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Dona Ivone Lara: seu legado é ouro.

Que mulher extraordinária!

Por Fabiane Pereira
18 abr 2018, 21h35

A única certeza do ser humano é a de que não viveremos pra sempre. Mas nós, os ocidentais, temos dificuldades em lidar com a finitude das coisas, dos corpos. Ontem, após 97 anos, a Dama do Samba foi (en)cantar em outro plano e apesar de ter vivido, saudavelmente, quase um século é difícil se despedir de Dona Ivone Lara.

Dona Ivone nasceu em 1921. Ela e minha avó. Ambas perderam os pais cedo e tiveram que “se virar” desde muito novas numa época que, no Brasil, a expressão ‘empoderamento feminino’ sequer existia. Como feminista contemporânea, respeito muito as mulheres que vieram antes de mim e conquistaram (só Deus sabe como) seus espaços num ambiente extremamente machista. Se tá difícil pra nós, em 2018, imagina pra elas?

 

Negra, Dona Ivone formou-se em enfermagem, especializou-se em assistência social e contribuiu de forma fundamental com a revolucionária psiquiatra Nise da Silveira. Foi pioneira no uso da música para o tratamento de transtornos mentais e, junto de Nise, foi responsável pela implementação de um tratamento humano para internos de instituições psiquiátricas. Confesso que só tomei conhecimento desta informação hoje ao ler as inúmeras e merecidas matérias / homenagens / textos obituários. Que mulher extraordinária!

Num país com alto índice de feminicídio, uma mulher negra conquistar o que Dona Ivone Lara conquistou é legado eterno. A baluarte abriu caminho, sem alarde, para nomes como Leci Brandão, Jovelina Pérola Negra, Alcione e tantas outras. Para muito além do samba, suas composições foram gravadas por grandes ícones da nossa música como Bethânia, Gal, Gil e Caetano pra citar só o “quarteto fantástico”.

Que saibamos honrar as ideias e as conquistas emancipatórias de Dona Ivone. Como muito bem escreveu a jornalista Flávia Oliveira: “Dona Ivone, nós somos porque você foi”.

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Ao contrário do que li por aí, Dona Ivone, apesar de todos os méritos, não foi a primeira mulher a compor um samba-enredo. Até onde os registros indicam, a primazia é de Carmelita Brasil, autora dos enredos da Unidos da Ponte entre 1959 e 1964. “Cinco bailes”, parceria de Dona Ivone com Silas de Oliveira e Antônio Bacalhau, é de 1965.

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O #ficaadica da semana: na próxima segunda, dia 23 de abril, comemora-se o Dia do Choro e a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, em parceria com o Instituto Casa do Choro, vai promover uma programação especial que inclui travessia na barca Praça XV-Paquetá, um passeio de VLT e uma série de atrações gratuitas em tradicionais redutos do gênero na cidade. Além de Pixinguinha, cujo dia de nascimento inspirou a data comemorativa, a programação de 2018 vai homenagear também o centenário de Jacob do Bandolim e Dino Sete Cordas. Mais informações, aqui.

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