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Blog da atriz Fernanda Torres
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Madureira

Quando eu era criança, costumava acompanhar os meus pais nas turnês pela periferia do Rio. Havia um calendário habitual das companhias de teatro, que começava na Zona Sul e no Centro, estendia-se pelas temporadas a preços populares nos teatros públicos, como o João Caetano, e terminava com um giro pelo subúrbio e por municípios do […]

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 17h36 - Publicado em 14 mar 2016, 16h15

fernanda torres

Quando eu era criança, costumava acompanhar os meus pais nas turnês pela periferia do Rio. Havia um calendário habitual das companhias de teatro, que começava na Zona Sul e no Centro, estendia-se pelas temporadas a preços populares nos teatros públicos, como o João Caetano, e terminava com um giro pelo subúrbio e por municípios do Grande Rio, antes de seguir para as principais capitais do país.

Campo Grande, Marechal Hermes e Santa Cruz eram nomes corriqueiros da minha infância.

Quando me tornei adulta, e atriz, esse circuito do entorno do Rio já estava desativado. Demorou um bom tempo para que o Imperator, no Méier, sofresse uma bem elaborada reforma, até que os Sescs Tijuca e Madureira dessem o ar da graça e as lonas da prefeitura viessem recuperar a antiga tradição. Mas as lonas, apesar da iniciativa louvável, serviam melhor para shows de música, deixando a desejar no quesito acústica, algo caro para o ator.

Neste mês, levarei A Casa dos Budas Ditosos até as arenas cariocas da Pavuna e Chacrinha; participei da reinauguração do Teatro Ziembinski, fundado por Walmor Chagas, na Tijuca, e me apresentei na Arena Carioca do Parque de Madureira, que leva o nome do meu pai.

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Demorei até conhecer o lugar, pois estava na labuta na época de sua inauguração. Minha mãe já havia me dito a joia de teatro que ele é; mesmo assim, a Arena Fernando Torres foi uma gratíssima surpresa.

O nome Arena me fez acreditar que eu pisaria num palco improvisado, parente das lonas, mas não. A sala para 500 espectadores, que pode ser aberta para o parque, no caso de eventos de grande porte, é um dos mais bem dimensionados teatros do Rio de Janeiro.

Poucos arquitetos dominam essa arte.

Eu me lembro do Sergio Britto falando de uma visita ao Centro Cultural Banco do Brasil ainda em obras, onde deu com pernas fixas, de concreto, erguidas na lateral do palco. Sergio sugeriu que demolissem a alvenaria, explicando que o uso de tecido permitia a livre utilização do espaço. O CCBB, benza Deus, deu ouvidos ao ator.

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A Arena Fernando Torres tem uma acústica impecável, é muito bem refrigerada, e nela a plateia guarda uma proporção perfeita para o tamanho do palco, que conta com urdimento, fosso e coxia ampla. Não há luxo, mas também não há miséria.

Sempre achei cafonas os teatros cobertos de veludo, com ar de portaria de hotel cinco-estrelas. A Arena Carioca de Madureira tem aquela praticidade alemã, e é capaz de receber com dignidade tanto o cantor de ópera quanto o mestre do passinho. Lembra uma versão menor do Circo Voador, o palco mais quente do Rio, que, mesmo lotado, deixa o artista no colo do público. Ela está situada dentro de uma reforma urbanística que foi acolhida por Madureira. Sim, porque é preciso que a comunidade se aposse do bem público, e isso aconteceu ali.

Meu filho, skatista, já conhecia a área, mas eu não. Saí do teatro às 11 da noite e vi crianças, famílias, jovens e velhos usufruindo as quadras e os jardins,
numa prova de que é impossível separar cultura de segurança, educação, urbanismo, saúde, acessibilidade, saneamento, lazer e cidadania.

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