A repetição talvez seja o grande segredo de um hit radiofônico. Se você é ouvinte de rádio, já percebeu que toda canção quando executada cinco – ou mais – vezes por dia no dial gruda na nossa cabeça feito chiclete. E isso vale para todo tipo de música, das mais popularescas às escritas por Chico Buarque – pra mim, o maior letrista de língua portuguesa do mundo.
Quase todos os grandes nomes da nossa música concordam com a máxima “o novo sempre vem” mas ainda há pessoas que gostam – por ignorância ou má fé – de desqualificar os artistas desta nova geração da música popular brasileira.
Aqui, abro um parênteses para dizer que as “pessoas” as quais me refiro acima são, em sua maioria, “jornalistas especializados” e o público conservador.
Trabalhando com a nova produção musical contemporânea há mais de uma década, ouso dizer que estamos vivendo o melhor período da MPB porque além do talento inquestionável desta nova safra, ela está amparada por um aparato tecnológico que os veteranos jamais sonharam, quando mais jovens, em ter acesso.
Infelizmente o rádio, este veículo tradicional e popular no Brasil, ainda não entendeu que é preciso conciliar em sua programação estas duas vertentes da música. Raras são as emissoras que equilibram em sua grade músicas de artistas novos e de veteranos. Mais do que abrir a cabeça pro novo, é preciso abrir os ouvidos e entender que assim como jamais existirá um novo Chico Buarque também não existirão novos Emicida, Marcelo Camelo, Criolo, Tulipa Ruiz, Rodrigo Amarante, Zé Manoel, Ava Rocha – só pra citar alguns.
Por isso, esta coluna é mezzo convite, mezzo provocação. Convido a todos que ainda compartilham da obsoleta opinião, “não se faz mais música como antigamente”, a assistirem aos shows que rolarão, no Rio, ainda esta semana:
>> QUARTA, o músico paulistano Tim Bernardes, vocalista e principal compositor da ótima banda O Terno (que, veja bem, já foi até comparada aos Mutantes) apresenta seu trabalho solo, “Recomeçar”, no Theatro Net Rio, às 21h. O disco de Tim é uma pérola.
>> SEXTA o músico pernambucano Johnny Hooker leva pra Fundição Progresso um show repleto de canções que fazem parte do desbunde da folia momesca. Ele contará com as participações de Gaby Amarantos, Letícia Novaes e Caio Prado – todos nomes desta novíssima geração da nossa música.
>> ainda na SEXTA, o cantor, compositor, empresário e sócio da Laboratório Fantasma (uma espécie de coletivo artístico que promove música e moda de um jeito ainda pouco usual: com representatividade), Fióti leva seu show ao Circo Voador. A noite contará ainda com a apresentação da cantora Vanessa da Mata que no palco receberá Emicida e as minas do Rimas & Melodias.
>> DOMINGO é a vez do carioca Qinho (foto abaixo) revisitar os sucessos de Marina Lima na varanda da Casa de Cultura Laura Alvim, a partir das 17h.
Como vocês podem ver, é só uma questão de atenção (é preciso estar atento e forte, já disse Caetano) porque querendo ou não, o novo sempre vem (salve, Belchior e Elis!).
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#ficaadica: os ingressos para a 6a edição do FESTIVAL FARO que acontecerá dia 9 de março já estão à venda no site e na bilheteria do Circo Voador. Uma ótima oportunidade para conhecer uma parcela importante do presente musical brasileiro.