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Não há nada mais delicado numa entrevista do que as aspas destacadas nas chamadas de capa ou no próprio corpo da matéria. Eu agradeço a VEJA RIO o espaço que me foi concedido para o lançamento do programa Minha Estupidez e não desejo parecer ingrata. Confesso, no entanto, que, quando li a frase escolhida em […]

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 17h16 - Publicado em 10 dez 2016, 00h00

ISABELLE BARRETO

Não há nada mais delicado numa entrevista do que as aspas destacadas nas chamadas de capa ou no próprio corpo da matéria.

Eu agradeço a VEJA RIO o espaço que me foi concedido para o lançamento do programa Minha Estupidez e não desejo parecer ingrata. Confesso, no entanto, que, quando li a frase escolhida em negrito para título da entrevista a respeito da estreia, não me recordei de ter dito que “não se aprende nada na escola”. Antevi uma reação violenta dos leitores, confirmada na seção de cartas.

Gostaria de esclarecer que penso justamente o contrário.

Fui uma aluna aplicada e a escola teve uma influência enorme na minha formação. Foi ali que tomei contato com Machado de Assis e Erico Verissimo e recebi as primeiras noções de química e biologia. Foi em sala de aula que compreendi que um império sucede o outro, absorvendo e transformando a cultura dos povos conquistados; foi por causa de um professor de história, do fim do ensino fundamental, que assisti à extraordinária cena de Marlon Brando em Queimada, explicando que o fim da escravidão traria vantagens econômicas aos donos da terra.

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Acredito que a origem desse mal-entendido esteja em uma resposta dada a uma pergunta sobre assuntos que desconheço e gostaria de abordar no programa. Nesse ponto, lamentei o fato de a pré-história do Brasil não constar do currículo do MEC. E tanto acho a escola importante que digo que gostaria de ter aprendido a respeito nos meus tempos de estudante.

Minha resposta, na íntegra, foi a seguinte:

Por causa da entrevista com a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, li História dos Índios no Brasil, de sua autoria. O livro é uma compilação de estudos sobre a cultura ameríndia no nosso território e traz, logo no início, um tratado sobre a pré-história no Brasil, da Niéde Guidon. Eu fiquei chocada com o meu desconhecimento desse período. Nós não sabemos nada a respeito da tradição Nordeste e da Agreste, que a sucedeu, assim como ignoramos o período florescente dos cacicados que dominaram a Amazônia antes da chegada de Cabral. Nesse livro, também entendi os diversos troncos linguísticos dos povos ameríndios. Gostaria de entrevistar a Niéde. Fiquei abismada de não ter aprendido isso na escola. O museu da Serra da Capivara está fechado, algo pelo qual ela deu a vida para criar e manter. Acho que, se tivéssemos conhecimento sobre o tesouro que está lá, cuidaríamos melhor da sua preservação.

A escola nos tira do narcisismo da infância e nos põe em contato com a sociedade, a história, a língua, a ciência, a diferença, o outro. Muitas das mazelas que enfrentamos se devem ao baixíssimo nível de ensino do país e à desvalorização da figura do professor. A educação é a única saída. Por isso, não me reconheço na afirmação de que não se aprende nada na escola e achei por bem reiterar, aqui, meu respeito pelas instituições de ensino.

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