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Olimpo

Tomada pelo espírito olímpico, resolvi encarar uma humilde maratona no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas. Qualquer queniana daria dez voltas na corredora aqui, mas não ligo – não nasci para competir. Quando encostam no meu cangote, diminuo o ritmo e deixo passar. A água translúcida levantava a suspeita de que o boato de que […]

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 17h24 - Publicado em 20 ago 2016, 01h00

Isabelle Barreto

Tomada pelo espírito olímpico, resolvi encarar uma humilde maratona no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas. Qualquer queniana daria dez voltas na corredora aqui, mas não ligo – não nasci para competir. Quando encostam no meu cangote, diminuo o ritmo e deixo passar.

A água translúcida levantava a suspeita de que o boato de que jogaram nitrato de prata para decantar a lama talvez fosse verdadeiro. Era nitrato ou o bate-tambor da Fundação Cacique Cobra Coral garantindo as correntes limpas deste agosto digno de um maio outonal.

No dia da inesquecível cerimônia de abertura, eu me encaminhava para o portão C do Maracanã quando um senhor abordou a família para tirar uma selfie com minha mãe. Foto tirada, ele se identificou como membro da FCCC, empenhada em espantar a chuva e os maus fluidos dos Jogos.

Naquele sábado resplandecente, eu corria pensando na devoção que tenho pelas curvas da cidade e na maravilha que seria poder praticar meu trote sem o risco de ser assassinada, quando alcancei o estádio de remo do Flamengo, fechado para a realização das provas.

E dá-lhe Thor, e dá-lhe Namor, e dá-lhe Aquaman e príncipes submarinos à espera do ônibus que levaria os remadores de volta para a Vila Olímpica. Que colírio, meu Deus, que colírio! Nem senti os 7 quilômetros e meio passarem.

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A gente só entende o abismo que separa a nós, mortais, dos semideuses do esporte quando se está a um palmo deles. Era o Olimpo, a Grécia. Apolo, Ares e Afrodite.

O vôlei, o atletismo, a natação e o remo são exemplos extremos de perfeição. Mas nem todas as modalidades alcançam, ou almejam, tamanha beldade.

A ginástica artística impressiona, mas beneficia os mais atarracados. O quadril dos homens tem um terço do tamanho do tórax, e a baixa estatura contribui para o equilíbrio. O lançamento de disco, de martelo e de peso pede um perfil pançudo, que ajuda no contrapeso para zunir os objetos no espaço. Mas o hors-concours da deformidade física é o meu amado levantamento de peso.

Fernando Reis, nosso representante de 26 anos, lutou com a balança para atingir 140 quilos em Londres e está orgulhoso de ter chegado a 154 quilos, graças a uma dieta à base de carne, para enfrentar os adversários no Rio de Janeiro.

Sou fã do levantamento de peso, das barrigas protuberantes, socadas num cinto de couro para salvar a lombar, contidas em colantes de perna curta, risíveis, dignos do Telecatch. Nas finais de 85 quilos, o romeno Gabriel Sincraian parecia uma lata de Nescau inflada.

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Que estranha anomalia é ter prazer de sustentar um Fusca nas costas.

Vindos de países pesos-pesado, como a Coreia do Norte, o Cazaquistão, o Uzbequistão e a Ucrânia, eles sofrem por dentro. Vik Muniz jura ter ouvido um traque na arena.

Meu voto vai para o iraniano Kianoush Rostami. Dono de um rosto que lembra o do gênio da lâmpada de Aladim, Rostami só largava o peso depois de sorrir de siso a siso. Isso é que é finale!

Eu quase desmaiei com os Thors da Lagoa, mas minha devoção olímpica se compadece das hostes de Vulcano vindas das profundezas do Hades.

Ouro para os brutos do halterofilismo.

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