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Por Gilberto Ururahy, médico
Especialista em medicina preventiva
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Como anda a saúde do coração do brasileiro?

Exercícios físicos e check up são alguns dos melhores aliados do coração

Por Gilberto Ururahy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 jan 2021, 12h14 - Publicado em 12 jan 2021, 09h12

A MedRio Check Up está comemorando 30 anos de funcionamento. Para marcar efeméride tão importante, criamos uma agenda de “Encontros Científicos com a Prevenção”, que acontecem uma vez por mês, abordando diferentes especialidades médicas. Este mês, convidei os renomados colegas Eduardo Saad e Arnaldo Rabischoffsky para falarem sobre a saúde do coração, dentre outros assuntos. Hoje, divido com vocês o papo com Eduardo Saad. Ainda nesta compartilharei a conversa com Arnaldo Rabischoffsky. Boa leitura! – Gilberto Ururahy

 

O brasileiro ainda cuida pouco e mal do coração. Quem faz o alerta é um dos profissionais mais experientes da área: o cardiologista Eduardo Saad. Doutor em Cardiologia pela UFRGS, coordenador do Serviço de Arritmias e Estimulação Cardíaca dos hospitais Pró-Cardíaco e Samaritano, fellow da Heart Rhythm Society (EUA) e da European Society of Cardiology, Saad destaca que um dos maiores inimigos do coração é o sedentarismo.

Conversamos com Eduardo sobre esse e outros assuntos:

Que assuntos em Cardiologia você acha importante destacar?

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Fibrilação atrial e morte súbita cardíaca. Fibrilação atrial é muito importante porque ela é a arritmia cardíaca mais comum na população. A probabilidade de ocorrência aumenta com a idade e é uma das maiores causas de AVC. Quando a pessoa tem essa arritmia – e ela acontece espontaneamente – há redução do fluxo de sangue no coração, que pode levar à formação de coágulos e, consequentemente, possíveis embolias.

Quais são os sintomas da fibrilação atrial?

O sintoma mais especifico é a taquicardia, conhecida popularmente como “coração disparado”, e a irregularidade dos batimentos. Usualmente não há sensação de dor. Tem outros sintomas que não se relacionam especificamente ao coração, como respiração mais dificultosa e sensação de cansaço. É por isso que os exames oferecem ótimas oportunidades de prevenção, porque um terço das vezes a doença é assintomática. Hoje esta estabelecido que é importante fazer uma busca ativa preventiva. Muitas pessoas descobrem que tem fibrilação só depois que já tiveram o AVC.

Com que frequência e a partir de que idade os exames devem ser feitos?

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Exames para detectar a fibrilação devem ser feitos a partir dos 60, 65 anos, idade em que o risco começa a aumentar e a ocorrência dispara. Até 10% das pessoas com mais de 80 anos tem fibrilação, condição responsável por 25% dos AVCs entre pessoas desta faixa etária.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é relativamente simples, porque pode ser feito por um eletrocardiograma. Mas é importante ressaltar que o eletro é uma “fotografia”, o retrato de um momento especifico. Métodos de monitorização mais prolongada conseguem flagrar mais essa arritmia. Hoje um dos mais eficientes aliados no diagnostico da fibrilação atrial é o Appe Watch, porque ele acompanha, por um período mais longo, se os batimentos cardíacos ficam mais rápidos e irregulares.

Qual o risco de uma pessoa ter fibrilação atrial?

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O principal fator de risco é a idade. Outros fatores são modificáveis porque tem a ver com estilo de vida, como obesidade, diabetes, doenças da tireoide, apneia do sono. Por isso o check up é fundamental, ele detecta os fatores que sabemos que aumenta o risco. Os exames preventivos são uma oportunidade de detecção precoce e prevenção futura.

Quais as formas de tratamento da doença?

O tratamento pode ser desde o uso de medicamentos, como anticoagulantes, até medidas mais definitivas, como o procedimento de ablação por cateter, em que se localiza e cauteriza os locais responsáveis pelo distúrbio elétrico no coração. A fibrilação também esta ligada ao desenvolvimento de demências, como Alzheimer. O tratamento da fibrilação diminui as chances do paciente desenvolver estas doenças degenerativas.

E a morte súbita cardíaca?

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Várias doenças do coração aumentam consideravelmente a chance de morte súbita: o entupimento das artérias – o infarto, por exemplo, é uma das causas de morte súbita – mas também outras doenças, relacionadas ao músculo do coração, como a Miocardiopatia Dilatada, em que o coração cresce de tamanho e impede o bombeamento correto do sangue. Outros exemplos são a Miocardiopatia Hipertrófica, a Displasia Arritmogênica do Ventrículo Direito e a Doença de Chagas, entre várias outras possibilidades. Essas doenças do músculo cardíaco também afetam pessoas até mais jovens, que falecem subitamente. Os leigos costumam dizer que a pessoa “enfartou”, mas não é bem isso, é que a pessoa tem outra doença do coração que leva à instabilidade elétrica nos ventrículos (a chamada fibrilação ventricular ou parada cardíaca).

Quais exames apontam essas condições no paciente?

O eletrocardiograma e exames de imagem do coração detectam esse tipo de situação. O check up anual é a oportunidade de fazer a pessoa perder peso, parar de fumar, controlar as comorbidades, fatores de risco e detectar precocemente outras patologias que podem estar associadas ao risco de morte súbita e tomar as medidas cabíveis para a prevenção – que podem ser desde alterações no estilo de vida até medicamentos e dispositivos como o desfibrilador implantável.

O brasileiro cuida mal do coração?

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Acho que, no geral, cuida mal sim, levando em conta todas as faixas sociais. Nossos índices de tabagismo, diabetes e inatividade física são altos e de controle de peso e realização de check ups são muito baixos.

Para encerrar: quem é o maior inimigo do coração?

Acho que é o sedentarismo. Os benefícios da atividade física regular são absurdamente grandes.

 

 

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