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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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Covid-19 :Tudo o que você precisa saber sobre os testes diagnósticos

Em entrevista a Fabiano M. Serfaty, o patologista Helio Magarinos, do Richet, explica quando fazer os exames, como funcionam e como devem ser interpretados

Por Fabiano Serfaty
Atualizado em 25 jun 2020, 15h29 - Publicado em 25 jun 2020, 13h31

A pandemia do novo coronavírus tem causado uma grande corrida no meio científico em buscas de respostas para entendermos melhor esta nova doença. Além da busca por medicamentos que possam ser eficazes no combate ao vírus, também temos muitas questões referentes aos testes diagnósticos. Abaixo listamos algumas das principais dúvidas quanto aos testes de diagnóstico laboratorial.

 

Quais os testes disponíveis para o diagnóstico da covid-19?

Existem basicamente 2 tipos de teste, a pesquisa do vírus, através do exame RT-PCR, que deve ser feito em pacientes sintomáticos, entre o 3º e o 7º dia após o início dos sintomas. O outro teste é a pesquisa de anticorpos, realizada no sangue, que mede a resposta de quem teve contato com o vírus ou desenvolveu a doença. O teste pode ser realizado após o 7º dia do início dos sintomas, mas tem maior sensibilidade após o 14º ou até o 21º dia. O teste que faz o diagnóstico da doença na fase aguda é o RT-PCR. A pesquisa de anticorpos só tem utilidade para saber quem já teve a doença ou desenvolveu anticorpos mesmo sem ter tido sintomas.

 

Quem não teve sintomas pode fazer o teste?

Sim, pode. Entretanto, vale à pena ressaltar que a sensibilidade é bem menor do quem em quem faz o exame com sintomas, cerca de 50% menor, estando, portanto, sujeito a resultados falso-negativos. Em situações especiais, como em casos de contato frequente com pessoa sabidamente infectada ou para a preservação de grupos de risco (idosos, pessoas com doenças crônicas ou outras doenças que possam comprometer o sistema imunológico), vale à pena fazer o exame em quem se encontra em contato, para diminuir o risco de contaminação.

 

É importante fazer o exame de anticorpos ?

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A pesquisa de anticorpos vai ter utilidade naqueles casos em que não foi possível fazer o RT-PCR durante a fase aguda, pois pode servir como complemento diagnóstico; ou para saber se quem teve a doença, ou um resultado de RT-PCR positivo, desenvolveu imunidade contra o vírus.

 

Quem tem o teste de anticorpos está imune à doença ?

Tudo indica que sim; entretanto, ainda não sabemos por quanto tempo os anticorpos continuam ativos. Portanto, ainda é recomendável a permanência dos cuidados de proteção individual.

 

Por quanto tempo o teste de RT-PCR pode permanecer positivo?

Na maioria dos casos, o RT-PCR negativa após a segunda semana após o início dos sintomas; entretanto, em alguns casos o teste pode permanecer positivo por um período mais prolongado. Isso significa que a pessoa continua infectante? Estudos demonstram que, na grande maioria dos casos, após o 8º – 10º dia, as pessoas que continuam a ter resultados de RT-PCR positivos e sem sintomas há mais de 3 dias, não são mais infectantes; entretanto, novos estudos ainda são necessários para obtermos uma resposta mais concreta.

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Porque algumas pessoas demoram mais ou não formam anticorpos ?

Existem várias teorias e estudos sobre esse assunto. Sabemos hoje que cerca de 30% a 40% dos pacientes que desenvolvem sintomas leves, ou que têm um resultado de RT-PCR positivo, mas não desenvolvem sintomas, podem não formar anticorpos. Isso está ligado à resposta imunológica individual.

 

A ausência de anticorpos em quem teve a doença significa risco de nova infecção?

Ainda não sabemos ao certo, pois existem outros mecanismos de defesa, chamado de imunidade celular, que podem também combater o vírus, mesmo na ausência de anticorpos. Como ainda não temos uma resposta definitiva, é recomendado a manutenção dos cuidados de proteção individual.

 

Abaixo, segue quadro interpretativo dos resultados de exames laboratoriais para covid-19

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RT-PCR

Anticorpos IgM ou IgA

Anticorpos IgG

Inerpretação

Obs

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Não detectado

Não reagente

Não reagente

Ausência de covid-19

1

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DETECTADO

Não reagente

Não reagente

Infecção por covid-19 fase inicial

2

DETECTADO

REAGENTE

Não reagente

Infecção por covid-19 fase inicial e mediana

3

DETECTADO

REAGENTE

REAGENTE

Infecção por covid-19 fase mediana e tardia

4

Não detectado

Não reagente

REAGENTE

Infecção por covid-19, fase tardia ou convalescença

5

Não detectado

REAGENTE

Não reagente

Infecção por covid-19 fase inicial ou mediana

6

Não detectado

REAGENTE

REAGENTE

Infecção por covid-19 fase mediana ou tardia

7

 

 

obs

1

Dependendo do período em que as amostras foram coletadas ou de outros dados clínjcos, poderá ser repetido a critério médico

2

Pode acontecer em fases mais tardias da doença, dependendo de outros dados clínicos. Nestes casos é recomendado a repetição em período > 7 dias

3

Recomendado a repetição dos testes em período  7 dias para verificar aparecimento de anticorpos IgG

4

Os anticorpos IgM podem permanecer positivos por perído mais prolongado em alguns casos. A presença de anticorpos IgG é mais importante nestes casos

5

Se não tiver tido resultado de PCR positivo ou sintomatologia característica, nem histórico de exposição de risco, a hipótese de falsa reatividade deve ser aventada

6

Recomendado a repetição dos testes em período superior a 7 dias para verificar aparecimento de anticorpos IgG. Se não houver positividade para IgG a hipótese de falsa reatividade deve ser aventada

7

Provável infecção fase mediana ou tardia. Se não houver correlação clínica sugestiva com covid-19, a possibilidade de reatividade cruzada deverá ser aventada

 

Médico Patologista Clínico, MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC, Membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica (SBPC), American Association for Clinical Chemistry (AACC), American Society for Microbiology (ASM), American Molecular Pathology (AMP) e European Society for Microbiology and Infectious Diseases (ESCMID), Diretor Médico do Laboratório Richet, RJ. (Acervo pessoal/Divulgação)
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