ou serem afastados do Maracanã.
Já falamos aqui no blog de momentos em que o Maracanã não esteve disponível para os clubes (veja abaixo). Agora vamos lembrar alguns momentos em que os clubes preferiram fugir do Maracanã a jogar nele.
Clique aqui e reveja o post “Sem Maracanã o carioca não vai ao estádio”
No Brasileiro de 1991, o Fluminense jogou, na 1ª fase do campeonato, oito vezes nas Laranjeiras, uma em São Januário, como visitante, e somente uma no Maracanã, quando perdeu um Fla-Flu, de virada, no último minuto. O caldeirão das Laranjeiras impulsionou o time, que terminou a fase classificatória em 4º lugar, garantindo vaga nas semifinais. Mas o acanhado estádio de Laranjeiras era pequeno para uma semifinal e o Flu recebeu o Bragantino no Maracanã. Segundo jogo no estádio, segunda derrota, esta valendo a eliminação antes mesmo do jogo de volta em Bragança Paulista, pois o Bragantino, como melhor time da 1ª fase, tinha a vantagem de jogar por uma vitória em dois jogos. Teve muito tricolor colocando a culpa do insucesso no Maracanã…
O Flamengo começou o Brasileiro de 1995 cercado de expectativas em função do suposto melhor ataque do mundo, Sávio, Romário e Edmundo. Mas um desentendimento entre o clube e a SUDERJ acerca dos direitos de exploração das placas de publicidade afastou o time de sua casa. Depois de jogar um jogo no Maracanã e um em São Januário, o time jogou cinco vezes seguidas fora do estado, com três derrotas e dois empates. Depois da metade do campeonato clube e SUDERJ acertaram os ponteiros e o time jogou mais duas vezes no Maracanã, mas a campanha no Brasileiro era péssima, enquanto o time ia avançando na Supercopa da Libertadores, com isso os últimos jogos do Brasileiro foram disputados, com time mixto, em São Januário e em Juiz de Fora. Entre tantas idas e vindas, os quatorze jogos que deveriam ter sido jogados no Rio foram jogados nos seguintes locais, com respectivos desempenhos: São Januário, 4 jogos, 4 vitórias; Maracanã, 3 jogos, 2 empates e 1 derrota; Juiz de Fora/MG, 2 empates; ES (Cariacica e Vitória), 2 derrotas; Florianópolis/SC, 1 empate; Fortaleza/CE, 1 derrota; e João Pessoa/PB, 1 empate.
Por causa de São Januário, o Vasco sempre teve muito mais motivos para esnobar o Maracanã que seus rivais, fazendo com que o maior título da história do clube tenha sido conquistado sem um jogo sequer disputado no Maracanã. Na campanha do título da Libertadores de 1998 o clube jogou sete vezes no Rio, com um empate e seis vitórias, incluindo a de 2×0 sobre o Barcelona de Guayaquil no primeiro jogo da final.
Em 2003 o Botafogo disputou a 2ª divisão e conquistou, no campo, o direito de voltar à 1ª divisão no ano seguinte. Um dos elementos da campanha foi o ampliado Caio Martins. Além das arquibancadas de concreto das laterais o Botafogo montou arquibancadas tubulares atrás dos gols, criando um verdadeiro caldeirão, onde venceu dez jogos, empatou cinco e perdeu três. O ponto alto foi a vitória por 3×1 contra o Marília na penúltima rodada do quadrangular final, jogo que garantiu o acesso à 1ª divisão.