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Psiquiatra infantil
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Internet e pandemia: como tirar os filhos da frente das telas?

Pais liberaram o uso de internet e games no isolamento social e agora têm dificuldade de recuar

Por Fabio Barbirato
Atualizado em 9 fev 2021, 20h21 - Publicado em 9 fev 2021, 14h00

A tão sonhada vacina contra a Covid-19 se confirma a cada dia como uma realidade. Novas doses estão a caminho do Brasil e os insumos para a fabricação no país já chegaram. A verdade é que desde que a doença surgiu, aprendemos pouco a pouco a lidar com ela: entendê-la, tratá-la e evitá-la. Aos poucos, conseguimos vislumbrar uma possível normalidade.

Mas a pandemia, embora tenha durado apenas um ano até aqui – o que em termos históricos é pouquíssimo – foi capaz de modificar rapidamente hábitos de vida e consumo, que não se reverterão com a dose de uma vacina. Refiro-me, especificamente, ao uso da internet pelos jovens. Com a imposição do distanciamento social e a consequente reclusão em casa, os pais se viram impelidos a liberar mais horas de internet aos filhos – não apenas como forma de entretê-los, mas também para liberar os pais para o home office.

Jogos como Fortnite e Brawl Stars, que permitem jogar juntos com os amigos em rede, foram valiosa companhia nos meses mais graves de distanciamento. Para os jovens, funciona como um grupo de WhatsApp. O resultado é uma verdadeira rotina diária de horas jogando games e navegando na internet, a ponto de ser uma queixa recorrente dos pais em consultório.

Pesquisa realizada em 2019, pela Universidade Federal do Espírito Santo, com 2 mil adolescentes entre 15 e 19 anos, apontou que 25,3% são dependentes moderados ou graves de internet. A extensão do dano é ainda maior: 34% deles afirmam sofrer de ansiedade. A situação fica ainda mais grave se considerarmos que estes números refletem uma realidade anterior à pandemia.

E por que é tão difícil desligar dos jogos eletrônicos? É que eles ativam o sistema de recompensa no cérebro, circuito que processa a informação relacionada à sensação de prazer ou de satisfação. É a mesma região cerebral acionada pelo consumo de chocolate ou uso de drogas, por exemplo.

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Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a recomendação é que de zero a dois anos a criança não tenha qualquer exposição a telas. Entre dois e cinco anos, no máximo 1 hora diante de tela. De seis a 10 anos, entre 1 e 2 horas ao dia. E dos 11 aos 18 anos, exposição máxima de 3 horas por dia diante de telas, incluindo videogame, e mesmo assim, equilibrando com a prática de atividade física.

Mas e agora, que as escolas e as atividades estão sendo retomadas aos poucos e em segurança, como voltar aos padrões saudáveis de uso de internet? A indicação que dou aos pais é que conversem e ponderem com os filhos novamente. Relembre o quanto ele sentiu falta de sair de casa no ano passado. Agora que ele pode começar a esboçar uma nova rotina, por que ficar em casa no computador? Que as horas passadas ao celular ou no computador sejam divididas com atividades que estávamos privados por meses, mas que já podemos retomar em segurança, como ir à pracinha, à escola, praticar um esporte ao ar livre ou viajar para destinos que respeitem o distanciamento social.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM  e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

 

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