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Por Gilberto Ururahy, médico
Especialista em medicina preventiva
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Irritabilidades, agressões: violência

Pandemia aumentou a irritação e agressividade na sociedade brasileira

Por Ricardo Braga
Atualizado em 30 out 2020, 14h48 - Publicado em 30 out 2020, 13h31

Recebi o texto abaixo do meu amigo Ricardo Braga, psiquiatra e psicoterapeuta, a quem pedi licença para compartilhar com os leitores desta coluna. – Gilberto Ururahy

IRRITABILIDADES, AGRESSÕES: VIOLÊNCIA

Por Ricardo Braga

“Outro dia levei uma fechada no sinal e xinguei a mãe do motorista. Ao perceber que ele ficou furioso e ia reagir, senti medo e avancei o sinal.”

“Quando o entregador da farmácia chegou, sem máscara, eu bati a porta na cara dele, disse que ia dar queixa no Procon por ele expor os outros a riscos…”

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“Minha filha brigou mais uma vez com o namorado. Encontrei-a toda arranhada no braço por um estilete. Disse que sempre faz isso quando fica nervosa.”

“ Ando irritado, sem tolerância. Isto não está correto, mas não consigo mudar.”

Tenho ouvido, com frequência, relatos como esses. São queixas de pacientes que se deparam com um aumento da irritabilidade e perda da paciência. Trabalhar em casa não é tão simples quanto parece. Voltar ao trabalho amedronta… O quadro de estresse pós-traumático e o novo desafio de voltar à normalidade estão deixando todos muito loucos.

O que está acontecendo? Ficamos selvagens? Oscilação de humor, impulsividade… Vivemos uma pandemia da violência?

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Prefiro descrever um espectro que vai da raiva (reação emocional), passa por ira, ofensa, furor, e chega à violência física, variando em intensidade e duração. A situação atual está levando as pessoas mais sensíveis a percorrer este caminho.

Podemos classificar as violências quanto as causas:

Reflexo de defesa:
Expostos a dor ou perigo, reagimos fugindo ou lutando (em legítima defesa), em uma reação reflexa. Não considero esta ação uma violência intencional, ainda que violenta.

Interação violenta:

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A resposta do ofendido ao agressor pode ser uma reação também agressiva, simétrica no relacionamento que culmine em episódio de agressão doméstica ou social. Podemos chamar de interação agressiva ou violenta. Precisamos ficar atentos para não acontecer uma escalada da agressividade até a violência propriamente dita, a física.

Se voltarmos ao primeiro relato, vemos que a resposta do motorista ofendido poderia ter causado uma reação agressiva, simétrica na interação e culminar em episódio de violência social.

Resposta afetiva ou volitiva:

A violência pode ser ainda uma resposta, afetiva ou volitiva (causada pela vontade, pelo arbítrio). Reagir ou decider agir, atuar sem pensar nas consequências ou premeditadamente, são questões a considerar.

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Nessas esferas de condutas – a afetiva e a volitiva – a violência pode resultar:

De um afeto: a raiva impulsionando um desejo de vingança. São atos violentos com motivações simples – emocional, sentimental. Atos do cotidiano podem nos levar a uma reação de irritabilidade , baixa tolerância à frustração. Podem ocorrer atos por impulso, sem pensar. A maior parte dessas agressões e violências começa com pequenas alterações de humor no dia a dia, geradas por estilo de vida marcado por pressa, ansiedade, estresse, excesso de adrenalina, e pela dificuldade de adaptação a novas situações. Se juntarmos a isso o uso excessivo de álcool, drogas e de medicamentos (substâncias que produzem euforia e agressividade quando misturados), falta de dinheiro, confinamento social, muita gente em casa… a violência doméstica se potencializa (mesmo que você conviva com um monge!).

De uma vontade ou escolha racional:

Essa violência ocorre quando se comete um ato a partir do juízo de valores, quando se escolhe agredir racionalmente, por uma causa. Atos de violência terrorista, atos criminosos são cometidos por motivações duvidosas, egoístas ou por extrema necessidade material. Mesmo sendo vistos pelo agente como necessária ou justa, a atitude violenta não serve de exemplo moral, é sempre condenável.

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Podemos ainda classificar a violência quanto ao objeto: Sobre um desconhecido – violência social.
Sobre um próximo – violência doméstica.
sobre si mesmo – auto agressão ou suicídio. A violência se dá contra estranhos, contra nossos próximos e familiares e contra nós mesmos em momentos de crise.

Por último, dividimos a violência quanto aos resultados ou sequelas:
Qualquer tipo de agressão ou violência pode deixar sequelas, embora muitas dependam da reação da vítima.
A violência que ocorre com motivação emocional, afetiva pode ser evitada facilmente.

Pense antes de agir. Mude o estilo de vida. Precisamos ficar atentos para frear possíveis escaladas de agressividade. Melhor sempre buscar a razão do próximo. Lembre -se: a violência pode se voltar contra você.

Ricardo Braga, psiquiatra
 especializado em Psicoterapia individual e familiar.

 

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